Polícia identificou 20 mil compras de aulas pirateadas por quadrilha do Rio. Clientes podem responder por receptação

Nesta terça-feira (21/07), equipes policiais prenderam nove pessoas nos estados do Rio de Janeiro e em Minas Gerais, por pirataria de cursinhos preparatórios para concursos públicos e outros cursos de extensão. Segundo o delegado Luiz Henrique Marques, da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (DCAV) quem comprou materiais hackeados pela quadrilha, como videoaulas, pode responder pelo crime de receptação, cuja pena vai até a quatro anos de reclusão.

“Se essas pessoas passaram em concurso público, podem ser reprovadas por falta de idoneidade moral, um requisito básico em qualquer certame”, afirmou o delegado. “Levantamos milhares de contas cadastradas no site investigado. Pelo IP, conseguimos chegar aos compradores”, emendou Marques. Em geral, videoaulas de cursinhos legais não podem ser baixadas e armazenadas no computador ou na nuvem particular dos alunos. As matérias são protegidas por criptografia.

O delegado explicou que escolas preparatórias mantêm os conteúdos em streaming; quando um concurseiro os acessa, o sistema coloca o CPF do matriculado no fundo em marca d’água — para inibir que se grave ou filme a tela, a fim de compartilhá-los.
Segundo as investigações, Lothar Alberto Rossmann usava conhecimentos avançados de Tecnologia da Informação para vencer a criptografia e baixar as videoaulas sem marca d’água.

Na sequência, a quadrilha oferecia os cursos inteiros, em sites de compra e venda, e dava acesso a pastas na nuvem para quem comprasse os pacotes pirateados. A polícia afirma ainda que a quadrilha mantinha várias contas piratas anunciando as videoaulas roubadas, tanto para forjar concorrência, quanto para manter alternativas no ar quando os cursos legais conseguiam derrubar algumas delas.

A OPERAÇÃO BLACK HAWK

A Polícia Civil prendeu nove pessoas e cumpriu 19 mandados de busca e apreensão.
Segundo as investigações, a quadrilha invadia sistemas há pelo menos 20 anos e faturou R$ 15 milhões anunciando apostilas e videoaulas pirateadas – vendidas por valores menores. Os prejuízos das empresas cujo conteúdo foi hackeado chegam a R$ 67 milhões. Os cursos pirateados eram para a área de segurança pública – como Polícia Civil, Polícia Federal e Rodoviária Federal – e para carreiras fiscais e jurídicas.

VEJA QUEM FORAM OS PRESOS NESSA OPERAÇÃO

Alessandro Jesus Cabral, soldado PM;
Antonio de Jesus Cabral, irmão de Alessandro e apontado como chefe da quadrilha;
Veronica de Jesus Conceição, mãe de Alessandro e Antonio, suspeita de ser laranja;
Gilmar de Jesus da Costa;
Caio Victor Oliveira dos Santos;
Nelson Faria Coelho Junior;
Daniel Azeredo dos Santos;
Leticia Adele Cardoso Rossmann;
Lothar Alberto Rossmann – apontado como o hacker que invadia páginas de cursos para roubar conteúdo.

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Fonte: Portal G1
Fotos: divulgação