Sétima cidade mais antiga do Brasil, Cabo Frio celebra mais um aniversário com reflexões sobre seu passado e futuro

Cabo Frio comemora nesta quarta-feira (13) mais um aniversário de emancipação político-administrativa, e com ele surge uma oportunidade de revisitar sua rica trajetória histórica. Desde os primeiros passos de sua história, a maior cidade da Região dos Lagos foi palco de disputas e interesses coloniais devido à sua posição no litoral fluminense, que a tornava um ponto crucial para o comércio e a defesa militar durante o período colonial.

A construção do Forte São Mateus, uma das primeiras fortalezas da região, é um testemunho dessa época de intensa atividade defensiva e econômica. Erguido para proteger a costa de invasões estrangeiras e ataques indígenas, o forte se tornou símbolo de resistência e proteção.

Praça Porto Rocha (Foto: Arquivo Pessoal)

Ao longo dos séculos, a cidade se consolidou como um importante entreposto de comércio e pesca, sendo também um ponto de encontro de diferentes culturas. Durante o Brasil Colônia, Cabo Frio se destacou pela produção de sal, que foi por muito tempo uma das bases de sua economia. A exploração do sal, assim como as atividades pesqueiras, foi responsável por moldar a vida de gerações de cabo-frienses, influenciando tradições e hábitos que permanecem até hoje.

Vista de Cima – Canal do Itajuru (Foto: Arquivo Pessoal)

Nos períodos seguintes, com a expansão urbana e a chegada de novas ondas de desenvolvimento, a cidade passou a ter um papel mais voltado ao turismo. Esse crescimento, entretanto, também trouxe desafios: a ocupação desordenada, a necessidade de preservar o patrimônio histórico e a dependência crescente do turismo de praia. Como lembra a historiadora Meri Damasceno, essa dependência do turismo de sol e mar gerou uma espécie de “estagnação cultural”, em que os monumentos e o legado cultural da cidade foram, aos poucos, perdendo destaque e cuidado. “Pode ser uma das mais antigas cidades do país, mas infelizmente para a grande maioria não levado em conta. Muitas vezes por desinformação”, conta.

Hoje, pontos históricos como o Convento Nossa Senhora dos Anjos, fundado no século XVII, e a Casa de Cultura José de Dome – um espaço que guarda e expõe parte da herança cultural da região – são lembranças visíveis de um tempo de grandeza histórica que precisa ser protegido. Esses locais, embora ainda valorizados, nem sempre recebem a atenção necessária para uma preservação adequada.

Convento Nossa Senhora dos Anjos (Foto: Wolney Teixeira)

A história de Cabo Frio, que já foi marcada por sua relevância estratégica e econômica, corre o risco de se diluir se não houver esforços para equilibrar o turismo com o cuidado cultural.

Fonte: Fonte Certa