Com um ano e cinco meses, Felipe Miguel é símbolo de recomeço. A mãe, Maria Alvim, só agora, dois anos depois, voltou onde a casa de dois quartos já não existe mais. Maria Alvim e o filho, Felipe Miguel, são sobreviventes da tragédia em Petrópolis, em 2022
Carlos Miranda/g1
Em meio à maior tragédia da história de Petrópolis, na Região Serrana do Rio, o coração de Felipe Miguel continuava batendo ainda no ventre da mãe, que lutava por duas vidas enquanto era arrastada por mais de 50 metros pela lama.
“Eu lembro que só deu tempo de levantar, e, quando vi, a casa estava quebrando e caiu tudo”, conta Maria Alvim.
Em meio a maior tragédia da história de Petrópolis, nasce a esperança de uma vida nova
Dois anos depois da devastação que deixou 235 mortos e dois desaparecidos, em 15 de fevereiro de 2022, Maria teve a coragem de voltar ao bairro Caxambu, onde a casa de dois quartos já não existe mais. Grávida de três meses e com 19 anos na época, a jovem ficou presa embaixo dos escombros.
“Eu estava sendo um tempo arrastada e precisava respirar. Eu orava ao senhor que eu queria sobreviver, que meu bebê sobrevivesse”.
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Maria conta ainda que ficou em choque, mas o instinto materno falava mais alto.
“Eu realmente estava muito ferida, mas a minha maior preocupação era o bebê. Quando eu cheguei no hospital e vi que o bebê estava bem, foi a maior felicidade e aquele susto todo passou”.
A mãe sofreu uma fratura do braço, escoriações pelo corpo e teve que ficar internada por 31 dias. A gravidez necessitou de atenção especial, mas o pequeno Felipe Miguel nasceu cheio de saúde no dia 29 de agosto, no mesmo hospital onde maria se recuperou da tragédia.
Alívio também para o pai, Felipe Alvim, que não desistiu de acreditar.
“O principal é ter fé, eu sei que é difícil, mas eu levei tudo com mais leveza depois que eu acreditei que tudo ia dar certo”, disse.
Para a família, hoje, Felipe Miguel, com um ano e cinco meses, é símbolo de esperança e recomeço.
“Eu olho pra ele assim e eu vejo um milagre. Hoje eu não tenho casa, não tenho nada, mas eu tenho a minha família”, se emociona Maria.
G1 Região Serrana