BC vê recuperação desigual da atividade econômica e incertezas para 2021 com fim do auxílio | Economia


O Banco Central informou nesta sexta-feira (13) que indicadores do nível de atividade sugerem “recuperação desigual” entre setores na economia brasileira. A avaliação consta no boletim regional.

A instituição acrescentou que a “pouca previsibilidade” para o ano de 2021, “associada à evolução da pandemia“, ao “necessário ajuste dos gastos públicos” e o fim do auxílio emergencial em dezembro, “aumenta a incerteza sobre a retomada da atividade”.

“Os programas governamentais de recomposição de renda favoreceram retomada relativamente forte do consumo de bens. Contudo, várias atividades do setor de serviços, sobretudo aquelas mais diretamente afetadas pelo distanciamento social, permanecem bastante deprimidas”, informou a instituição.

Em termos regionais, acrescentou o BC, os movimentos das economias “também foram desiguais, refletindo, em alguns casos, a “estrutura produtiva distinta”, e, em outros, “diferenças do aumento da mobilidade e dos impulsos dos programas emergenciais”.

Setor de serviços tem 4ª alta seguida, mas segue abaixo do nível pré-pandemia

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O Banco Central avaliou que, nesse sentido, a incerteza sobre o ritmo de recuperação econômica, em termos regionais, “é ainda maior para as economias mais impactadas pelos benefícios emergenciais”.

Segundo o BC, a atividade econômica da região Norte apresentou o “maior ritmo de recuperação” após o impacto da pandemia.

“Contribuíram para esse movimento o aumento da mobilidade ainda em maio, a estrutura industrial voltada para bens duráveis destinados ao mercado doméstico e para as exportações de commodities e a maior importância relativa dos benefícios sociais”.

Foi a única região que retomou, até agosto, o patamar de atividade de fevereiro, antes do início da pandemia. Os crescimentos do comércio, da prestação de serviços e da produção industrial foram superiores aos das demais regiões, e refletiram também em indicadores relativamente melhores no mercado de trabalho, informou a instituição.

No Nordeste, segundo o Banco Central, a atividade econômica, no trimestre encerrado em agosto, recuperou parcialmente a retração ocorrida no trimestre anterior, favorecida pelo aumento de mobilidade e reabertura de atividades econômicas, pela recomposição da renda decorrente do auxílio emergencial (AE) e pela expansão do crédito.

“Apesar do crescimento no trimestre, a economia da região apresenta a maior retração comparativamente ao período pré-pandemia”, acrescentou.

Esse resultado, de acordo com a instituição, “repercute os desempenhos regionais mais fracos nos serviços e na indústria, além de piores indicadores no mercado de trabalho”. Porém, o comércio, favorecido pelo auxílio emergencial, registra crescimento acima da média nacional, acrescentou.

O BC avaliou que as especificidades da economia do Centro-Oeste contribuíram para arrefecer os impactos da pandemia no nível de atividade da região.

“A vocação agrícola e a produção recorde de grãos impulsionaram as indústrias de processamento de alimentos e os serviços de logística, mitigando os efeitos adversos durante o período mais crítico de restrição de circulação e funcionamento das empresas”, informou.

Nesse contexto, o nível de atividade da região cresceu 0,5% frente ao trimestre anterior (quando a retração não tinha sido tão severa quanto no restante do país), na série com ajuste sazonal. Ressalta-se que o setor industrial da região é o único a recuperar o nível do primeiro bimestre do ano, acrescentou o BC.

Os principais indicadores de atividade da região Sudeste, de acordo com o Banco Central, sinalizaram recuperação da economia no trimestre encerrado em agosto, após queda acentuada no trimestre anterior.

“O aumento gradual da mobilidade social permitiu retomada da indústria e do comércio e, em menor medida, do setor de serviços, com reflexos positivos sobre o mercado de trabalho”, avaliou.

Nesse cenário, o nível de atividade da região avançou 4,3% no período, em relação ao trimestre encerrado em maio, quando havia caído 6,8%, no mesmo tipo de comparação. Acrescentou que a trajetória de dados como o consumo de energia elétrica e as vendas com cartão de débito sugere que a economia “continuou o processo de recuperação em setembro e outubro, embora com alguma acomodação na margem [desaceleração nos últimos meses]”.

Na região Sul, segundo o BC, os principais indicadores confirmam recuperação gradual da economia, em linha com a evolução relativamente mais positiva da crise sanitária.

“Os processos de retomada, estimulados por medidas fiscais e creditícias, mostram-se distintos entre os setores e com baixa intensidade no mercado de trabalho”, informou. O nível de atividade da região avançou 5,1% no trimestre encerrado em agosto, na comparação com o finalizado em maio, quando a queda de 7,1% mostrou os efeitos severos da pandemia sobre a região. Apesar da evolução nos últimos meses, acrescentou a instituição, a atividade “permanece em patamar deprimido”.



Fonte: G1