Cabofriense quer atestar autenticidade de quadro do pai supostamente feito por Iberê Camargo

Outro dia, um primo meu, Luciano Moojen, 65 anos, morador de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, vasculhando na internet obras de arte, já que ele trabalha como marchand (comercializa quadros), encontrou a reprodução de um autorretrato do pintor gaúcho Iberê Camargo (1914-1994) feito em 1943.

De imediato, ele se lembrou de duas coisas: que Iberê conviveu e foi amigo de seu pai, Ovídio Chaves (1910-1978), jornalista, poeta, escritor e (nas décadas de 1940 e 1950) empresário da noite porto-alegrense, e que possuía um antigo retrato do seu velho, muito parecido, que herdara após a morte de Ovídio e que, pelo precário estado de conservação, não estava pendurado numa parede de sua casa, mas jazia num quarto/depósito junto a outros guardados.

Luciano resgatou a pintura, um óleo sobre tela de 56cm de largura por 66cm de altura, colada sobre madeira compensada, e passou a fazer comparações e conjecturas. Examinando a obra, encontrou semelhanças, principalmente na técnica de representar a barba escanhoada, um tanto azulada, e na forma da costeleta pontuda ao lado do rosto.

Luciano entrou em contato com a Fundação Iberê Camargo, na esperança de que a instituição pudesse ajudá-lo, talvez indicando um expertise que pudesse avaliar tecnicamente o trabalho e definir sua autenticidade. Por enquanto, não recebeu qualquer resposta. Iberê, assim como Carlos Scliar ou Vitório Gheno, entre muitos outros artistas de diversas áreas, frequentou o Clube da Chave, casa noturna de grande sucesso que Ovídio manteve na Rua Castro Alves, na Capital, na virada da década de 1940 para a de 1950.

Quando Iberê Camargo, muitos anos atrás, fez uma exposição de suas obras no Centro Comercial João Pessoa (atual Shopping João Pessoa), Luciano esteve com ele, disse quem era e falou sobre os originais de um livro inédito de seu pai, do qual pretendia fazer uma edição póstuma. Iberê se interessou pelo assunto e, algum tempo depois, ligou para que Luciano fosse até seu ateliê, no Rio de Janeiro, onde viviam, apanhar uma ilustração que o artista plástico havia feito para o poema Labirinto, do livro (ainda inédito) Diário Morrer.

Nesta semana, Luciano me mandou mensagem informando sua “descoberta” e perguntando se, de alguma forma, eu poderia auxiliar na tentativa de identificar o autor ou confirmar sua suspeita. Reproduzo a imagem referida e obras do Iberê, na confiança de que alguém, quem sabe, possa ajudar a descobrir uma tela desconhecida do grande mestre gaúcho, algo que, se confirmado, seria, naturalmente, uma boa notícia.

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