Francisco Guimarães Neto, pescador  - Reprodução/ instagram
Francisco Guimarães Neto, pescador. Foto: Reprodução/ instagram

Durante duas décadas existiu livre despejo de esgoto na Lagoa de Araruama, o que fez com que muitos peixes sumissem dali. Consequentemente, a pesca na região caiu, junto à renda dos pescadores. Contudo, de alguns anos para cá, a realidade é outra: com o saneamento dos efluentes do local, só neste ano, segundo dados do projeto universitário Imersão, onde são realizadas pesquisas de monitoramento da água bruta que abastece a região e dos efluentes das estações de tratamento devolvidos aos corpos hídrico, estima-se que, a cada emprego dentro d’água da maior laguna hipersalina em estado permanente do mundo, são gerados quatro outros trabalhos indiretos através de prestação de serviços.

Francisco Guimarães Neto, conhecido como Chico Pescador, vive da pesca em São Pedro da Aldeia desde que nasceu. Segundo afirma, toda sua linhagem pertence à classe Caiçara tradicional da cidade. Em depoimento, ele disse que os anos 1999 e 2000 – período crítico da Lagoa de Araruama, por conta da “praticamente morte sanitária” -, teve que pescar em outra região. “Nós saímos para pescar lá em Tubiacanga, no Rio de Janeiro. Ele contou, também, que muitos pescadores foram para o mar aberto e alguns se perderam no mundo das drogas.

Entretanto, atualmente, ele afirma que pode comparar o estado do local à década de 1980, devido à limpeza. “Com essa clareada que a lagoa deu, nós tivemos certeza do surgimento de mais espécies, principalmente a carapeba, que não gosta de água turva”, explicou o pescador.

Tendo como principais espécies capturadas camarão, perumbeba, carapeba e carapicu, a atividade pesqueira na lagoa movimenta cerca de R$ 2,5 milhões por ano de recursos na primeira venda. Estima-se, ainda, que, hoje em dia, cerca de 1.200 famílias sobrevivem desse tipo de trabalho na região.

Chico afirmou que, num dia bom, os pescadores conseguem arrecadar até 800 kg. “Mas tivemos momentos em que algumas embarcações conseguiram pegar de cinco a 10 toneladas de peixe. Isso não era possível nem antes do defeso. Nunca eu mesmo, como pescador, tinha visto isso acontecer. Então, enquanto todos os lugares você tem um declínio na atividade pesqueira, querendo ou não, na Lagoa a gente ainda mantém”, explicou o trabalhador.

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