Casal do DF ligado ao “Faraó das Bitcoins” lavou R$ 281 mi em escritório de advocacia

Casal do DF ligado ao “Faraó das Bitcoins” lavou R$ 281 mi em escritório de advocaciaDenunciado pelo Ministério Público Federal (MPF), um casal de Brasília é apontado como braço direito do ex-garçom Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como “Faraó das Bitcoins”. Um esquema bilionário desarticulado durante a Operação Cryptos, da Polícia Federal em parceria com a Receita Federal, em 25 de agosto, revelou que uma importante célula da organização criminosa operava na capital da República.

As investigações apontaram que o casal formado pelo empresário Felipe José Silva Novais, 39 anos, e a advogada Kamila Martins Novais, 30, movimentou R$ 281,7 milhões usando duas empresas para lavar os valores, entre elas um escritório de advocacia.

Durante o cumprimento dos mandados de busca e apreensão, a PF apreendeu planilhas relativas à custódia de valores contratuais e à carteira de clientes – atualizadas até novembro do ano passado – indicando que Felipe e Kamila lavaram a fortuna para o Faraó das Bitcoins e, por isso, receberam cerca de R$ 80 milhões de comissão em um período de dois anos. Os dois, segundo as apurações, captaram 3.222 clientes, que amargaram prejuízos após entrarem no esquema de pirâmide financeira idealizado pelo ex-garçom.

NÚCLEO BRASÍLIA

Os procuradores e delegados chamaram a célula do faraó no DF de “Núcleo Brasília” e identificaram que o esquema tocado pelo casal existia, pelo menos, desde 2017. O relatório produzido pela Polícia Federal mapeou que a primeira viagem de Glaidson ao DF ocorreu em 24 de agosto daquele ano e, depois, ele retornou mais sete vezes.

Segundo as investigações, as transações entre Felipe Novais e Glaidson passaram a chamar a atenção das instituições financeiras e começaram a ser comunicadas ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf). A partir de então, as cifras se multiplicariam. Apenas no segundo semestre de 2018, indicam os levantamentos, foram R$ 8,1 milhões recebidos de Glaidson nas contas de Felipe Novais.

PATRIMÔNIO INJUSTIFICADO

Em 27 de junho de 2018, Novais ingressou como sócio da empresa do ex-garçom, a GAS Consultoria & Tecnologia, condição na qual permaneceu formalmente até 2019. E com a instalação do núcleo na capital nacional, de acordo com os investigadores, seus operadores obtiveram um “imenso e injustificado patrimônio”.

Os dados ressaltam que, entre 2016 e 2020, a movimentação financeira do casal Novais saltou de aproximadamente R$ 217,4 mil para quase R$ 16,9 milhões. No mesmo período, os bens e direitos dos dois, se somados, foram de R$ 244 mil para cerca de R$ 2,28 milhões.

Kamila, que em 2018 trabalhava como auxiliar de escritório, com salário de pouco mais de R$ 3,3 mil, diz o documento, teve “súbita evolução patrimonial”. Quanto ao marido, Felipe Novais, aponta trecho de um relatório da Receita Federal transcrito pelo MPF e pela PF, era “autônomo, trabalha com venda de grãos, veículos e compra e venda de terrenos”.

A reportagem procurou a defesa do casal denunciado pelo MPF, mas não conseguiu localizá-la . O espaço permanece aberto para manifestações.

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