Em uma manobra célere na manhã da última quinta-feira, 8 de maio, a Câmara Municipal de Araruama protagonizou uma cena que reacendeu o debate sobre a prioridade dos gastos públicos. Em regime de urgência, os próprios vereadores aprovaram a concessão de um vale alimentação para a classe, um benefício que se soma a outros já existentes, como o controverso auxílio combustível, verba para manutenção veicular e recursos destinados a marketing pessoal, cujo montante extraoficialmente circula na casa dos R$ 3.500,00.
A leitura, votação e aprovação do parecer do projeto de lei 47/2025 ocorreram em uma única sessão, blindando o processo de maior escrutínio público e garantindo aos edis mais uma benesse. A rapidez da tramitação, no entanto, não passou despercebida por alguns presentes, que manifestaram sua indignação diante da disparidade de tratamento entre os representantes e a população.
Enquanto servidores municipais, com salários notoriamente mais modestos e jornada de trabalho diária, receberão um vale alimentação de R$ 400,00, o valor destinado aos vereadores – cujos vencimentos se aproximam da cifra de R$ 16.000,00 – permaneceu incerto durante a votação. Informações não oficiais, contudo, apontam para um montante significativamente superior, na ordem de R$ 1.500,00 mensais.
Na mesma sessão, paradoxalmente, foi aprovado o vale refeição para o funcionalismo público, em um projeto encaminhado pelo Poder Executivo, fixado no valor de R$ 400,00. A simultaneidade das votações, com a nítida desproporção nos valores, inflamou a crítica sobre as prioridades do legislativo municipal, levantando questionamentos sobre a equidade na distribuição dos recursos públicos e a sensibilidade dos vereadores para com a realidade financeira dos seus representados. A urgência em beneficiar a própria classe, contrastando com a modicidade do auxílio concedido aos servidores, certamente ecoará no cenário político local.