Casal de artistas plásticos vai expor obras em mostra que enaltece a arte como prática terapêutica durante a pandemia | Região dos Lagos


O casal de artistas plásticos Paulo Jorge dos Santos e Rose Mary Athayde Santos vai inaugurar a primeira exposição com obras pintadas por eles nesta quinta-feira (17) em São Pedro da Aldeia, na Região dos Lagos. A inauguração será transmitida pela página da secretaria de Cultura do município nas redes sociais a partir das 18h.

A exposição “Ponto de Fuga: Do isolamento à inspiração” ficará aberta a visitação a partir da sexta-feira (18), das 9h às 17h, na Casa de Cultura.

A mostra traz, ao todo, 40 pinturas em tinta acrílica e óleo que vão compor a exposição e também ficarão disponíveis para venda. Os quadros retratam paisagens naturais, cenários urbanos, natureza morta, marinhas e retratos. As obras são resultado de cerca de dois anos de produção de Paulo Jorge e Rose Athayde.

Obra ‘O Porto’ de Paulo Jorge dos Santos faz parte a exposição — Foto: Paulo Jorge/Arquivo pessoal

“Voltei a pintar depois de 40 anos de inatividade e Rose foi minha grande incentivadora. Com o início do isolamento, todos nós passamos por momentos difíceis e a pintura foi como um ‘ponto de fuga’ para que pudéssemos enfrentar esse período de solidão, tédio e desgaste emocional. Foi uma maneira de lidarmos com essa fase e, ao mesmo tempo, desenvolvermos essa nossa vocação. Hoje, tenho a percepção de que a minha arte, além de servir para dar vazão à minha criatividade, encerra também o propósito de, através das minhas telas, transmitir prazer e alegria a outras pessoas”, conta Paulo Jorge.

Obra ‘São João Del Rei’ de Paulo Jorge; cidade mineira serviu de inspiração para a pintura — Foto: Paulo Jorge/arquivo pessoal

A inspiração dos artistas

As obras passeiam pelos estilos impressionistas e realistas, com pinturas que contrastam cores, luz e sombra e outras que buscam retratar a realidade objetiva. Alguns dos quadros têm como inspiração lugares reais, como o pôr-do-sol em Búzios; a cidade de São João Del Rei (MG); o bairro da Passagem, em Cabo Frio; a Praia do Sol, em São Pedro da Aldeia; e o bondinho de Santa Teresa, no Centro do Rio de Janeiro.

Pintura do Bondinho de Santa Teresa pelo artista Paulo Jorge dos Santos — Foto: Paulo Jorge/arquivo pessoal

Além de representar uma metáfora para a arte como uma válvula de escape, Paulo explica que “ponto de fuga” também é uma técnica muito utilizada na pintura artística.

“Chamamos de ponto de fuga o suposto encontro de duas retas paralelas no infinito. Um desenho pode conter mais de um ponto de fuga, mas todos eles levam o olhar do observador à chamada ‘linha do horizonte’. Na pintura, os pontos de fuga são elementos fundamentais da perspectiva, indispensáveis para dar a impressão de profundidade”, diz Paulo Jorge.

Rose e Jorge são membros da Academia de Letras e Artes da Região dos Lagos desde 2019 — Foto: Arquivo pessoal

O artista conta, ainda, que a maioria dos temas surgiu a partir de gincanas de pintura propostas pela Academia de Letras e Artes da Região dos Lagos (ALeART), da qual ele e Rose são membros desde 2019. A instituição, sem fins lucrativos, é voltada à promoção de valores da arte nas áreas de pintura, desenho, escultura e letras.

“As gincanas de pintura da ALeART, assim como a de outros grupos de pintores paisagistas que participamos, foram práticas que começaram durante a pandemia e que até hoje eu e Rose mantemos. São oportunidades que temos para exercitar, experimentar novas técnicas e expor nossas obras, além de conviver e poder trocar experiências com artistas de excelência”, completou Paulo, que também é poeta, palestrante e escritor.

Casados há 36 anos, Rose e Paulo Jorge lembram que a paixão pela pintura começou ainda na infância. Ele, nascido e criado no interior de São Pedro da Aldeia, utilizava os poucos recursos disponíveis para criar: lápis, carvão, tira-linhas e bico de pena. Muitos deles presentes de um tio e de técnicos do governo, que auxiliavam os agricultores na roça onde morava. Mais tarde, passou a se destacar na escola, produzindo ilustrações para um jornal estudantil, pintando telas, capas de trabalho e confeccionando tapetes de sal para o Corpus Christi.

Obra “Ipê amarelo” de Rose Mary Athayde — Foto: Rose Athayde/arquivo pessoal

Já Rose conta que, em casa, quando ainda bem jovem, não havia incentivo para a pintura.

“Quando criança eu desenhava bem, desenhava à mão livre e fazia pintura em tecido, de uma forma autodidata. Sempre me interessei pela arte, mas nunca pude me dedicar da maneira como eu gostaria porque meus pais queriam que eu seguisse outro caminho. Então vivi minha vida, me formei e trabalhei como Enfermeira e, ao aposentar, voltei para a pintura, mas ainda como um hobby”, disse ela que, além de artista plástica, também é voluntária de um projeto social e artesã especializada em peças de costura criativa.

Depois de passarem por aulas de pintura com tinta a óleo e tinta acrílica, hoje, aos 63 anos, o casal faz da varanda de casa o seu ateliê.

“Para nós, é uma honra e um orgulho imenso poder expor os nossos trabalhos na Casa da Cultura, especialmente em São Pedro da Aldeia, minha terra de origem. É muito bom saber que a Secretaria de Cultura tem esse olhar para os artistas locais. Só temos a agradecer a Cultura por esse convite; será uma grande oportunidade para formarmos nosso público e projetarmos um trabalho que, hoje em dia, é feito somente a quatro paredes”, finalizou Paulo.

Atualmente, Paulo Jorge também escreve artigos e ensina técnicas de pintura para iniciantes em seu site. Os artigos também são publicados quinzenalmente na revista “Aldeia Magazine”, na qual é colunista. No site, também é possível conhecer a história completa do artista, ter acesso a seu portfólio e a seus principais canais de contato.



Fonte: G1