Com vacinação lenta, restrições para conter pandemia podem tirar 1 ponto percentual por mês do PIB de 2021 | Economia


Uma redução de 50% na atividade econômica por 30 dias pode tirar até 1 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB) previsto para 2021. O cálculo é da Instituição Fiscal Independente, do Senado Federal, em relatório divulgado nesta segunda-feira (22).

A IFI projeta o impacto de novas paralisações da economia por conta do agravamento da pandemia do coronavírus no país. A entidade projeta alta de 3% no PIB de 2021 e calculou o quanto esse potencial se reduziria em situações mais ou menos rígidas de suspensão das atividades. Veja tabela abaixo.

A conta deixa de lado, contudo, os efeitos de medidas compensatórias como as que foram introduzidas pelo governo no ano passado, caso do Auxílio Emergencial, do resgate excepcionais do FGTS, do adiantamento de 13º salário e do programa de preservação de empregos (BEm).

Alguns desses programas têm previsão de retorno neste ano, com a piora dos contágios pela Covid-19. Mas, para o diretor-executivo da IFI, Felipe Salto, os estímulos devem alterar pouco os efeitos de redução na atividade econômica porque a magnitude do dinheiro que deve ser despejado com nova rodada do auxílio está distante do que foi em 2020.

Considerando que a aprovação da PEC Emergencial reserva R$ 44 bilhões para uma nova rodada do Auxílio Emergencial em 2021, cerca de 15% dos R$ 293,1 bilhões gastos no ano passado.

“A lógica é que quanto menos semanas for preciso parar, melhor. Mas, para isso, você precisa vacinar as pessoas rapidamente. Sem vacinação ampla e rápida, perde-se potencial de PIB a cada semana. Quanto mais vacinação, menor necessidade de medidas restritivas”, afirma Salto.

E prossegue: “O fundamental, e já se sabia disso há bastante tempo, é ter vacinação rápida. Este é o ponto zero. O governo precisa compreender isso.”

Depósitos do novo auxílio emergencial começam em abril de 2021

Depósitos do novo auxílio emergencial começam em abril de 2021

O atraso das vacinas e a retirada dos benefícios sociais já afetou as previsões da IFI para o PIB de 2021. A entidade calculava que o carrego estatístico – resultado quando a economia apenas acompanha a toada de meses passados – deveria ser de alta de 3,6% no ano.

A expectativa revista, de 3% ao fim do ano, portanto, já considera uma recessão técnica no primeiro semestre, com duas quedas de 0,5% em cada trimestre. O número joga holofote no efeito da queda de renda, da alta da inflação nos últimos meses e da falta de reação a contento do mercado de trabalho.

Partindo dessa base de 3% e mantendo-se um grau de atividade por volta dos 50%, o PIB brasileiro iria a zero com uma paralisação parcial de 12 semanas, pelas contas da IFI. Em um lockdown rígido, com redução de 85% das atividades, o PIB zeraria em sete semanas.

Variação do PIB de 2021 conforme aumenta o grau de paralisação da economia — Foto: Reprodução/Instituição Fiscal Independente (IFI)



Fonte: G1