Com volta da chuva e melhora nos reservatórios, governo reduz geração de energia por térmicas | Crise da água


Com a volta das chuvas e a melhora no nível dos reservatórios das hidrelétricas, o governo decidiu reduzir o acionamento de usinas termelétricas em dezembro.

Essa medida deve levar à queda do custo médio de geração de energia no país. Entretanto, não deve se refletir, de imediato, em barateamento das contas de luz para os consumidores (leia mais abaixo).

A decisão foi tomada na quarta-feira (1º) pelo Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), que decidiu limitar a geração térmica total em dezembro a 15 mil megawatts (MW) médios, incluindo eventual importação de energia do Uruguai e Argentina.

Até então, não havia limite e o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) podia acionar a quantidade necessária para garantir o fornecimento de energia ao país.

Em agosto e setembro, por exemplo, o país gerou 19 mil MW médios de energia térmica, valores recordes para a série histórica, de acordo com o ONS.

Assista abaixo à reportagem de 18 de novembro sobre como a volta das chuvas tem ajudado na recuperação dos reservatórios.

Chuvas ajudam a reabastecer reservatórios pelo Brasil

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A energia gerada por usinas termelétricas, além de mais poluente, é mais cara que a hidrelétrica. Por isso, o maior uso das térmicas acaba se refletindo em aumento de tarifa para os consumidores.

Durante esta crise hídrica, o governo acionou mais térmicas para poupar água dos reservatórios das hidrelétricas – as represas das usinas instaladas no Sudeste e Centro-Oeste chegaram a registrar armazenamento médio de 16,7% em outubro, antes do início do período de chuvas.

O objetivo da medida, diz o CMSE em nota, é reduzir o custo total de geração de energia.

“A medida privilegia o uso dos recursos mais baratos, conforme necessidade, concomitantemente à esperada recuperação do armazenamento dos principais reservatórios do país ao longo da estação chuvosa em curso”, diz o comitê.

Apesar da esperada redução no custo total, a medida não deve trazer reflexos imediatos para o consumidor, já que há déficit acumulado de R$ 9,87 bilhões até setembro na arrecadação das bandeiras tarifárias, cobrança aplicada à conta de luz quando aumenta o custo de produção de energia.

A bandeira “escassez hídrica”, criada para tentar cobrir esse custo extraordinário, deve continuar em vigor até abril de 2022.

Essa bandeira entrou em vigor em setembro e adiciona R$ 14,20 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos na conta de luz dos consumidores, com exceção às famílias de baixa renda enquadradas na Tarifa Social.

Melhora dos reservatórios

Segundo o ONS, a estação chuvosa neste ano começou em outubro, como esperado, e tem aumentado o nível dos reservatórios acima do previsto.

Em 2020, a estação chuvosa começou atrasada, em novembro, e o nível de água que chegou aos reservatórios foi o pior em 91 anos, o que desencadeou a crise energética.

“Como resultado, foi possível dar continuidade ao reenchimento dos reservatórios de relevantes usinas hidrelétricas, contribuindo para o aumento do armazenamento equivalente de todos os subsistemas [em novembro], com exceção do Norte, em comparação ao final de outubro de 2021”, diz o CMSE em nota.

A previsão do ONS é que o armazenamento do subsistema Sudeste/Centro-Oeste — considerado a “caixa d’água” do setor elétrico — alcance 55,9% ao final de maio de 2022, o equivalente a 12,9 pontos percentuais acima do verificado em 31 de maio desde ano.

No auge da crise energética, o operador chegou a prever que os reservatórios de hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste chegariam a 10% de armazenamento médio, em novembro.

Entretanto, com as chuvas, esses reservatórios atingiram 19,7% de armazenamento médio ao final de novembro e, de acordo com a previsão do CMSE, devem chegar a 26,1%, na média, o final deste mês de dezembro.

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Fonte:G1