Biofungicida com tecnologia Embrapa atua no controle de doenças em grãos e fibras


A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Toyobo do Brasil Produtos Biológicos, lançou agora em setembro, o biofungicida Biotrix, que atua na proteção de plantas, controlando doenças fúngicas como mofo branco, podridão aquosa e podridão cinzenta do caule.

O produto contém uma cepa inédita no mercado, a BRM-29600, de Trichoderma harzianum. O bioinsumo colabora na redução da infestação do solo e das doses de fungicidas, quando aplicado nas diversas culturas atacadas por Sclerotinia sclerotiorum, Macrophomina e Rhizoctonia solani, que afetam as principais áreas produtoras de grãos e fibras no país.

Biofungicida para controle de doenças em grãos e fibras

O lançamento do produto aconteceu em em Campo Verde, Mato Grosso. Pelo lado da Embrapa, atuaram diversos pesquisadores em conjunto, das unidades Arroz e Feijão, Algodão e Soja.

Segundo o pesquisador Embrapa Arroz e Feijão Murillo Lobo Jr, o Trichoderma atua no controle de doenças causadas por fungos habitantes do solo, que afetam não apenas o feijão, a soja e o algodão, mas também milho, sorgo, girassol, amendoim e diversas hortaliças, entre centenas de outras plantas hospedeiras.

Para ele, as doenças provocadas pelos fungos de solo comprometem severamente todo o trabalho do produtor, às vezes matando sementes com prejuízos à formação de estande, noutras reduzindo sua produtividade, por perda de raízes e área foliar, e impedindo seu desenvolvimento.
“Atualmente, obter resistência a essas doenças por meio do controle genético é muito difícil, e o controle químico pode ser restrito ao tratamento das sementes ou pulverizações que aumentam os custos de produção”, afirma.

Manejo integrado

Biofungicida também atua no melhor enraizamento e produção de vagens. Imagem ilustrativa.Biofungicida também atua no melhor enraizamento e produção de vagens. Imagem ilustrativa.
Biofungicida também atua no melhor enraizamento e produção de vagens. Imagem ilustrativa. Foto: Wenderson Araujo/Sistema CNA/Senar

De acordo com o pesquisador, o controle biológico não deve ser a única ação que vai trazer resultados na solução dos problemas causados pelos fungos que atacam as raízes. É importante associá-lo a outras práticas conservacionistas, como as plantas de cobertura, por exemplo, aumentando a eficácia do manejo integrado de doenças. Sem o manejo certo, uma área cultivada quando atacada por várias doenças simultaneamente, pode ficar inviável para o plantio.

“Raramente você vai encontrar um campo atacado apenas por um desses fungos, geralmente, encontramos dois deles, pelo menos, mais os nematoides. Esse biofungicida foi desenvolvido com o fim de proteger a planta, desinfestando parcialmente o solo. E nós conseguimos um bom resultado, temos aí um excelente produto para ser disponibilizado no mercado no controle de doenças importantes”, diz o pesquisador.

Aplicação

A aplicação do Biotrix deve ser realizada em momentos distintos: na fase inicial, pode ser realizada no tratamento das sementes. Para o mofo branco, doença que ataca as culturas geralmente a partir do florescimento, a pulverização deve ser preventiva, via barra, quando a planta já tenha três ou quatro trifólios ou 15 ou 20 dias antes do florescimento, e que o produto chegue rapidamente ao solo.

É necessário que o solo esteja úmido e evitar tanto frio ou calor extremos, quanto misturas com fungicidas químicos no tanque durante a aplicação.

Cepa de Trichoderma BRM-29600

Pulverização do Biotrix combate mofo branco, podridão aquosa e podridão cinzenta do caule. Imagem ilustrativa.Pulverização do Biotrix combate mofo branco, podridão aquosa e podridão cinzenta do caule. Imagem ilustrativa.
Pulverização do Biotrix combate mofo branco, podridão aquosa e podridão cinzenta do caule. Imagem ilustrativa. Foto: Envato

A Embrapa Arroz e Feijão, de início, enviou 10 cepas de Trichoderma, da coleção de microrganismos multifuncionais, para a Toyobo, das quais foi selecionada a BRM-29600, que é um bom agente controle biológico.

Além disso, a cepa é um produtor natural do ácido indol-acético (AIA), um dos compostos mais conhecidos de promoção do crescimento de plantas. Ou seja, mesmo que a planta não seja atacada por doença alguma, o Biotrix traz benefícios, na forma de melhor enraizamento e produção de vagens, no caso de feijão comum e soja.

“Essa cepa é muito versátil, tanto para proteger a planta, controlando os patógenos, quanto para fazer com que se torne robusta e cresça mais”, revela Murillo.

Os testes foram feitos também em soja, na Região dos Campos Gerais, em Ponta Grossa e em Londrina, no Paraná, e em Campo Verde-MT. Foram três anos desde o início do projeto em 2020 até o registro do Biotrix no MAPA, em 2023. Para saber mais informações sobre o produto e como adquiri-lo, clique aqui.



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