BC: alta de juros no cenário internacional deve pressionar dólar em economias emergentes | Economia


O Banco Central (BC) avaliou que, diante dos chamados “riscos inflacionários”, crescem as chances de “aperto das condições financeiras globais”, isto é, o fim de estímulos e o aumento de juros, de “maneira abrupta e desordenada”. Para o BC, a alta de juros no cenário internacional deve pressionar o dólar nas economias emergentes.

A avaliação consta da ata da última reunião do Comitê de Estabilidade Financeira (Comef), realizada na semana passada, divulgada nesta quinta-feira (25).

“A materialização desse risco pode levar ao ‘reapreçamento’ desordenado dos ativos, aumento da aversão ao risco, com efeitos negativos para a taxa de câmbio [gerando alta maior do dólar no Brasil], os fluxos de investimento e as condições de financiamento para as economias emergentes”, acrescentou a instituição.

O entendimento do BC é que a alta de juros no cenário internacional pode atrair recursos atualmente em países emergentes, como o Brasil, pressionando ainda mais o câmbio.

O dólar abriu em queda nesta quinta. Às 9h06, a moeda norte-americana recuava 0,21%, cotada a R$ 5,5828. No ano, porém, ainda tem valorização de 7,86% contra o real.

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O dólar mais alto pressiona também a inflação, em razão do aumento do preço de combustíveis e de insumos importados.

Além disso, representa estímulo para exportações, em detrimento do mercado interno, o que também contribui para impulsionar os preços no país.

Em outubro, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país, acelerou para 1,25, após ter registrado taxa de 1,16% em setembro.

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Para conter a alta dos preços, o BC já elevou os juros seis vezes neste ano. Em outubro, a taxa Selic subiu para 7,75% ao ano – o maior patamar em quatro anos.

Segundo avaliou o BC nesta quinta-feira, por meio da ata do Comef, os juros mais altos devem impactar o ritmo do crescimento de crédito, que “tende a arrefecer”.

“O crédito não consignado [sem desconto em folha de pagamentos] tem crescido principalmente em operações com tomadores que possuem maior risco. As concessões de crédito imobiliário continuam historicamente elevadas, embora o aumento das taxas de juros tenda a arrefecer esse ímpeto, com pressão sobre o funding e o spread da modalidades”, concluiu a instituição.

Ouça o episódio do podcast O Assunto sobre “Inflação: a do Brasil e a do mundo”:



Fonte: G1