CABO FRIO – A gestão do prefeito de Cabo Frio, Dr. Serginho Azevedo, já marcada por denúncias de inércia e descaso, atinge um novo patamar de repúdio com a chocante revelação de um procedimento conduzido pela própria prefeitura: o transporte forçado de pessoas em situação de rua para outra cidade, no Espírito Santo. A Defensoria Pública do Rio de Janeiro (DPRJ) agiu prontamente, abrindo um procedimento para acompanhar o caso, e a categórica declaração da defensora Cristiane Xavier de Souza ecoa a indignação de toda a sociedade civil: Cabo Frio, sob a batuta de Dr. Serginho, não pode se valer de expedientes abjetos para “higienizar” seu espaço urbano, exportando a extrema vulnerabilidade social para outros municípios.
As palavras da defensora são um golpe direto naquilo que parece ser uma política de exclusão travestida de “solução administrativa”. A ação da prefeitura, ao embarcar doze indivíduos que viviam em um abrigo local com a promessa falaciosa de emprego em uma fazenda em Linhares (ES), escancara uma crueldade inominável e uma profunda irresponsabilidade administrativa. Ao invés de oferecer soluções dignas e dentro do arcabouço de proteção social existente, a gestão Dr. Serginho optou por uma medida desesperada e desumana, abandonando à própria sorte cidadãos já fragilizados em um local estranho e sem o prometido suporte.
O relato das vítimas é estarrecedor. A promessa de um recomeço, de um emprego que lhes permitiria sair das ruas, revelou-se uma cruel farsa. Júlio César Freire, um pedreiro em situação de rua, depositou sua esperança na oferta feita pelo coordenador da Casa da Passagem de Cabo Frio, Thadeu Couto, acreditando em relatos de outros que supostamente teriam prosperado no Espírito Santo. A amarga realidade ao chegar em Linhares – sem trabalho e sem abrigo – expõe a manipulação e a falta de escrúpulos de quem orquestrou essa deplorável operação.
A defensora Cristiane Xavier de Souza é enfática ao sublinhar a obrigação da prefeitura de agir com responsabilidade e dentro das normativas do Sistema Único de Assistência Social (SUAS). O transporte de pessoas em situação de vulnerabilidade não pode ser equiparado a uma “agência de turismo”, e o poder público tem o dever de garantir que qualquer deslocamento seja acompanhado de um plano de acolhimento adequado na cidade de destino, com contato familiar e suporte assistencial garantidos. A negligência da gestão Dr. Serginho nesse aspecto é flagrante e configura um grave desrespeito aos direitos humanos dessas pessoas.
O depoimento de Adílio Menezes, um coletor de material reciclável levado sem sequer seus documentos, é um retrato da completa falta de planejamento e da irresponsabilidade da prefeitura. A promessa de que tudo seria resolvido no Espírito Santo soa como um deboche cruel diante da vulnerabilidade em que foram deixados. A narrativa do grupo, incluindo homens, mulheres, idosos, crianças e até uma gestante, abandonados em uma rua com a vaga promessa de um novo transporte que nunca se concretizou, clama por justiça e responsabilização.
A reação tardia e defensiva do prefeito Dr. Serginho, negando a promessa de emprego e moradia e limitando-se a afirmar que apenas cumpriu um “pedido de transporte” com recursos do SUAS, soa como uma tentativa pífia de eximir-se da responsabilidade. A versão do grupo, que aponta diretamente o coordenador Thadeu Couto como o autor da oferta enganosa, contradiz frontalmente a narrativa do chefe do executivo municipal. A discrepância entre as versões apenas agrava a desconfiança em relação à conduta da administração municipal.
Este episódio vergonhoso não apenas expõe a insensibilidade da gestão Dr. Serginho para com a população mais vulnerável de Cabo Frio, mas também levanta sérias questões sobre a legalidade e a ética de suas ações. A tentativa de “limpar” as ruas da cidade através da remoção forçada e do abandono de pessoas em outro estado é uma mancha indelével na reputação da administração municipal e clama por uma investigação rigorosa e punição exemplar dos responsáveis. A população de Cabo Frio, que já testemunha a paralisia administrativa em diversas áreas, agora se depara com uma crueldade institucional que exige uma resposta firme e imediata das autoridades competentes. A “solução administrativa” de Dr. Serginho revela-se, na verdade, um ato de barbárie social que envergonha a Região dos Lagos.