Expedição Anamauê cruza o temido Cabo de São Thomé, em Campos, e chega em Búzios

Seis remadores e velejadores do Rio e do Espírito Santo saíram no dia 24 de dezembro de Arraial D´Ajuda (BA). Após três dias em Barra de São João, tripulação cruzou o temido Cabo de São Thomé e já está em Búzios rumo à Niterói. Previsão é completar o trajeto até Niterói no final de semana, passando antes por Arraial do Cabo.

A 4ª edição da Expedição Anamauê ultrapassou seu ponto talvez mais crítico neste último final de semana. A tripulação conseguiu cruzar o temido Cabo de São Thomé, na região de Campos, no Norte do Rio de Janeiro, e após passar por Macaé aportou em Búzios, na praia de Manguinhos.

Os velejadores/remadores do Rio de Janeiro e do Espírito Santo tiveram que ficar três dias parados na praia de Grussaí, em Barra de São João, por conta de condições adversas de vento e do mar e no sábado (10/01) navegaram 140km e 15 horas cruzando o Cabo de São Thomé e chegando em Macaé no mais longo trecho até o momento.

Neste domingo (11/01) eles tiveram outro enorme desafio indo até Búzios. Apesar do trecho menor, a canoa havaiana apelidada de Jubarte sofreu avarias e a tripulação vai levar dois dias para reparar e ainda aguarda janela melhor do tempo para seguir viagem, prevista para quinta-feira (14/01)

Os remadores/velejadores já percorreram 900km desde a saída de Arraial D´Ajuda no dia 24 de dezembro, em um trajeto inédito e maior do país para uma canoa V6 de seis lugares com vela adaptada. O próximo destino, na quinta-feira, é Arraial do Cabo, que deve ser o penúltimo. A chegada na praia de Jurujuba em Niterói deve ocorrer até o fim de semana.

“O sábado foi um dia longo, entramos no mar às 5 da manhã, quase não conseguimos entrar, tomamos ondas na cabeça, saímos, entramos de novo, chegamos em Macaé. Cruzamos o Cabo de São Thomé. Quase 140km, 15 horas de mar. Foi muito duro. Virou endurance mesmo. No domingo mais um dia duro, mar mais casca grossa que enfrentamos até aqui. pegamos ventos muito difíceis de até 30 nós de través, testou limite psicológico e físico da galera depois de um sábado já bem complicado. O domingo foi bem desgastante, mas vencedor para o time. Depois de quatro horas lidando com ondas de mais de dois metros, 30 nós de vento, chegamos em Búzios com vinte minutos de lazer total, fazendo surfe da vida nas ondas. Foi uma batalha de uma vida com um oceano muito complicado.  Previsão de ventos muitos fortes essa semana . Só faltam mais dois dias. Ficaremos nesta terça e quarta buscando sair na quinta-feira bem cedo para chegar em Niterói no final de semana. Tentamos chegar antes, mas a janela de vento está complicada. Passamos dos 900km, faltam cerca de 160km, iremos passar dos 1000km, agora é mais dois dias de viagem e vamos chegar. É a reta final”, disse o niteroiense Douglas Moura.

A tripulação sofreu a baixa dos dois tripulantes de Regência (ES), Ranin Thomé e Dayana Gualberto tiveram que desistir e retornaram por terra para resolver problemas pessoais na cidade deles. A equipe foi prontamente substituída pelo bombeiro guarda-vidas niteroiense Guido Serafini e pelo carioca Francisco Viniegra, que rema há 15 anos e é atleta de canoa havaiana. A tripulação agora conta com três remadores de Niterói, dois cariocas e a capixaba Bárbara Guimarães.

O começo da aventura foi na sede da Canoa Polinésia Pataxó, em Arraial D´Ajuda, no sul da Bahia, com destino a Niterói (RJ), na praia de Jurujuba, na base do Centro de Estudos do Mar – CEM onde devem chegar no começo da próxima semana. O total percorrido será de 650 milhas náuticas, mais de 1.000km.

Dos 18 dias de expedição até aqui, eles navegaram e remaram em doze deles. O primeiro destino foi a praia de Corumbau, no município de Prado (BA), depois desembarcaram na praia do Prado (BA). Condições ruins impediram que a tripulação saísse no dia 26. No dia 27 foram para Nova Viçosa navegando e remando por 80km.

Na segunda-feira tiveram que abortar a chegada na divisa com o Espírito Santo por uma tempestade e desembarcaram na praia de Mucuri, a Costa Dourada. O último trajeto antes da virada do ano foi até Regência, o maior deles com 100km onde aportaram na base da Canoa Polinésia Pataxó, comandada por Ranin Thomé, um dos líderes da 4ª Expedição Anamauê.

No dia 2 rumaram para a capital do ES, Vitória. No dia 3 partiram em trajeto mais curto para Anchieta (ES) e no dia 4 foram para o extremo sul do estado, em Marataízes (ES) até cruzarem a divisa com o RJ na terça-feira passada onde foram obrigados a ficarem três dias esperando as condições do mar melhorarem.

O trajeto é inédito percorrendo o litoral sul da Bahia, todo o litoral do Espírito Santo, Norte, Região dos Lagos no Rio de Janeiro. Os tripulantes estão dias inteiros no mar sem o auxílio de equipamentos eletrônicos, apenas bússola e carta náutica.

