Após outro constrangimento com a China, 5G pode ser ferramenta para nova relação com EUA | Blog Ana Flor


A tecnologia 5G, foco do ataque do deputado Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro pode ser importante nas negociações com o novo governo de Joe Biden.

Nesta segunda-feira (23), o presidente dos EUA, Donald Trump, sinalizou que aceitou iniciar a transição oficial com o futuro governo de Biden. O Brasil ainda não reconheceu oficialmente a vitória do democrata.

Nesta terça-feira (24), a embaixada da China no Brasil repudiou publicações feitas em uma rede social por Eduardo Bolsonaro (veja no vídeo abaixo).

Embaixada da China repudia publicação do deputado Eduardo Bolsonaro

Embaixada da China repudia publicação do deputado Eduardo Bolsonaro

O parlamentar escreveu na noite desta segunda-feira (23) — e depois apagou nesta terça (24)— mensagem sobre o 5G, dizendo que o governo brasileiro declarou apoio a uma “aliança global para um 5G seguro, sem espionagem da China”.

“Isso ocorre com repúdio a entidades classificadas como agressivas e inimigas da liberdade, a exemplo do Partido Comunista da China”, disse Eduardo Bolsonaro nas postagem.

Sob o comando do presidente eleito Joe Biden, os EUA não deixarão de tentar afastar o Brasil – e outros aliados – da tecnologia da gigante chinesa Huawei, que está à frente na corrida pelo 5G. O governo americano deverá ser mais sutil nas negociações, mas seguirá insistindo na tecla da segurança estratégica e oferecendo benefícios a quem optar por outras tecnologias.

Empresas brasileiras já utilizam grande parte da estrutura 4G da China e a mudança poderia causar atrasos na implantação do 5G, a internet móvel de quinta geração.

O trunfo brasileiro na nova relação com os americanos pode estar exatamente no leilão do 5G. O ministro das Comunicações, Fabio Faria, afirmou nesta terça-feira (24) que o leilão será antecipado para o início de 2021. Ele anunciou ainda viagens para visitar desenvolvedoras da tecnologia, primeiro na Europa e, no ano que vem, na Ásia.

O presidente Bolsonaro já criticou abertamente as falas de Joe Biden sobre desmatamento da Amazônia. O governo brasileiro sabe que a pressão por mudanças na política ambiental será maior com o novo governo dos EUA.

Se o deputado e presidente da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional, Eduardo Bolsonaro, fez uma postagem ideológica, afinada aos argumentos trumpistas, a resposta da China foi também em tom mais alto.

Em nota, a embaixada da China disse que a fala do filho do presidente “solapa” as relações entre os dois países, que podem sofrer consequências negativas.

“Instamos essas personalidades a deixar de seguir a retórica da extrema-direita norte-americana, cessar as desinformações e calúnias sobre a China e a amizade sino-brasileira, e evitar ir longe demais no caminho equivocado, tendo em vista os interesses de ambos os povos e a tendência geral da parceria bilateral. Caso contrário, vão arcar com as consequências negativas e carregar a responsabilidade histórica de perturbar a normalidade da parceria China-Brasil”, diz o texto.

A China é o principal parceiro comercial do Brasil e o maior comprador dos commodities agrícolas produzidos pelo agronegócio brasileiro.

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Fonte: G1