Suspeito de ‘pirâmide’ que tinha mais de R$ 15 milhões em espécie é levado para audiência de custódia no Rio | Rio de Janeiro


Glaidson Acácio dos Santos, preso na quarta-feira (25) na Operação KryptosAgentes, da Polícia Federal, foi levado para audiência de custódia nesta sexta-feira (27). Ele é suspeito de chefiar um esquema de pirâmide financeira e foram apreendidos mais de R$ 15 milhões em espécie na casa dele.

Ao lado dele na foto, estão Arthur dos Santos Leite, apontado como “trader” da empresa; e Guilherme Silva de Almeida, que é sócio de uma das empresas de Glaidson. Os dois também vão passar por audiência de custódia.

Dinheiro apreendido pela PF em operação que prendeu suspeito de golpe pirâmide é contado

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A ação foi comandada por PF, Ministério Público Federal (MPF), Receita Federal e Procuradoria da Fazenda Nacional. Glaidson é suspeito de fraude que movimentou “cifras bilionárias”.

PF encontra R$ 20 milhões em espécie na casa de dono de empresa suspeita de pirâmide financeira

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VÍDEO: Imóveis de luxo no RJ estão na mira da PF em operação contra pirâmide financeira

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Segundo as investigações, Glaidson, cujo histórico profissional era de garçom, movimentou em pouco tempo R$ 2 bilhões em suas contas.

Ele foi preso em uma mansão na Barra, na Zona Oeste do Rio. Policiais apreenderam na casa dele reais, dólares e euros em espécie e até barras de ouro. O Bom Dia Rio apurou que o volume de dinheiro vivo surpreendeu até os agentes que participam da ação: “Nem na Lava Jato”, disse um.

Ainda de acordo com os agentes, a GAS também se apresentou como proprietária de R$ 6,9 bilhões apreendidos em Búzios.

No início da tarde, na porta da Superintendência da Polícia Federal do Rio, na Praça Mauá, o advogado de Glaidson, Thiago Minagé, deu entrevista.

“Foi uma surpresa. Não esperávamos isso, não tínhamos conhecimento de algum tipo de procedimento ou investigação que pudesse levar a tal situação. 20 milhões é uma quantia exacerbada e alta. Mas não é uma quantia que você possa afirmar que é oriunda de prática criminosa. Ganhar dinheiro, ter R$ 20 milhões em casa, isso por si só não é um crime. A partir de agora, a gente vai ver qual vai ser o caminho a seguir e traçar”, afirmou o advogado.

Entenda como funciona a pirâmide financeira

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As equipes saíram para cumprir nove mandados de prisão e 15 de busca e apreensão no RJ, São Paulo, Ceará e Distrito Federal.

Até a última atualização desta reportagem, além de Glaidson, um homem havia sido preso no Aeroporto de Guarulhos (SP), tentando fugir para Punta Cana, na República Dominicana. Outros três suspeitos, segundo a PF, também foram detidos.

Balanço de apreensões e prisões

  • 15 mandados de busca e apreensão cumpridos;
  • 5 presos, sendo 3 no estado do Rio e 2 em SP, no Aeroporto de Guarulhos (GRU), sendo 1 deles preso, também, em flagrante, por evasão de divisas ($ 25.434);
  • 591 Bitcoins, na cotação de hoje, aproximadamente, R$ 147.750.000,00 em criptomoedas;
  • 21 veículos de luxo;
  • Diversos relógios de alto valor;
  • Joias;
  • Celulares e demais aparelhos eletrônicos;
  • Documentos diversos.

O Fantástico desta semana mostrou que a GAS era investigada há dois anos pelo esquema, mas se disfarçava de consultoria em bitcoins, uma moeda digital (relembre abaixo).

Empresas de bitcoins são investigadas por golpe na Região dos Lagos

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Lucro ‘fácil’ em ‘criptomoedas’

Glaidson prometia lucros de 10% ao mês nos investimentos em bitcoins, mas a força-tarefa afirma que a GAS nem sequer reaplicava os aportes em criptomoedas, enganando duplamente os clientes.

A empresa de Glaidson tinha muitos investidores em Cabo Frio, na Região dos Lagos fluminense, que se tornou um paraíso dos golpes do tipo pirâmide financeira e ganhou até o apelido de Novo Egito, como o Fantástico mostrou há duas semanas.

“Nos últimos seis anos, a movimentação financeira das empresas envolvidas nas fraudes apresentou cifras bilionárias, sendo certo que aproximadamente 50% dessa movimentação ocorreu nos últimos 12 meses”, informou a PF.

A GAS não tinha site nem perfis em redes sociais, e o telefone disponível na Receita Federal não funcionava.

Os mandados foram expedidos pela 3ª Vara Federal Criminal do Rio. Também fazem parte da força-tarefa o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPF) e a Procuradoria de Fazenda Nacional.

Glaidson Acácio dos Santos, preso na Operação Kryptos — Foto: Reprodução/TV Globo

Um registro do Ministério do Trabalho mostra que até 2014 Glaidson recebia pouco mais de R$ 800 por mês como garçom.

Em fevereiro deste ano, Glaidson fez uma festa de aniversário com direito a show do cantor João Gabriel. Dois meses depois, mais de R$ 7 milhões foram apreendidos em um helicóptero. O dinheiro estava em três malas e, segundo as investigações, seria levado para São Paulo por um casal que trabalhava para a GAS Consultoria Bitcoin.

Anteriormente, em um depoimento à polícia, Glaidson negou negociar criptomoedas. Alegou que atuava com “inteligência artificial, tecnologia da informação e produção de softwares”. Já para os clientes, o empresário dizia que investia no ramo das criptomoedas havia nove anos.

Além da GAS Consultoria Bitcoin, pelo menos dez empresas que oferecem investimentos com lucro alto e rápido na cidade são alvo de investigação.

Carro de luxo na casa de Glaidson Acácio dos Santos, preso pela PF — Foto: Reprodução/TV Globo

Carro de luxo na casa de Glaidson Acácio dos Santos, preso pela PF — Foto: Reprodução/TV Globo

Carros da PF no condomínio onde mora Glaidson Acácio dos Santos — Foto: Reprodução/TV Globo

BITCOIN E PIRÂMIDE FINANCEIRA



Fonte: G1