Brecha no Facebook permitiu que políticos gerassem engajamento falso na rede, diz jornal | Tecnologia


O Facebook possui uma brecha que permite que figuras políticas gerem interações falsas, segundo uma reportagem desta segunda-feira (12) do jornal britânico “The Guardian” feita a partir um levantamento com documentos internos da rede social.

Segundo a matéria, apesar de detectar os casos, a rede social demorou para tomar iniciativas em países como Afeganistão, Iraque e México, enquanto medidas mais rápidas teriam sido realizadas nos EUA, na Coreia do Sul e na Polônia

A publicação também ouviu Sophie Zhang, uma ex-cientista de dados do Facebook, que disse que a rede social toma ações com base no potencial de dados à sua imagem.

A empresa negou priorizar países na detecção de mau uso de suas ferramentas.

Discordamos profundamente da caracterização da senhora Zhang em relação às nossas prioridades e esforços para acabar com abusos em nossa plataforma”, disse uma porta-voz ao jornal.

“Nós procuramos agressivamente os abusos em todo o mundo e temos equipes especializadas focadas neste trabalho. Como resultado, derrubamos mais de 100 redes de comportamento inautêntico coordenado”, afirmou o Facebook.

O Facebook proíbe que as pessoas mantenham mais de um perfil e possui sistemas automatizados que conseguem identificar esse comportamento.

Campanhas mal-intencionadas, porém, passaram a criar páginas (como de sites ou pequenos negócios) que se disfarçam de perfis – ou seja, com foto e nome de uma pessoa.

Com isso, passaram a criar um “engajamento falso” – curtidas, comentários e compartilhamentos feitos por essas páginas.

Ações como essas podem criar uma falsa sensação de um conteúdo ou opinião de um político é popular, além de enganar os algoritmos do Facebook que passariam a recomendar um determinado post para mais pessoas.

Quanto mais engajamento uma publicação tem, mais ela passa a ser recomendada e aparecer para os usuários.

Os documentos obtidos pelo “The Guardian” mostraram que iniciativas como essas foram detectadas pelo Facebook em diversos países.

Em alguns locais, como Polônia, Taiwan, Índia, Ucrânia e Coreia do Sul, a reação da rede social levou 45 dias ou menos.

Em um caso envolvendo Filipinas e Estados Unidos em conjunto, a retirada das páginas falsas levou 7 dias.

Em outros países, como El Salvador, Afeganistão, Iraque, Argentina, México e Azerbaijão, a reação demorou entre 94 dias e 426 dias.

A ex-cientista de dados alegou que essa diferença aconteceu devido a um sistema de prioridades do Facebook, algo que a rede social nega.

Ela citou uma conversa em 2019 que teve com Guy Rosen, vice-presidente de integridade da empresa, na qual ele disse que há “centenas de milhares de tipos de abuso” e que por isso era preciso começar por “principais países, áreas de prioridade máxima”.

O jornal “The Guardian” disse ainda que a plataforma não agiu em diversas ocasiões e que a brecha de criação de páginas continua sendo explorada.



Fonte: G1