Auxílio Brasil: busca pelo benefício cresce, e São Paulo tem maior fila entre estados; veja ranking | Economia

São Paulo tem a maior fila de famílias à espera do Auxílio Brasil entre os estados brasileiros. É o que mostra o último estudo da Confederação Nacional de Municípios (CNM). No mês de abril, havia 429.484 famílias no estado, num total de 935.539 pessoas, que atendiam aos requisitos para receber o benefício, mas ainda não tinha obtido acesso a ele.

O estado, o mais populoso do país, responde por cerca de 15% do total de famílias na fila pelo benefício no Brasil: ‘zerada’ no início deste ano, segundo o Ministério da Cidadania, essa fila tinha, em abril, 2.788.362 famílias: mais de 5 milhões de pessoas que atendiam aos requisitos, mas não tinham acesso ao auxílio.

Essa demanda reprimida representa um crescimento de 113% em relação a março, quando o número de famílias à espera era de 1.307.930 – ou seja, a fila mais que dobrou de tamanho de um mês para o outro, enquanto milhões de brasileiros buscam acesso ao benefício em meio ao desemprego e à alta de preços.

Para receber o benefício, as famílias precisam atender às condições do programa e estar inscritas no Cadastro Único. Não é preciso se inscrever para o benefício: o governo avalia dentro do CadÚnico os elegíveis. A demanda reprimida, assim, leva em conta o número de inscritos no cadastro que se enquadram para o recebimento.

O Rio de Janeiro aparece em segundo lugar no ranking da fila dos estados, seguido pela Bahia. Assim, o Sudeste (981 milhões de famílias) e o Nordeste (963 milhões de famílias) são as regiões com maior demanda reprimida.

Veja nos gráficos abaixo:

Na passagem de março para abril, as regiões Norte e Centro-Oeste tiveram os maiores crescimentos percentuais na fila. Na região Norte, a demanda reprimida de março para abril cresceu 233%, e na região Centro-Oeste, o aumento foi de 140%.

Entre os estados, o com maior crescimento da demanda reprimida na passagem de março para abril foi Rondônia, chegando a 321%: passou de 5.939 em março para 25.026 famílias em abril, seguido do Pará, com 194% (de 61.445 para 180.370) e Roraima, com 188% (de 3.642 para 10.485).

Já o local com menor crescimento da demanda reprimida é o Distrito Federal, com alta de 49%: a fila passou de 9.011 para 13.392 famílias, seguido de Santa Catarina, com 69% (de 24.429 para 41.359). São Paulo tem a maior demanda reprimida, mas o crescimento foi de 81% entre março e abril.

Número se aproxima de dezembro de 2021

O estudo mostra ainda que o número de famílias que poderiam estar recebendo o Auxílio Brasil – mas não estão – é próximo ao patamar registrado em dezembro do ano passado. As cerca de 3 milhões de famílias que esperavam pelo benefício no final de 2021 foram incluídas no programa, praticamente zerando a fila em janeiro deste ano, logo após o governo transformar o Bolsa Família em Auxílio Brasil.

O número também é maior que a demanda por acesso ao programa (então chamado de Bolsa Família) em julho de 2021: 2,41 milhões de famílias. Em novembro do mesmo ano, já havia saltado para 3,18 milhões, uma alta de 32% no período.

Após o virtual ‘fim’ da fila em janeiro, no entanto, em fevereiro já havia mais de um milhão de famílias aguardando acesso ao benefício – número que só vem aumentando desde então (veja no gráfico abaixo).

O g1 questionou o Ministério da Cidadania sobre o tamanho da fila de espera pelo Auxílio Brasil e a previsão para que essa população venha a ser atendida, mas não obteve retorno até a última atualização desta reportagem.

20,9 milhões de famílias deveriam estar no programa

Auxílio Brasil: 2,8 milhões de famílias estavam na fila de espera em abril, diz estudo da CNM

Auxílio Brasil: 2,8 milhões de famílias estavam na fila de espera em abril, diz estudo da CNM

O estudo mostra que, em julho de 2021, havia mais de 25 milhões de famílias no Cadastro Único, e aproximadamente 19,1 milhões atendiam aos requisitos para receber o benefício. Ou seja, 76% das famílias brasileiras inscritas no CadÚnico deveriam estar incluídas no programa de transferência de renda. No entanto, o número de beneficiários era de 16,7 milhões, segundo a CNM.

Já em novembro, 17,6 milhões de famílias tinham perfil para estar no programa social, mas apenas 14,5 milhões recebiam a transferência de renda. Em comparação a julho, há uma queda de 2,18 milhões de beneficiários. E a demanda reprimida era de quase 3,2 milhões de famílias – acréscimo de 773,5 mil famílias em relação ao mês de julho.

Em janeiro, o número de famílias beneficiadas passou para 17,5 milhões. Segundo a CNM, o ideal seria que o programa tivesse naquele mês mais de 18 milhões de famílias contempladas para zerar a fila. Com isso, a demanda reprimida chegou a perto de meio milhão de famílias.

Em fevereiro, houve a inclusão de mais de 451 mil famílias no Auxílio Brasil, chegando a 18,017 milhões. No entanto, o ideal seria que o número fosse de 19,1 milhões, ou seja, a demanda reprimida chega a 1,05 milhão de famílias. Com isso, o número de famílias que deveriam estar no programa se igualou ao de julho de 2021.

Já em abril houve aumento de demanda reprimida a uma velocidade que aproxima os dados do patamar de antes da migração do Bolsa Família para o Auxílio Brasil, que era de 3,1 milhões de famílias.

De março para abril, houve aumento real de 1,48 milhão de famílias à espera do benefício, ou seja, a fila mais que dobrou em um mês (de 1,307 milhões para 2,7 milhões, faltando pouco mais de 401 mil famílias para se atingir o patamar anterior à transição do Bolsa para o Auxílio). De acordo com os dados, o ideal seria que o número de famílias contempladas em abril fosse de 20,9 milhões.

Ainda de acordo com a confederação, enquanto em 2021 havia mais de 25 milhões de famílias cadastradas no Cadastro Único, neste ano o número já passa de 33 milhões.

A CNM destaca que a previsão orçamentária de R$ 89 bilhões para o pagamento do benefício não é mais suficiente para zerar a fila, e que nos três primeiros meses do ano mais de 30% desse total foi executado.

Para a elaboração do estudo, foram usados dados do Cecad, ferramenta que possibilita a consulta, a seleção e a extração de informações do Cadastro Único (CadÚnico) e permite conhecer as características socioeconômicas das famílias e das pessoas incluídas no cadastro, além do Relatório de Informações Sociais (Sagi).

O CadÚnico é o principal instrumento para a seleção e a inclusão de famílias de baixa renda em programas sociais como o antigo Bolsa Família e o atual Auxílio Brasil.

O estudo usou os dados de quantidade de famílias e indivíduos inscritos no Cadastro Único que possuem perfil para o benefício social e dos beneficiários efetivos dos dois programas. Desse cruzamento chegou-se à demanda reprimida, ou seja, famílias que deveriam estar recebendo o benefício por estarem dentro do perfil dos programas, mas não foram incluídas.

Pessoas madrugam na fila do CRAS em Belford Roxo

Pessoas madrugam na fila do CRAS em Belford Roxo

Fonte: Portal G1