O mercado aguarda ansioso pela primeira decisão do ano do Comitê de Política Monetária (Copom) sobre os rumos da taxa de juros, a Selic, que será divulgada no fim da tarde de quarta-feira, 1º de fevereiro. Embora a expectativa seja majoritariamente pela manutenção dos juros no atual patamar de 13,75%, a piora nas perspectivas inflacionárias aumentam a probabilidade de continuidade no aperto monetário.
O boletim Focus desta semana trouxe uma nova rodada de piora nas perspectivas sobre a conjuntura econômica. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2023 registrou alta pela sétima semana consecutiva e já trasborda para os próximos anos. Para este ano, as expectativas passaram de 5,48% para 5,74% e para 2024 passaram de 3,84% para 3,90%. Chama atenção também o aumento das expectativas para 2026, projetada para 3,50%, alcançando o mesmo índice de inflação projetado para 2025.Há um mês atrás, a expectativa para o IPCA de 2026 era 3,15%. “Tudo isso encomenda um tom duro ao comunicado da autoridade, que deverá reforçar o compromisso com a atribuição do regime de metas de inflação, além de sinalizar a deterioração das expectativas fiscais e seus desdobramentos sobre a conjuntura, com destaques potenciais para a desancoragem das expectativas e o juro neutro”, avalia Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.
Neste contexto de desancorarem das expectativas inflacionárias, especialistas avaliam que fica cada vez mais difícil o Copom iniciar o ciclo de corte. A possibilidade de redução nos juros brasileiros está atrelada, principalmente a dois fatores: melhora no cenário inflacionário e fiscal e ao movimento da política nos Estados Unidos. “Se os Estados Unidos sinalizarem um fim do ciclo de alta, eu acho que tem grande chance de que no segundo semestre deste ano a gente comece a reduzir juros aqui no Brasil. Não acho que vá terminar o ano nesse patamar atual. Acho que vai terminar num patamar abaixo, talvez 1% ou 1,5% abaixo do que o atual”, avalia Felipe Reymond Simões, economista e diretor da WIT Asset.
Mas o cenário externo e local conta com riscos que podem pressionar a inflação. Um deles é a alta do preço dos combustíveis no mercado internacional, impulsionado pela retomada da china e pela maior demanda no inverno europeu. Por aqui, o aumento dos gastos previstos e o perfil expansionista do governo também aumentam os riscos.