Profissionais de hospital estadual protestam contra atrasos de salários em Saquarema, no RJ




Servidores do HE Lagos contam que estão sem receber há dois meses. Unidade que é referência na região já está com atendimento comprometido. Sem receber pagamento há dois meses, servidores do Hospital Estadual dos Lagos, em Saquarema, protestam e restringem atendimento na unidade
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Profissionais de saúde que trabalham no Hospital Estadual dos Lagos – Nossa Senhora de Nazareth, em Saquarema, na Região dos Lagos do Rio, fizeram um protesto neste sábado (11) contra o atraso no pagamento dos salários.
Os servidores contam que estão sem receber desde maio e ainda não há previsão para o pagamento do mês de junho. Os funcionários que moram longe já estão sem dinheiro até para pagar a passagem para ir trabalhar.
“Tem gente passando necessidade. Tenho colegas que precisam comprar remédios pros filhos. Tem uns que têm filhos com asma, com diabetes… É uma questão de honra, né, você poder comprar um medicamento pro seu filho. É um absurdo o hospital não pagar. Tem gente que não tem o que comer”, disse uma funcionária que não quis se identificar.
Funcionários do HE Lagos, em Saquarema, protestam contra atrasos de salários
A unidade de Saúde é administrada pela organização social Cruz Vermelha, que também administra o Hospital Estadual Roberto Chabo, em Araruama. O problema de atraso nos salários também é vivido por funcionários da UPA pediátrica de São Pedro da Aldeia, que era administrado pela OS Lagos Rio.
“Além da luta contra a Covid-19, que deixa nossa mente atordoada, a gente ainda tem que pensar que vai ficar sem receber. Imagina sair de casa pra salvar vidas trabalhando desse jeito? Tá muito ruim de trabalhar”, contou a funcionária do HE Lagos.
Funcionários de hospital estadual no RJ penduram faixa preta em protesto contra atraso de salários há dois meses em Saquarema
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Devido aos atrasos, o HE Lagos deixou de realizar os atendimentos de emergência e está funcionando apenas para casos graves.
A unidade é referência em maternidade para gestantes de Saquarema e cidades vizinhas, mas está atendendo apenas gestantes de alto risco.
Servidores contaram, ainda, que tem médicos se demitindo por causa da falta de pagamento.
“Já estamos há dois meses com salário atrasado. Já sofremos com falta de insumo no hospital. Não tem sedativo, já estão faltando alguns antibióticos. Isso vem atrapalhando muito nosso atendimento e o prognóstico dos nosso pacientes. Não tá havendo repasse pelo governo do estado. Não tem tido preocupação com a saúde. Quem sofre é a população”, disse um médico que atua no HE Lagos.
Funcionários de hospital estadual no RJ protestam contra salários atrasados há dois meses em Saquarema
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O hospital de grande porte tem um Centro de Terapia Intensiva (CTI) que recebe pacientes do Estado através do serviço de regulação de vagas. O CTI recebe, inclusive, pacientes com Covid-19.
“De qualquer forma a gente ainda recebe alguns pacientes, mesmo sem ter insumos de grande importância como sedativos, antibióticos… Alguns pacientes nós enviamos de volta pra unidade de origem. Insumos básicos a gente tem porque algumas unidades ajudaram a gente nos últimos tempos, por troca ou por ajudar mesmo. Mas pacientes críticos, que é o nosso perfil porque atendemos 9 municípios da Baixada Litorânea, nós não temos [como atender]”, disse uma servidora do HE Lagos.
Posicionamento da OS e do Estado
Por meio de um ofício enviado ao Complexo Hospitalar dos Lagos no dia 9 de julho, a Organização Social (OS) Cruz Vermelha informou que já enviou um ofício à Secretaria Estadual de Saúde (SES) relatando sobre a ausência do repasse e das consequências diretas que o atraso tem no pagamento dos profissionais, na aquisição de insumos e materiais médicos, assim como nos contratos.
A Cruz Vermelha disse ainda que, apesar da promessa por parte da SES de que o repasse seria normalizado até o dia 3 de julho, a expectativa não se concretizou.
A OS ressaltou que a SES já realizou empenho das despesas referentes ao mês de junho e que acredita que a liquidação e pagamento deverão ocorrer nos próximos dias.
“Importante frisar que sabemos o impacto e as dificuldades que o atraso no pagamento de salário acarreta aos funcionários, estamos tentando a todo custo regularizar essa situação, porém a mesma não depende exclusivamente da Cruz Vermelha, a regularização do pagamento está condicionada ao repasse dos valores pactuados”, diz um trecho do documento da OS.
Questionado pelo G1 sobre o atraso, a Secretaria de Estado de Saúde informou que encontrou um problema de cálculo financeiro que impediu o repasse de verba para o Complexo Lagos, administrado pela organização social Cruz Vermelha Brasileira. A SES trabalha para resolver o problema, de forma que o pagamento possa ser liberado até o início da próxima semana.
Em relação à UPA Pediátrica de São Pedro da Aldeia, a SES informou que repassou R$ 702 mil à OS Lagos Rio, para pagamento de pessoal e custeio da unidade. Devido aos trâmites bancários, os valores têm até três dias para entrar em conta.
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Fonte: G1