Anac autoriza retomada das operações de jatos 737 MAX 8, da Boeing, no Brasil | Economia


A Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) autorizou nesta quarta-feira (25) o retorno no Brasil dos voos com as aeronaves 737 MAX 8, da Boeing.

Operações com o modelo estavam suspensas no Brasil e no mundo desde março de 2019, após dois acidentes com esse tipo de aeronave num período de cinco meses, com um total de 346 mortos (leia mais abaixo).

O 737 MAX 8 é a versão mais recente do avião comercial mais vendido no mundo. No Brasil, apenas a Gol voava com o modelo – na época da suspensão das operações, a empresa tinha sete aeronaves desse tipo que eram usadas em rotas para os Estados Unidos, América do Sul e Caribe.

A decisão da Anac ocorre uma semana depois de a agência de aviação dos EUA (FAA na sigla em inglês) autorizar a Boeing a retomar os voos com suas aeronaves 737 MAX.

Agência dos EUA libera voos com Boeing 737 MAX

Agência dos EUA libera voos com Boeing 737 MAX

“A Anac retirou a Diretriz de Aeronavegabilidade que restringia a operação do MAX no Brasil após concordar com a avaliação da FAA de que todos os elementos técnicos e regulatórios necessários para endereçar as questões de segurança foram realizados”, informou a agência em nota.

A decisão da FAA, diz a Anac, “tem vigência automática no Brasil, devendo ser cumprida de imediato pelos operadores aéreos que pretendem operar o modelo.”

Também na nota, a Anac informa que foram exigidos da Boeig a reconfiguração do sistema de controle de voo do modelo, além de “correção do roteamento do conjunto de cabos, revisões de procedimentos incorporados ao manual de voo e testes de recalibração dos sensores.”

O programa de treinamento de pilotos que operam a aeronave também foi revisto.

Segundo a agência, além da revogação da diretriz que impedia os voos do 737 MAX 8 no Brasil, a volta das operações depende também da “comprovação do cumprimento das exigências de treinamento para tripulação e de projeto para os aviões.”

A decisão de manter no chão as aeronaves 737 MAX em março de 2019, depois que acidentes mataram 346 pessoas na Etiópia e na Indonésia, provocou ações judiciais, investigações do Congresso e do Departamento de Justiça e cortou uma fonte importante de renda da Boeing.

Um painel da Congresso dos Estados Unidos concluiu, após 18 meses de investigação, que os dois acidentes com o Boeing 737 MAX resultado de falhas da fabricante de aeronaves Boeing e da FAA.

“Eles foram o terrível resultado de uma série de suposições técnicas incorretas dos engenheiros da Boeing, uma falta de transparência por parte da administração da Boeing e uma supervisão grosseiramente insuficiente da FAA”, concluiu o relatório.

Em meio à crise, a Boeing decidiu também rescindir em abril de 2020 o acordo de compra da área da aviação comercial da Embraer, que previa a criação de empresa conjunta de US$ 5 bilhões que teria controle da gigante americana.

A Boeing está buscando novos compradores para muitos de seus 737 MAX, após ver compradores originais cancelarem seus pedidos. A demanda foi ainda mais prejudicada pela pandemia de coronavírus.

Mesmo com todos os obstáculos, a retomada das entregas do 737 MAX abrirá um canal crucial de receita para a Boeing e centenas de fornecedores de peças cujas finanças foram prejudicadas por cortes de produção relacionados à suspensão do jato.

A American Airlines planeja operar o primeiro voo comercial do MAX em 29 de dezembro. A Southwest Airlines, maior operadora de MAX do mundo, não planeja retomar os voos da aeronave até o segundo trimestre de 2021.



Fonte: G1