Ela está sendo feita por intermédio de uma canoa havaiana V6 adaptada com duas velas que ficou pronta em parceria com a CORE VA´A.

A expedição pode ser acompanhada pelo aplicativo SPOT pelo link  e também pelo instagram da equipe @anamauevaa com fotos, vídeos e stories.

https://maps.findmespot.com/s/FZ3J

Os atletas estão levando seus mantimentos e equipamentos de dormir para quando não tiverem abrigo poderem dormir nas praias mais remotas pelo litoral.

O TRAJETO DOS REMADORES E VELEJADORES

Dia 24/12 – Arraial D´Ajuda – Ponta do Corumbaú (BA): 30 milhas náuticas

Dia 25/12 – Ponta do Corumbau (BA) – Prado (BA): 30 milhas

Dia 26/12 – Sem navegação – Condições ruins do mar

Dia 27/12 -Prado (BA) – Nova Viçosa (BA)

Dia 28/12 – Nova Viçosa (BA) – Mucuri (BA)

Dia 29/12 – Mucuri (BA) – Barra Nova (ES): 30 Milhas Náuticas

Dia 30/12 – Barra Nova – Regência (ES) : 54 Milhas Náuticas

Dia 02/01 – Regência (ES) – Vitória (ES): 40 Mn

Dia 03/01 – Vitória (ES) – Anchieta (ES):  35 Mn

Dia 04/01 –  Anchieta (ES)  – Marataízes (ES): 20Mn

Dia 05/01 – Marataízes (ES) – Barra de São João (RJ): 30 Mn

Dia 06/01 – Mar grande, tripulação em terra

Dia 07/01 – Mar grande, tripulação em terra

Dia 08/01 – Mar grande, tripulação em terra

Dia 09/01 – Barra de São João (RJ)  Macaé (RJ): 65 Mn

Dia 10/01 – Macaé (RJ) Búzios (RJ): 35 Mn

Dia 14/01 – Búzios (RJ) – Arraial do Cabo (RJ): 30Mn

*14º Dia Arraial do Cabo (RJ) Niterói (RJ): 65 Mn

* sujeito a alterações

TRIPULAÇÃO

DOUGLAS MOURA é natural de Niterói (RJ), mora em Jurujuba, tem 39 anos, fundador do Icarahy Canoa Clube, Niihau Aventuras Controladas e do Centro de Estudos do Mar. Capitão Amador, co-fundador do Anamauê e desbravador de diversas rotas de navegação de canoa havaiana e polinésia. Ele é atleta de Canoa Havaiana desde 2005. Em competição disputou provas como a Rio VA`A, Santo Amaro, Vendee VA`A (maior da europa e 2ª maior do mundo, na França), Vancouver Island Challenge (Canadá); Lotus VA`A Challenge.

FRANCISCO VINIEGRA, do Rio de Janeiro (RJ), rema há 15 anos, foi integrante da 1ª tripulação Anamauê, focado em travessias de longas distâncias e atleta de Canoa Havaiana

GUIDO SERAFINI, de Niterói (RJ), rema há seis meses, é bombeiro (guarda-vidas) , chega para somar no último trecho com a experiência de mar.

TAVO CALFAT é natural de Niterói (RJ), 47 anos, desenhista industrial, velejador desde os sete anos e remador de canoa desde os 2007. Passou boa parte da vida em barcos à vela, já realizou travessias oceânicas e inúmeras travessias menores. Na canoa tem títulos na Volta de Ilhabela (SP) e Rei de Búzios (RJ) onde mora hoje em dia.

DANIEL GOMEZ GNONE, 25 anos, natural do Rio de Janeiro. Engenheiro de Produção. Fundador do Granolas Mauka e remador do Calango Wa´A. Amante da natureza e do Va´A, tendo sido criado em contato com o mar, desenvolve projetos de reciclagem de plástico para a produção de peças para navegação.

BARBARA GUIMARÃES, de 29 anos, nasceu em Sto. André (SP), se radicou e, Vitória (ES), é oceanógrafa, instrutora e atleta de Va´A, do clube CPP Extreme . Apaixonada por canoa havaiana e com experiência de longas travessias.

SOBRE A CANOA HAVAIANA

Canoa Havaiana ou Polinésia, são nomes para determinar o esporte que surgiu na região polinésia e que originalmente é conhecido como Va´A, Wa´A ou Waka. A cultura da canoa existe há mais de 3 mil anos e elas foram inicialmente usadas pelos povos polinésios com a necessidade de colonizar novas terras na região polinésia, conjunto de ilhas do Pacífico que incluem Tahiti, Havaí.

Os povos polinésios usavam canoas como meio de transporte entre as ilhas e cada povoado construía suas canoas com características locais. No Havaí, que possui mar agitado, as canoas possuem curvatura de fundo envergada, e no Tahiti, as canoas possuem formato mais alongado e cockpit fechado.

No Brasil a cultura da prática do esporte da canoa havaiana ou polinésia só aumenta no decorrer dos anos para travessias, expedições e competições com destaques para clubes de canoas no litoral do Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo. Somente em Niterói (RJ) são 33 clubes de canoa com cerca de dois mil remadores. No Espírito Santo são 21 clubes, cerca de 1.500 remadores.

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