Consumir bastante água faz bem, mas excesso pode indicar problemas físicos e mentais

Que a água é um elemento essencial na rotina de todos e que traz diversos benefícios para a saúde não é nenhuma surpresa, mas o que poucos sabem é que o consumo excessivo pode trazer graves consequências para o organismo. “Cada um de nós tem necessidades e características físicas próprias, o que torna o consumo de água algo particular”, explica a nefrologista, doutora em Ciências da Saúde e professora do curso de Medicina da Universidade Positivo (UP), Mariane Rigo.

Segundo ela, cada metabolismo funciona de forma diferente. “Existem alguns que ficam mais acelerados com gasto energético mais elevado, e consequentemente, terá um gasto hídrico maior, necessitando um consumo mais elevado de água”, explica. A recomendação é perceber os mecanismos de alerta. “A sede é um dos principais avisos da falta de água no organismo. Outra dica é estar atento também à diurese, ou seja, urinar poucas vezes ao dia demonstra que o rim está concentrando demais a urina porque há pouca ingestão de água. A cor da urina também dá sinais de problemas. O ideal é que seja clara”, completa.

De acordo com a especialista, o consumo de outros líquidos também contribui para a hidratação do corpo, mas todos apresentam algum elemento que acaba tornando a água mais vantajosa. “A bebida ideal é sempre a água pura, já que os demais líquidos estão carregados com algum tipo de açúcar, o que acaba diluindo a hidratação ideal, então, nada melhor que a água”, aponta.

Potomania

Por outro lado, para a psiquiatra e professora de Saúde Mental do curso de Medicina da Universidade Positivo, Raquel Heep, normalmente, quando um indivíduo ingere muita água significa que existe alguma condição que exige um consumo maior ou, ainda, um indicativo de transtornos mentais. “Transtorno de ansiedade, personalidade, esquizofrenia e histeria podem levar ao desenvolvimento da potomania, um problema psicológico que faz com que o indivíduo consuma água ou líquidos em excesso”, detalha. O termo vem do grego “potos”, que significa bebida, e do latim “mania”, que equivale à demência ou loucura. “Há pessoas que, por já apresentarem algum transtorno, desenvolvem a potomania e chegam a beber de 8 a 20 litros de água por dia”, conta.

Já no aspecto físico, a potomania pode ocorrer por motivos como um problema cerebral, que ocorre quando há desregulação de uma parte do cérebro que controla a hipófise e os níveis hormonais. “Outra possibilidade são alguns problemas renais, quando há filtragem de forma incorreta e a regulação dos níveis de sais e água no corpo”, explica. Para descartar a possibilidade de algum problema físico, a psiquiatra orienta a realização de exames para verificar se há alguma deficiência.

Segundo Raquel, o corpo dá sinais do excesso de água. “Inchaço, náuseas e vômitos são alguns dos sintomas mais comuns, mas o consumo exagerado pode chegar a níveis muito mais graves, ocasionando acúmulo de água dentro dos neurônios, que pode levar ao edema cerebral, o que resulta, em alguns casos, em convulsão, podendo até levar à morte”, completa a psiquiatra.

O ideal é procurar ajuda médica assim que se identificar um consumo exagerado de água, para confirmar se o problema é físico. “Caso seja, é claro que é preciso tratar a doença com um médico especialista. Após o resultado dos exames, se não houver nada de errado com o organismo, o paciente pode se consultar com um psicólogo ou psiquiatra para, se for o caso, tratar o transtorno psicológico ou emocional e assim, passar a consumir água de maneira saudável”, orienta.

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