Evento realizado nesta quarta (27) faz parte do projeto “Somos Divas na Luz do Candeeiro”, realizado pela Prolagos em parceria com o Instituto Carlos Scliar
Na beira do canal do Itajuru, em Cabo Frio, no local que é um oásis de conhecimento e de lembranças do pintor modernista Carlos Scliar, a ancestralidade quilombola vem se transformado em arte nos últimos quatro anos. Por meio do projeto “Somos Divas na Luz do Candeeiro”, uma parceria da Prolagos e do Instituto Carlos Scliar, mulheres quilombolas da Baía Formosa, em Armação dos Búzios, e Maria Joaquina, em Cabo Frio, se revelaram verdadeiras artistas por meio da cerâmica.
Na tarde desta quarta-feira (27), os jardins da Casa Museu Carlos Scliar presenciaram mais um momento desta trajetória de aprendizado, com uma exposição de cerâmica e um desfile de moda protagonizados pelas quilombolas. A ação contou ainda com apresentações musicais da cantora Isa Ferreira e de Cássia da Conceição, participante do projeto.
“Foi gratificante ter aprendido essa arte de mexer com a cerâmica e esse momento de hoje na Casa Scliar está sendo muito gratificante para mim. Estar expondo minhas peças foi uma coisa bombástica, porque não pensávamos em estar aqui”, comentou Valquíria Conceição, do Quilombo da Baía Formosa.
Durante o evento, foram expostas as peças da coleção 2024 das quilombolas, com brincos, colares, xícaras, itens decorativos e utensílios domésticos. Além de um spoiler da coleção de 2025 e uma novidade: licores artesanais feitos pelas mulheres.
“Eu comprei hoje um licor de pitanga, um de jabuticaba, comprei uns brincos e potes de cerâmica. Muito bom poder levar para casa um pedaço deste projeto. A gente tem que entender cada vez mais de onde a gente veio e esta iniciativa traz essa representatividade”, disse com entusiasmo Júlia Lamenza, uma das convidadas do evento.
Além das peças de cerâmicas, a confraternização das mulheres contou com um desfile de roupas e acessórios confeccionados por elas. Os entusiastas da arte, jornalistas e agentes da cultura que estiveram no local puderam apreciar os itens vestidos pelos protagonistas do evento, os quilombolas.
“É uma sensação única se ver no produto que você criou. Fico feliz, porque achava que jamais conseguiria fazer essas peças, ter um dom para fazer isso. Aqui estou eu, uma quilombola que veio lá da Maria Joaquina para fazer essa arte”, declarou Gessiane Oliveira, modelo do evento e participante do projeto pelo Quilombo de Maria Joaquina.
Conheça o projeto
O “Somos Divas na Luz do Candeeiro” surgiu em 2020, no início da pandemia, em parceria com o Instituto Carlos Scliar. O objetivo da iniciativa é projetar a história e a cultura quilombola, por meio da produção de artesanato em cerâmica, além de incentivar o empoderamento e a geração de renda, a partir da comercialização das peças produzidas. O projeto está alinhado ao programa Respeito Dá o Tom, realizado por todas as empresas do grupo Aegea, da qual a Prolagos faz parte, e que promove ações com foco na igualdade e diversidade racial.
“Sabendo que a capacitação qualificada deve ser contínua, estamos sempre procurando junto com a equipe do Instituto Carlos Scliar novas parcerias e iniciativas, para que elas sejam donas de seus próprios negócios. Desde o começo do projeto, realizamos capacitações com as participantes do projeto para exercitar a capacidade financeira dessas mulheres”, explica Aline Araújo, coordenadora de Responsabilidade Social da Prolagos.
O projeto já impactou a vida de mais de 30 mulheres dos quilombos da Baía Formosa, em Armação dos Búzios; da Caveira, em São Pedro da Aldeia; e de Maria Joaquina, em Cabo Frio.
“Ver as coisas que produzimos, roupas, joias, louças, com tanta gente admirando e elogiando é motivo de muita alegria para a gente. Quando a gente começa a mexer com o barro, esquecemos os problemas. Com a argila eu me encontro”, comentou Márcia Cardoso, uma das “divas” do Quilombo de Maria Joaquina.