Médico fala sobre experiência ‘inesperadamente gigantesca’ em Gaza e esperança de voltar para casa após cessar-fogo | Região dos Lagos


Diogo deveria ter voltado para casa nesta quinta-feira (20), mas o conflito o impediu de sair do galpão da ONU, localizado em Gaza, onde estava antes do cessar-fogo ser anunciado.

“Ninguém entra e ninguém sai. A gente não consegue sair daqui, eu não consigo ir na calçada aqui da frente do lugar onde eu tô”, contou o médico antes do cessar-fogo.

Médico ortopedista Diogo Fagundes fala sobre a experiência em Gaza durante o conflito — Foto: Reprodução/Inter TV

O cessar-fogo “mútuo e simultâneo” foi iniciado às 2h de sexta-feira (20h de quinta-feira em Brasília).

Diogo está há cinco semanas em Gaza. Essa foi a primeira missão dele pelo programa Médicos Sem Fronteiras. O cabo-friense foi para fazer cirurgias reparadoras em palestinos feridos à tiros nas pernas, mas o novo conflito trouxe novas vítimas ainda mais graves.

Casa destruída por ataque aéreo israelense na cidade de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, em 19 de maio de 2021 — Foto: Yousef Masoud/AP

“O nosso foco de tratamento mudou. Passou da cirurgia eletiva, que era o nosso projeto inicialmente, para cirurgia de emergência”, afirmou Diogo.

A maior escalada de violência na região nos últimos anos teve início no dia 10, e deixou pelo menos 244 mortos em dez dias, sendo 232 em Gaza e 12 em Israel. O poder de destruição dos ataques à Palestina foi tão sério, que dificultou até a chegada ao hospital.

“As estradas estão muito danificadas e a gente não consegue acesso com tanta facilidade ao próprio hospital que a gente apoia”, disse o médico.

Destroços de um edifício que era usado pelo Hamas em Gaza, em 11 de maio de 2021 — Foto: Suhaib Salem/Reuters

Diogo está num dos pontos mais perigosos do Oriente Médio. Agora, com o cessar-fogo, as experiências voltam com ele e fica a esperança de um tempo de paz para a região. O médico agora espera a abertura da fronteira para poder embarcar de volta para o Brasil.

“Por mais que eu tenha vindo para cá para fazer cirurgias e tenha aprendido muito, e ensinado também aos médicos e cirurgiões daqui de Gaza, no final das contas, o meu crescimento pessoal, emocional, essa experiência de vida está sendo inesperadamente gigantesca”, disse o médico.



Fonte: G1