Witzel cobra recursos do governo federal e dá prazo até segunda-feira para reavaliar restrições no RJ




Governador disse que estado vive ‘caos financeiro’ e retomada da economia depende da União. No fim da manhã, o governador minimizou o discurso, mas disse que ficou confuso com as novas orientações do Ministério da Saúde. Governador do Rio cobra ajuda federal para evitar situação caótica
O governador do RJ, Wilson Witzel, afirmou nesta quinta-feira (26) que terá de reavaliar as medidas protetivas contra o coronavírus caso o governo federal não socorra o que chamou de “caos financeiro” do estado. O prazo, diz Witzel, é segunda-feira (30). Ele deu as declarações no Bom Dia Rio.
“Se o governo federal, até segunda-feira, não apresentar algo que dê esperança para que as pessoas possam saber que não vão morrer de fome e não vão ter um cataclismo nas suas vidas, vai ser muito difícil continuar com essas medidas protetivas, porque nós não podemos brigar e pedir para as pessoas ficarem em casa”, destacou Witzel.
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Reprodução/Twitter
“Não podemos falar para que as empresas fiquem fechadas se quem tem condições de socorrer, que é o governo federal, e tem dinheiro pra isso, não tomar as providências. A responsabilidade passa a ser deles”, emendou.
“Não podemos pedir para autônomos e pequenos empresários ficarem paralisados se não houver uma sinalização imediata do ministro [da Economia] Paulo Guedes que ele vai colocar pelo menos R$ 500 bilhões na economia — que é a cifra que nós mais ou menos imaginamos que deve ser colocada na economia”, detalhou.
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Novas orientações do Ministério da Saúde
No fim da manhã, o governador gravou um áudio e encaminhou ao RJ1 minimizando o discurso, mas dizendo que ficou confuso com as novas orientações do Ministério da Saúde.
“Da noite para o dia, vejo o ministro da Saúde, que é a autoridade máxima da Saúde no Brasil e orientador das nossas ações, mudar de opinião. Diz que começamos o isolamento cedo demais, critica a quarentena e lava suas mãos, indo na mesma direção das falas do presidente. Estou estarrecido com a politização de uma situação tão grave como essa. Esse novo posicionamento do ministro Mandetta nos surpreende e deixa a sociedade zonza e confusa sobre o que fazer. Fico em casa ou não fico em casa? Isso é inadmissível porque o ministro mudou totalmente sua visão sobre o isolamento social das pessoas, contrariando as orientações da Organização Mundial da Saúde. Isso é hora de fazer política? Em relação ao governo federal, vou aguardar uma resposta concreta sobre o pedido de ajuda de injeção de recursos da nossa economia até a próxima segunda-feira”, reiterou o governador.
Medidas protetivas
Desde o dia 16, decretos estaduais e municipais determinaram o fechamento do comércio em todo o RJ, salvo “serviços essenciais”, como supermercados e farmácias. O transporte público para a capital está restrito a profissionais destas categorias.
Witzel também proibiu aglomerações, como em festas e em passeatas, e até o banho de mar — a PM está autorizada a fotografar e cadastrar quem for às praias. Escolas, creches e universidades estão fechadas.
Nesta quarta-feira (25), o governador conversou por videoconferência com o presidente Jair Bolsonaro, de quem discordou sobre a proposta de afrouxar o isolamento, e fez um alerta sobre desobediências.
“Se cada um dos empresários tomar decisão por si de atender o pronunciamento [de Bolsonaro], poderá responder por suas ações e omissões”, disse.
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‘Fiz o dever de casa’
Segundo Witzel, o estado tem feito o possível para enfrentar a pandemia do coronavírus. “Fizemos o dever de casa no ajuste fiscal.”
O governador sublinhou que “a União tem que fazer a sua parte”. “Nós estamos fazendo a nossa. Estou ajudando os mais carentes. Vamos distribuir um milhão de cestas básicas. Agora quem pode ajudar o resto do país é a União”, disse.
“Se isso não acontecer, vamos entrar num caos financeiro”, afirmou.
“A situação do RJ é tão delicada quanto a situação de todos os empresários que estão passando por essa dificuldade nesse momento. Então, falar de abrir mão de receita é muito difícil. Quem tem que botar dinheiro na economia é o governo federal. E precisa fazer isso rápido”, pediu.
Segundo Witzel, o estado tem hoje um déficit de R$ 10 bilhões que surgiu em decorrência não só por conta da queda da arrecadação para preservar vidas no combate ao coronavírus, mas também da queda do barril do petróleo.
“Saímos da reunião com dois compromissos. Para o RJ, uma das formas de ser compensado imediatamente por essas perdas é adiantando o leilão da Cedae, que haverá uma outorga em torno de R$ 11 bilhões. O ministro Paulo Guedes sinalizou colocar isso na Lei Mansueto, e assim termos essa antecipação de R$ 7 bilhões”.
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Fonte: G1