Empresário gaúcho pode ter envolvimento com assassinato de turista catarinense em Arraial do Cabo

Uma reportagem veiculada pelo SBT Cidade revela uma reviravolta no caso do assassinato da turista catarinense Fabiane Fernandes, que foi morta em novembro de 2018, durante uma visita a Arraial do Cabo. Segundo a emissora, a Polícia Civil cabista ocultou, no inquérito, que a mulher estava acompanhada de um empresário gaúcho, com quem mantinha um relacionamento extraconjugal. Ele pode estar envolvido no crime.

Fabiane Fernandes, de 30 anos, era natural do Rio Grande do Sul, mas morava em Florianópolis (SC) há mais de 25 anos e era administradora de uma pousada.

Em 16 de novembro, a mulher desembarcou no aeroporto Galeão, no Rio de Janeiro e seguiu em direção a Cabo Frio, onde ficou hospedada em uma pousada no bairro Vila Nova. No dia seguinte, a administradora foi para Arraial do Cabo e ficou hospedada em um apartamento no bairro Prainha.

Fabiane Fernandes foi vista pela última vez em uma loja de conveniência do bairro Prainha. Em uma loja de conveniência, localizada em um posto de combustíveis, imagens de câmeras de segurança mostram Fabiane ainda com vida. Dali, ela teria seguido para uma trilha, segundo o inquérito, onde desapareceu.

O corpo da vítima foi encontrado três dias depois, em 21 de novembro, na Trilha da Graçainha,  conforme laudo do IML, com afundamento craniano e vestígios de violência sexual. Quase todos os pertences, como bolsa e celular, foram localizados, exceto a chave do apartamento onde estava hospedada, ainda segundo a reportagem.

APONTADO COMO AUTOR DO CRIME É PRESO EM SÃO PAULO

Um dia após a localização do cadáver, a polícia prendeu em São Carlos, no interior de São Paulo, Matheus Augusto da Silva, que na época tinha 21 anos. O jovem acampava próximo ao local onde o corpo de Fabiane foi achado. Conforme a advogada de defesa, Martha Dias, Matheus teria saído da cidade onde morava para conhecer a praia com um amigo. A reportagem veiculada pelo SBT relembra que, de acordo com o delegado responsável pelo caso na época, Renato Mariano, o rapaz teria apresentado contradições no depoimento. A advogada afirma que não há nenhuma ligação entre o acusado e Fabiane, e ele “sequer conhece a vítima”.

A reportagem revela que a quantidade de provas que faltavam para incriminar o jovem chamou a atenção dos advogados de defesa. Matheus foi denunciado pelo Ministério Público pelos crimes de feminicídio, estupro e ocultação de cadáver.

“O que apuramos é que possivelmente Fabiana foi convidada a vir. Atraída para vir para o Rio de Janeiro. Tanto que confirmamos depois, dentro do processo, em que nenhum momento ela estava sozinha”, declara a advogada Martha.

“AMIGO” ESTAVA COM FABIANE EM ARRAIAL

Um amigo da vítima, identificado como Cassius Machado, morador de Porto Alegre, que trabalha com vendas de produtos e tem negócios na região, foi ouvido no inquérito policial. Na época, em uma declaração ao Jornal Extra, o delegado confirmou que ele teria motivado a ida da administradora para Arraial.

“Foi ele quem comunicou o desaparecimento de Fabiane ao Corpo de Bombeiros. Ele contou que era amigo dela, e que em conversas pelo aplicativo Instagram a mulher viu fotos de Arraial do Cabo e quis muito conhecer a cidade”, declarou Mariano.

Foi nesse momento que a defesa de Matheus passou a desconfiar da conduta do delegado Renato Mariano.

“Segundo ele, ele omitiu, a pedido desse colega da Fabiane, que eles seriam amantes. Verificamos que não foi feita perícia no apartamento, que as imagens colhidas no celular da vítima e as mensagens trocadas não foram para dentro do processo”, conta a advogada.

Em imagens divulgadas pelo SBT, o delegado é questionado se o fato de Cassius dizer que era apenas amigo da vítima e depois afirmar ser amante não havia lhe chamado a atenção. Mariano responde que não viu, “no curso da investigação, elementos que levassem à desconfiança dele”. Ainda segundo o Renato, “é muito comum pessoas casadas tratarem amantes como amigos, porque não querem que a esposa descubra”.

POSSÍVEIS FALHAS DA POLÍCIA SÃO APONTADAS PELA DEFESA DE MATHEUS

Outras supostas falhas da Polícia Civil do Rio de Janeiro foram apontadas pela defesa do acusado.

“Estranhamente, em um crime dessa magnitude, a gente percebeu que as autoridades não recolheram as imagens das câmeras por onde Fabiane passou. Isso é de suma importância. Tanto das pousadas, do edifício onde ela ficou. Pra gente saber quem entrou, quem saiu, hora que ela saiu…, mas o delegado não achou isso relevante”, argumenta Martha Dias.

A defesa expõe ainda que começou a suspeitar de Cassius após os depoimentos. Em um primeiro momento, ele alegou que era apenas colega de Fabiane e que não tinha muitas relações com a vítima.

“Isso é muito estranho. Depois, em juízo, ele, quando confrontado com esses detalhes do processo, inclusive com o próprio depoimento do delegado, que passou a dizer que de fato eles tinham um relacionamento, ele foi e confirmou”, explica a advogada.

Em novas imagens divulgadas pela reportagem do SBT, Cassius é perguntado se havia solicitado ao delegado Renato Mariano que ocultasse a informação da mídia e dos autos do processo. O gaúcho afirma que chegou a conversar sobre a questão.

PRISÃO DE MATHEUS É REVOGADA E PROCESSO SERÁ RESPONDIDO EM LIBERDADE

Após quase dois anos preso, Matheus teve a prisão revogada pela Justiça de Arraial do Cabo, no último dia 16 de outubro, para responder ao processo em liberdade. A advogada afirma que a defesa já provou, “de todas as formas, que o Matheus não estava no local e não tem qualquer relação com o crime”.

Martha defende a hipótese de que Fabiana tenha sido de fato atraída para a Região dos Lagos e possivelmente a morte dela estava encomendada: “Colocamos isso dentro do processo e também sobre essa conduta desse suposto amigo que depois virou amante. Por que ele mentiu em juízo? Por que para o Ministério Público ele falou que era colega e depois, para a defesa, ele confirmou que era amante? Por que ele omitiu essa informação?”.

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Fonte: Redação / Plantão
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