Justiça aceita denúncia contra Carlinhos da Barreira, vereador de Duque de Caxias acusado de chefiar quadrilha de agiotas | Rio de Janeiro


A Justiça aceitou a denúncia contra o vereador de Duque de Caxias Carlos Augusto Pereira Sodré, o Carlinhos da Barreira, do MDB. Ele foi preso nesta sexta-feira (22) acusado de chefiar uma quadrilha de agiotagem, e teria movimentado mais de R$ 60 milhões em cinco anos.

Carlinhos também é acusado por lavagem de dinheiro e fraude à licitação. O vereador está no terceiro mandato consecutivo e foi o terceiro mais votado nas eleições de 2020.

Os PMs Ricardo Silva dos Santos e Carlos Alexandre da Silva Alves na Operação Barreira Petrópolis, uma força-tarefa da Polícia Civil do RJ e do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ).

Vereador de Caxias e dois policiais são presos em operação contra agiotagem

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Ricardo já foi subsecretário de Governo de Duque de Caxias e atualmente era secretário de Obras de Silva Jardim, na Região dos Lagos.

Carlos Alexandre servia à UPP Santa Marta, em Botafogo, na Zona Sul do Rio.

“O vereador recebeu, nas diversas contas bancárias mantidas por ele e por sua empresa, vários depósitos que somaram R$ 62 milhões, mesmo sem possuir receitas legais e declaradas que justificassem tamanha movimentação financeira”, afirmou o MPRJ.

Vereador Carlinhos da Barreira chega à Cidade da Polícia após ser preso na Operação Barreira Petrópolis — Foto: Henrique Coelho/g1

Carlos Augusto Pereira Sodré, o Carlinhos da Barreira (MDB) — Foto: Reprodução/TV Globo

Ameaça após empréstimo

De acordo com as investigações, Carlinhos da Barreira emprestou, em 2019, R$ 1 milhão a um empresário de Petrópolis do setor de compra e venda de automóveis. Em contrapartida, o vereador exigiu 3,5% mensais a título de juros, ou R$ 35 mil a cada mês.

Segundo a denúncia, um ano depois, quando o empresário não conseguiu honrar o compromisso, Carlinhos acionou os PMs Ricardo e Carlos Alexandre para ameaçá-lo de morte.

“Também foi determinado o sequestro de bens no valor de R$ 1 milhão, visando a ressarcir o prejuízo às vítimas”, acrescentou o delegado João Valentim, da 105ª DP (Petrópolis).

Agentes cumprem mandado na Operação Barreira Petrópolis — Foto: Reprodução

Em um ano de investigações, a força-tarefa também descobriu que Carlinhos da Barreira usou a sociedade empresária Sodré Serviços de Transportes e Locação de Máquinas e Equipamentos para lavar capitais. Em cinco anos, o vereador movimentou R$ 70 milhões.

A denúncia oferecida à Justiça relata a prática de fraude à licitação por parte do vereador. “A Madasa Comércio e Locações de Máquinas e Veículos manteve vínculo contratual com a Prefeitura de Duque de Caxias de 2013 a 2016, tendo repassado à empresa do vereador o montante de R$ 8.546.367,56, em 109 diferentes operações bancárias”, afirma o MPRJ.

Outras três empresas — a TGM Locação de Máquinas e Equipamentos, a V.F. da Rosa Refeições e a Hashimoto Manutenção Elétrica e Comércio —, também celebraram contratos administrativos com a Prefeitura de Duque de Caxias, entre 2017 e 2018, e repassaram R$ 4.193.624,62 para as contas da Sodré Serviços.

“As investigações também apontaram que, entre janeiro de 2015 e agosto de 2020, Carlinhos da Barreira dissimulou, de forma reiterada, a origem de R$ 62.360.738,52, provenientes das práticas criminosas denunciadas”, detalhou o MPRJ.

“Constatamos uma vultuosa movimentação financeira, que era totalmente incondizente com a renda formal e com a atividade empresarial por ele desenvolvida”, pontuou o delegado.

O promotor Rogério Sá Ferreira, do Gaeco, afirmou que também foram encontrados indícios de crimes tributários e de “rachadinha”.

Policiais cumprem mandado na Câmara de Vereadores de Caxias — Foto: Reprodução/TV Globo

A 1ª Vara Criminal Especializada no Combate ao Crime Organizado também expediu 17 de busca e apreensão. Um deles foi cumprido na Câmara de Vereadores de Caxias.

Equipes também foram para endereços em Guapimirim e na Barra da Tijuca e Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste do Rio.

A operação é uma parceria da 105ª DP (Petrópolis) com o Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco/MPRJ) e a Corregedoria-Geral da Polícia Militar.

O que dizem os envolvidos

A defesa do vereador Carlinhos da Barreira negou que ele tenha cometido os crimes descritos na denúncia.

Em nota, a Câmara Municipal de Duque de Caxias informou que o mandato é única e exclusivamente destinado ao gabinete do Vereador Carlinhos da Barreira, e se põe a disposição da justiça para qualquer esclarecimento que se fizer necessário.

A Prefeitura de Caxias afirmou que não tem contratos com a empresa do vereador, mas não disse se vai fiscalizar os contratos das empresas que, segundo o MP, repassam dinheiro para Carlinhos da Barreira.

A Polícia Militar informou que a Corregedoria apoiou a operação e que os policiais presos vão ser levados pra unidade prisional da PM.

O RJ2 procurou a Prefeitura de Silva Jardim, mas não teve retorno.



Fonte: G1