Um ano após investir em um sistema até então inovador de “pegue e pague”, Younes Bari, sócio do bar Kaia, localizado na região central de São Paulo (SP), vê pequenas melhoras no faturamento. O motivo, porém, não é uma regressão da pandemia, mas a falta de disposição do público de continuar em casa.
“O público, por mais politizado que seja, já não está mais tão disposto a ficar em casa, mesmo com a situação bem agravante”, disse Younes.
Younes Bari, um dos sócios do Bar Kaia — Foto: Reprodução
O G1 acompanhou ao longo de um ano as histórias de empreendedores que tentaram sobreviver à crise provocada pela pandemia do coronavírus e pelo fechamento dos negócios necessário para conter a disseminação da doença. Veja aqui o que os mesmos empresários contaram em abril; em maio, em julho, em setembro, em dezembro, e os novos depoimentos este mês:
- Irenildo Queiroz, dono do Bar do Bigode: ‘Se eu me arrependo? Muito’
- Bruno Bernardo, sócio do Ink Bar e do escritório Lab Off: ‘A gente sofreu bastante’
- Pedro Roxo, dono do Manja Gastronomia: ‘De alguma forma, consegui levar isso para um lado positivo’
- Cláudia Mendes, dona da Laundry Express: ‘A fase mais difícil a gente está vivendo nesse momento’
Veja também o que Younes Bari contou ao G1 nos meses anteriores:
Além do atendimento presencial, que é a especialidade do Kaia, os sócios trocaram o “pegue e pague” iniciado em março de 2020 pelo sistema de delivery, mirando em uma ajuda no faturamento – que ainda está longe do pré-pandemia.
“Delivery nunca foi uma solução lucrativa, ele só fez com que a gente não perdesse o foco”, disse Younes em setembro de 2020.
No entanto, Younes relata a preocupação com a nova (e mais grave) onda de infecções pela Covid-19 no país. Para ele, desde o aumento de casos surgido a partir das festas de final de ano, o movimento do bar tem sido afetado.
Para os que continuam indo até o estabelecimento, ele garante que o Kaia segue todos os protocolos necessários de distanciamento e higiene.
Altos e baixos nas expectativas
O ano de 2020 foi marcado por uma grande flutuação nas expectativas do empresário.
De um lado, os fechamentos constantes causavam medo sobre o futuro, levaram a demissões de funcionários como corte de custos e obrigaram o bar a se reinventar para sobreviver. Diante de um faturamento 80% menor, o bar tomou um empréstimo de R$ 50 mil para equilibrar as contas.
De outro, Younes tinha boas expectativas com a chegada da vacina contra a Covid-19 para a retomada dos serviços presenciais, e dizia esperar que o bar conseguisse se manter aberto até o meio deste ano.
Para 2021, as esperanças estão mais contidas. Younes acredita que a situação só vai melhorar quando ao menos 40% da população for vacinada, mas crê que isso acontecerá apenas no segundo semestre deste ano.
“A gente não tem muita expectativa em relação ao curto prazo (…). Dá para ver que a vacinação está muito atrasada aqui no Brasil, então a gente não está criando essa expectativa”, disse.
Até lá, o sócio do bar estuda reduzir custos fixos e variáveis para tentar manter um pouco do atual faturamento, já que o movimento, apesar de existir, acontece de forma “imprevisível”.
“A gente só quer que, no segundo semestre, as pessoas mais idosas tenham se vacinado para que a gente possa receber o público de uma maneira mais constante. Hoje é muito imprevisível como o público vem até nós”, apontou Younes.
Fonte: G1