Tiroteios já interromperam 22 vezes a operação de trens no Rio este ano


Desde o início deste ano, a operação do sistema de trens da SuperVia precisou ser alterada 22 vezes por conta de troca de tiros nas imediações da linha férrea. Desses casos, 17 ocorrências foram no ramal Saracuruna, três no ramal Belford Roxo e duas no de Santa Cruz. Os problemas — que, vão além da segurança — são tão frequentes que a diarista Denise Fonseca, de 54 anos, pensa se mudar de Saracuruna, em Duque de Caxias, onde mora. Ela contou que no sábado levou quatro horas, em três conduções (trem e dois ônibus), entre o Maracanã e sua casa. Tudo para fugir de um tiroteio na altura de Parada de Lucas, que levou pavor aos passageiros de trem.

— Saí do trabalho às 18h e só consegui chegar em casa às 22h. Estou doida para me mudar daqui. Trem só vive ruim — queixou-se.

O tiroteio ao qual a passageira se referia foi na Avenida Brasil. A Polícia Militar informou, na ocasião, que tudo começou quando agentes do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE) foram acionados para verificar a informação de que um policial militar de folga teria entrado por engano em uma rua próxima à estação de Parada de Lucas. Lá acabou dando de frente com bandidos armados. Imagens que circularam na internet mostraram passageiros agachados dentro de vagões, para se proteger.

A semana acabou como começou para os usuários de trem. Na segunda-feira, um outros tiroteio ocorrido pela manhã interrompeu a circulação no ramal de Saracuruna por 15 minutos, entre 8h27 e 8h42. O confronto foi entre os bairros de Campos Elíseos e Gramacho, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, segundo informações da Polícia Militar.

Atraso, lotação e goteira

Na terça-feira, a recepcionista Rita de Cássia de Souza, de 28 anos, sai de casa com duas horas de antecedência para não se atrasar para o trabalho, no Centro do Rio. Mas ontem a precaução não foi suficiente. Apesar de ter embarcado no trem em Gramacho às 6h, desembarcou na Central do Brasil só às 8h30, uma hora e meia depois do que costuma ocorrer diariamente. Em dias sem nenhum transtorno, o que é uma raridade, a viagem termina por volta das 7h.

Superlotação em trem do Ramal Saracuruna, ontem, às 9h
Superlotação em trem do Ramal Saracuruna, ontem, às 9h Foto: Foto de leitor

— Cheguei na estação por volta das 6h e o trem deu partida às 6h15. Ele foi se arrastando e, em cada estação lotava ainda mais, além de ficar parado cerca de 10 minutos. Em Ramos, foram 40 minutos. Infelizmente, um desconforto muito grande, por conta da aglomeração e do atraso — reclamou.

A irregularidade, ontem, foi provocada por um problema no sistema de sinalização nas imediações da estação Manguinhos, solucionado por volta das 9h40. O ramal de Belford Roxo também foi afetado. No ramal de Santa Cruz, outro problema: se a chuva castigava a cidade do lado de fora, num vagão, teve passageiro abrindo guarda-chuva para se proteger de goteiras.

Passageira usa guarda-chuva para se proteger de goteira
Passageira usa guarda-chuva para se proteger de goteira Foto: Reprodução da internet

O gestor de logística Douglas Mendonça, de 32 anos, contou que, por conta dos atrasos, viajou num trem lotado, que ficou parado 15 minutos na estação Gramacho.

— Todo dia é um problema diferente — lamentou Janete Monteiro, de 26 anos, que sofreu ontem para chegar ao trabalho, no Méier — O ramal Gramacho estava horrível esta manhã. Para variar atrasos e problemas de comunicação do maquinista com os passageiros. Parou várias vezes em algumas estações e demorava para sair — completou.

Sobre a goteira no vagão, a SuperVia informou que a composição em questão foi levada para reparos na oficina. A respeito da superlotação, afirmou que a taxa de ocupação dos trens, que tem se mantido abaixo do percentual máximo de 60%, estabelecido pelo decreto estadual 47.228/20. Já com relação às interrupções por tiroteio, a concessionária lamentou. A Agetransp disse que vai apurar o ocorrido no sistema ontem pela manhã.





Fonte: G1