A Praia do Siqueira, em Cabo Frio, clama por socorro diante de um cenário de poluição que teima em persistir, e a atuação da concessionária PROLAGOS, responsável pelo saneamento na região, permanece sob questionamento. Longe de ser uma novidade, a contaminação da enseada, que desagua na já fragilizada Lagoa de Araruama, é uma ferida aberta que expõe a aparente incapacidade ou falta de prioridade da empresa em solucionar o problema de forma eficaz.
As denúncias de moradores e as constatações de órgãos ambientais em 2025 ecoam um histórico preocupante. A lama e o forte odor fétido, como relatado em fevereiro, são sintomas visíveis de um desequilíbrio ambiental grave. Embora a PROLAGOS anuncie obras de ampliação da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) local, transformando-a em uma unidade terciária, a morosidade e a efetividade dessas intervenções são postas em dúvida pela persistência da poluição.
A alegação da PROLAGOS, em ocasiões passadas, de que a abertura de comportas da ETE durante as chuvas seria necessária para evitar alagamentos na cidade, soa como um paliativo inaceitável. Transferir o problema para a Lagoa de Araruama, liberando esgoto in natura, demonstra uma visão estreita e pouco comprometida com a saúde ambiental da região. A insistência em um sistema de tratamento a “tempo seco”, que colapsa em períodos de chuva, escancara a falta de planejamento e investimento em infraestrutura adequada para uma área com alta sazonalidade turística e pluvial.
Enquanto a PROLAGOS divulga avanços nas obras da ETE e na implantação de cinturão coletor de esgoto, a realidade na Praia do Siqueira é de uma poluição teimosa, que afeta o ecossistema e a qualidade de vida dos moradores. A morosidade na conclusão das obras e a falta de transparência nos resultados dos investimentos geram desconfiança na comunidade.
A questão que paira é: até quando a Praia do Siqueira e a Lagoa de Araruama suportarão essa negligência? A PROLAGOS, como concessionária com a responsabilidade de garantir o saneamento adequado, precisa apresentar soluções urgentes e efetivas, que vão além de paliativos e promessas de longo prazo. A saúde ambiental da região não pode esperar pela boa vontade de uma empresa que, ano após ano, vê a poluição persistir sob sua gestão. A cobrança por ações concretas e resultados visíveis é um clamor da população que não pode mais ser ignorado.
Assista o vídeo de um pescador falando sobre todo este descaso