O setor pecuário brasileiro atingiu um marco inédito no primeiro trimestre de 2024, com o abate de bovinos avançando 24,6% em comparação ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Este crescimento expressivo resultou no maior volume trimestral registrado desde o início da série histórica em 1997.
Entre janeiro e março, foram abatidas 9,30 milhões de cabeças de bovinos, conforme dados que consideram algum tipo de serviço de inspeção sanitária. Em comparação ao quarto trimestre de 2023, o aumento foi de 1,6%.
Os preços da arroba bovina, que encerraram o primeiro trimestre cerca de 20% abaixo do mesmo período do ano passado, influenciaram diretamente este cenário. A redução dos preços incentivou os produtores a elevar o abate de fêmeas, que subiu 28,2% em relação ao primeiro trimestre de 2023, marcando o resultado mais alto de toda a série histórica para essa categoria.
“Estamos num período de ampla oferta de animais para o abate, esses animais são provenientes de um ciclo de maior retenção de fêmeas observado entre 2019 e 2022, quando o preço dos bezerros estava em alta e a atividade reprodutiva das fêmeas tornou-se atrativa para os pecuaristas”, destacou Bernardo Viscardi, supervisor da pesquisa, em nota. “A partir de meados de 2022, observamos o ciclo inverso, o preço dos bezerros caiu e as fêmeas passaram a ser destinadas ao abate com maior intensidade, além dos animais criados no ciclo anterior de alta que chegaram à idade de abate neste ano”, acrescentou.
O abate de machos também apresentou um aumento significativo, subindo 21,7% e atingindo o maior resultado para um primeiro trimestre, conforme observou o IBGE.
Preço do arroba
Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, indicam que os preços nominais da arroba terminaram o trimestre na faixa de 230 reais, bem abaixo dos quase 300 reais registrados ao final do mesmo período do ano passado. Atualmente, os preços giram em torno de 216 reais/arroba, os menores níveis desde setembro do ano passado.
As desvalorizações recentes na arroba bovina estão ligadas às condições das pastagens ao final da safra e ao “tradicional efeito manada” dos produtores, que entregam seus animais temendo quedas maiores nos preços, segundo avaliação do Cepea. Apesar das quedas, as exportações de carne bovina continuam em ritmo crescente, evitando reduções ainda maiores nos preços do mercado interno.
Mês de destaque no abate de bovino
Janeiro foi o mês de maior atividade do trimestre, com o abate de 3,15 milhões de cabeças, um aumento de 23,7% em relação ao mesmo mês do ano anterior. No total, o aumento de 1,84 milhão de cabeças abatidas no primeiro trimestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023 foi impulsionado por crescimentos em 23 das 27 unidades da federação (UFs).
Os estados que registraram os incrementos mais significativos foram Mato Grosso (+420,07 mil cabeças), Goiás (+263,41 mil cabeças), São Paulo (+219,41 mil cabeças), Minas Gerais (+206,49 mil cabeças), Pará (+180,04 mil cabeças), Rondônia (+155,75 mil cabeças), Mato Grosso do Sul (+110,36 mil cabeças), Bahia (+58,08 mil cabeças) e Paraná (+46,73 mil cabeças).
Em contrapartida, a maior variação negativa foi observada no Rio Grande do Sul, com uma redução de 34,41 mil cabeças abatidas.