“Crise de climatização” revela desigualdades estruturais nas escolas de Cabo Frio

Um levantamento recente realizado pelo Conselho de Acompanhamento e Controle Social do Fundeb (CACS-Fundeb) expôs a preocupante falta de climatização em escolas municipais de Cabo Frio. O relatório, divulgado na última semana pelo Sepe Lagos (Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro, núcleo Região dos Lagos), destaca as dificuldades enfrentadas por alunos e professores devido à precariedade das estruturas.

Dos quase 90 estabelecimentos de ensino avaliados, apenas nove possuem todas as salas climatizadas. Em contraste, 26 unidades não contam com qualquer aparelho de ar-condicionado, enquanto outras 29 têm equipamentos em menos da metade das salas. Além disso, ventiladores estão presentes em todas as classes de apenas 35% das escolas, mas muitos estão em condições inadequadas ou são insuficientes para atender às demandas.

Racismo ambiental e desigualdade regional O sindicato enfatizou a desigualdade regional no acesso à infraestrutura escolar. Escolas em áreas centrais apresentam melhores condições, enquanto unidades localizadas em regiões quilombolas ou de difícil acesso enfrentam negligência. A Escola Municipal Professora Catharina da Silveira, por exemplo, não possui nenhum equipamento de climatização.

Em nota, o Sepe Lagos destacou que a distribuição desigual dos recursos configura racismo ambiental, impactando principalmente crianças e trabalhadores da educação em comunidades periféricas. Essa disparidade compromete o direito à educação igualitária e perpetua as desigualdades sociais.

Problemas estruturais ampliam desafios O relatório também aponta outros problemas graves. Em 12 unidades, a fiação elétrica é insuficiente para operar aparelhos de climatização, e nove escolas enfrentam dificuldades com o fornecimento adequado de energia. Além disso, em 34 instituições, equipamentos estão quebrados ou inoperantes devido à falta de manutenção.

A ausência de climatização nas cozinhas escolares também foi destacada como uma falha estrutural generalizada. Procurada, a Prefeitura de Cabo Frio não respondeu aos questionamentos sobre as condições das escolas até o fechamento desta matéria.