Depois das reiteradas falas do presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), pressionando o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, em relação à queda da taxa de juros, o chefe da autarquia afirmou que a discussão leva em consideração “um componente político em um assunto que é técnico”. “O Banco Central é um órgão técnico que toma decisões técnicas, sem viés político”, afirmou. “O timing técnico é diferente do timing político”, disse ele durante o Lide Brazil Conference, realizado em Londres, nesta sexta-feira, 21. Campos Neto não citou o senador durante sua fala.
Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Campos Neto reiterou que o BC atua de forma técnica e independente, relembrando a elevação da taxa básica de juros, a Selic, de 9,25% para 13,75% em ano eleitoral. “O Banco Central atua de forma autônoma ou política? Fizemos a maior alta de juros no mundo em ano de eleição. O Banco Central atuou de forma bastante independente durante a eleição”, disse. Campos Neto ainda justificou que o Banco Central identifica que a inflação brasileira hoje “tem mais componente de demanda do que de oferta” ao justificar o patamar das atuais taxas de juros.
O presidente do BC afirmou ainda que a elevação das taxas de juros em ano eleitoral impediu que a inflação atingisse o patamar 10% e comparou a situação à de países como a Argentina — que abandonou o critério de metas de inflação— e a Turquia, e que, hoje, o atual patamar da Selic teria de ser de 18,75%. Campos Neto disse que este cenário provocaria a necessidade de um novo aumento da taxa de juros no ano que vem, o que “colocaria o país em uma recessão”.
O chefe da política monetária afirmou ainda que, de novembro para cá, as expectativas de inflação começaram a se deteriorar e elencou o debate sobre a saúde fiscal do país e que as expectativas melhoraram a partir da apresentação do novo arcabouço fiscal, passado um momento “de maior incerteza”. “Aqui há um debate sobre o que é incerteza fiscal e o que é o debate sobre a meta de inflação”, afirmou.
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