memorial com 4 mil nomes de vítimas é inaugurado no Cemitério da Penitência


Foi lançado nesta manhã o Memorial em homenagem às vítimas da Covid-19, no Cemitério da Penitência, na Zona Portuária. A escultura In-Finito, de cerca de 40 metros, tem quatro mil nomes gravados de pessoas que faleceram em decorrência do vírus e foram enterrados ou cremados ali. A peça de três toneladas de aço oxidado tem o formato de ondas e é modular, o que permite a continuidade neste ou em outros cemitérios.

A arquiteta responsável pelo projeto, Crisa Santos, explica que o projeto, iniciado em junho, está à disposição, como doação, para ser copiado em outros cemitérios.

— A ideia é acolher as famílias e parentes que ficaram e muitas vezes não tiveram a chance de uma despedida.

A estética fluida da escultura é uma metáfora à eternidade. Erguida em módulos, a obra é composta por desenhos em espiral e linhas circulares que têm como significado a perenidade. A arquitetura inclui bancos e passagens que dão o sentido de pertencimento do mundo.

— A idealização da obra a céu aberto foi para oferecer um local em que os visitantes possam meditar e se conectar com quem partiu. Isso ajuda a ressignificar a morte, especialmente na pandemia, que inviabilizou as despedidas —, explicou Crisa, que possui especialização em neurociência pela PUC/RS e há dez anos estuda o comportamento de enlutados, em parceria com médicos, psicólogos e outros especialistas.

Crisa Santos, arquiteta que criou o Memorial In Finito
Crisa Santos, arquiteta que criou o Memorial In Finito Foto: FABIANO ROCHA / Agência O Globo

A empresária Giselle Marie Matuk Diniz conseguiu dar o último adeus ao pai, um dos homenageados, Geraldo Diniz, por um vidro apenas.

— Ele ficou 13 dias internado. Tenho uma amiga no hospital que me passava as atualizações, mas não podia vê-lo. Não pude me despedir com um abraço. Fizemos uma cerimônia rápida e o caixão tinha uma parte de vidro, só assim pode ver meu pai pela última vez.

Já a dona de casa Juliane Firmino Souza perdeu o marido, Carlos Lauriano, há cinco meses. Para ela, a homenagem é interessante mas não acalma o sentimento da perda: — Nada traz de volta.

O superintendente do Crematório e Cemitério da Penitência, Alberto Brenner Júnior explica que, como medida de segurança, os velórios têm sido curtos, apenas com a família.

— Os pacientes entram na internação e, quando morrem, vão direto para a cremação, é como desaparecessem. Isso é muito doloroso para as famílias. Por isso, fizemos uma tenda aberta e tem o caixão com visor de vidro para que haja esta despedida.

De acordo com o boletim divulgado hoje pelo Estado, o Rio registra 17.677 mortes e 251.909 casos confirmados por coranavírus. Há ainda 409 óbitos em investigação e 354 foram descartados. Entre os casos confirmados, 228.996 pacientes se recuperaram da doença. Do total de vítimas, o Rio é onde há mais vítimas: 10.495 mortes e 98.162 casos.

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Fonte: G1