Em evento organizado pelo Senado para discutir o patamar da taxa de juros do país nesta quinta-feira, 27, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo de Luiz Inácio Lula da Silva preconiza pela responsabilidade fiscal e não fará nenhum tipo de “maquiagem” nas contas públicas para atingir as metas de crescimento para o país. “Nós não queremos maquiar as contas públicas. Não vamos fazer superávit dando calote em precatório. Não vamos diminuir a inflação tomando dinheiro dos governadores. Fazer superávit desse jeito, dando calote, não é motivo de orgulho para o país”, afirmou ele. “Nós temos que voltar a ter transparência nas contas públicas.”
A declaração é um ataque claro à gestão anterior, época em que o ministro da Economia era Paulo Guedes, que encampou uma PEC dos Precatórios, em 2021, para abrir espaço no orçamento para programas sociais, repassando uma conta multibilionária para governos posteriores. Haddad também disse que o governo de Jair Bolsonaro “surrupiou” cerca de 100 bilhões de reais dos cofres públicos com viés populista em 2022, ano em que Bolsonaro disputou — e perdeu — a eleição presidencial. “Nós estamos tomando medidas difíceis, impopulares, sobretudo por causa do populismo praticado pelo governo anterior, que surrupiou quase 40 bilhões de reais dos estados no ano passado, e mais 60 bilhões da Receita Federal no ano passado. Foram 100 bilhões retirados dos cofres públicos no âmbito estadual e no âmbito federal”, disse o ministro da Fazenda.
Haddad tem participado das diversas viagens de Lula mundo afora e disse que há uma “avidez” em se investir no país. O ministro também vê como necessária a recomposição das perdas tributárias por parte do atual governo. “Eu não penso que a reposição dessas perdas seja uma coisa que vá comprometer a saúde da nossa economia, muito pelo contrário, o que eu penso é que a gente tem que olhar para outras possibilidades para fazer o ajuste, e permitir que as variáveis macroeconômicas se ajustem em proveito desse sonho que nós acalentamos de retomar o que já foi possível num passado recente, crescer com responsabilidade social, fiscal e ambiental”, afirmou. No encontro, o ministro da Fazenda evitou bater de frente com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre o atual patamar da taxa de juros, algo que ficou a cargo da ministra do Planejamento, Simone Tebet.