A ascensão de Dr. Serginho ao comando da Prefeitura de Cabo Frio acendeu, outrora, uma chama de esperança na população ávida por mudanças. Contudo, os primeiros cem dias de sua administração escancaram uma realidade desalentadora, onde as promessas de campanha se diluem em um mar de velhas práticas e a tão almejada renovação cede espaço a um continuísmo preocupante.
O modus operandi da gestão Serginho revela uma inquietante predileção por expedientes questionáveis. A cifra estratosférica de aproximadamente R$ 500 milhões em contratos emergenciais, celebrados em sua maioria com figuras orbitantes de seu círculo pregressivo, na Secretaria de Ciência e Tecnologia e na Alerj, lança uma sombra de suspeição sobre a lisura dos processos.
A indigesta nomeação de um proprietário de veículo de comunicação estadual, agraciado com R$ 40 milhões em contratos para andaimes e estruturas de eventos – em uma clara permuta por uma cobertura midiática complacente e autopromocional – explicita um aparelhamento da máquina pública em prol de interesses particulares.
A obsessão pela autopromoção, aliás, configura-se como uma marca indelével da atual gestão. Dr. Serginho parece refém de um eterno palanque eleitoral, onde a retórica triunfalista suplanta a concretização de ações efetivas. O tão propagandeado “ordenamento” urbano circunscreveu-se, de forma seletiva e conveniente, à Praia do Forte, ignorando ostensivamente as irregularidades perpetradas por influentes empresários e poderosos locais, amigos do paço municipal.
A promessa solene, proferida em ondas radiofônicas, de solucionar a problemática dos moradores de rua e flanelinhas em míseros 15 dias, desvaneceu-se no turbilhão da vitória eleitoral, legando à cidade um cenário de migração desordenada e até mesmo o retorno de indivíduos aos seus pontos de origem, em um flagrante atestado de ineficácia.
Na seara da educação, o retorno às aulas sob a égide Serginho descortinou um panorama caótico e desorganizado. Dezenas de unidades escolares operam em regime de meio período, enquanto a ausência de professores e auxiliares agrava a precariedade do ensino. Denúncias de irregularidades no Processo Seletivo, permeadas por alegações de favorecimento a cabos eleitorais, pairam como nuvens sombrias sobre a credibilidade da gestão educacional.
A saúde não vislumbrou qualquer alívio significativo. A população clama por soluções que tardam a chegar, enfrentando a morosidade na liberação e marcação de exames e consultas, um atendimento precário, a crônica falta de insumos e medicamentos essenciais. O básico, lamentavelmente, continua a faltar.
O slogan de campanha, “A vida vai melhorar”, soa hoje como uma ironia cruel para a maioria dos cabofrienses. Se para o cidadão comum a prometida melhoria permanece uma miragem distante, para o séquito do Dr. Serginho a vida floresceu com uma celeridade impressionante. Uma legião de apaniguados, incluindo cônjuges, prole e parentes de vereadores – até mesmo aqueles rejeitados nas urnas – ascendeu a cargos bem remunerados, enquanto empreiteiras de aliados estratégicos se proliferam nos meandros da administração pública.