As eleições de 2024 para a Câmara Municipal de Cabo Frio apresentaram um cenário preocupante para a representatividade feminina no legislativo. Nenhuma das 17 cadeiras será ocupada por mulheres, o que representa um significativo retrocesso na participação política feminina e levanta preocupações sobre o avanço da igualdade de gênero na política local.
Na gestão anterior (2020-2024), Alexandra dos Santos Codeço, com 1.760 votos, e Carol Midori, com 2.450 votos, foram as duas únicas mulheres eleitas para a Câmara Municipal. Ambas tentaram a reeleição neste ano: Alexandra obteve 1.982 votos, enquanto Carol Midori recebeu apenas 969, insuficientes para garantir suas reeleições.
Apesar de as mulheres representarem metade da população — 95.396 (51,3%), de acordo com o último censo — sua ausência no legislativo simboliza a fragilidade da inclusão política feminina em instâncias de poder. Esse resultado evidencia os desafios persistentes na construção de uma democracia mais equitativa.
Curiosamente, na contramão de Cabo Frio, o número de mulheres eleitas para câmaras municipais no Brasil cresceu 13% entre as eleições de 2020 e 2024, de acordo com dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Ainda assim, o aumento proporcional das mulheres eleitas não elimina as barreiras culturais e institucionais que limitam suas candidaturas e campanhas, tornando difícil para muitas ingressarem e permanecerem na política.
Para equilibrar essa desigualdade, o TSE implementou uma norma na Lei das Eleições (Lei 9.504/97), que exige que cada partido ou coligação preencha, no mínimo, 30% das candidaturas com pessoas de um dos sexos. Na prática, isso obriga os partidos a reservarem ao menos 30% de suas vagas para mulheres, numa tentativa de incentivar maior participação feminina.
Fonte: Fonte Certa