O Ministério da Integração e do Desenvolvimento Regional (MIDR) e o governo do Japão reforçaram a cooperação entre os dois países na prevenção e gestão de riscos de desastres. O último encontro entre as delegações dos países sobre o tema ocorreu durante a agenda do G20, em Belém (PA), e destacou a importância da redução das desigualdades sociais e econômicas como estratégia fundamental para minimizar a vulnerabilidade da população aos desastres.
O ministro Waldez Góes reforçou o compromisso do governo brasileiro em continuar essa cooperação, destacando a importância de abordar a prevenção de riscos não apenas como questão ambiental, mas também social e econômica. “Reafirmamos o compromisso do MIDR e do Governo Federal, não só para encerrar bem esse acordo de cooperação inicial, mas para manifestar o nosso desejo para dar continuidade a essa parceria”, afirmou.
A parceria entre Brasil e Japão na gestão de desastres teve início após as tragédias na Região Serrana do Rio de Janeiro e vem evoluindo ao longo dos anos. Um dos principais frutos dessa colaboração é o Projeto SABO, que busca aprimorar a capacidade técnica brasileira em medidas estruturais contra deslizamentos de terra e outros desastres. O projeto está em sua segunda fase e prevê a construção de barreiras de contenção nos municípios de Nova Friburgo e Teresópolis (RJ), com obras programadas para junho e outubro deste ano, respectivamente.
A iniciativa conta com a cooperação técnica da Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA) e com o apoio da Agência Brasileira de Cooperação (ABC/MRE). Além da implantação de novas tecnologias, o projeto também visa desenvolver diretrizes para construção, supervisão e manutenção de infraestruturas de prevenção.
O secretário Nacional de Proteção e Defesa Civil, Wolnei Wollff, destacou a importância da parceria entre Brasil e Japão para o fortalecimento da gestão de riscos e desastres no país. “As mudanças climáticas têm intensificado a frequência e a gravidade dos desastres, gerando desafios cada vez maiores. Nesse contexto, a cooperação com o Japão representa uma oportunidade valiosa para desenvolvermos metodologias eficazes e compartilharmos conhecimentos que aprimorem a gestão de riscos de desastres no Brasil”, ressaltou. Ele afirmou que a troca de experiências e tecnologias entre os dois países será fundamental para tornar as cidades mais resilientes e preparadas para enfrentar eventos extremos.
Redução de desigualdades
Durante a reunião, o governo japonês destacou que a redução de desigualdades foi um fator determinante para a prevenção de riscos no Japão, especialmente na década de 1940. O país, que enfrenta frequentemente terremotos, enchentes e deslizamentos, investiu fortemente em infraestrutura e planejamento urbano para mitigar os impactos desses eventos.
Desde o início da parceria com o Japão, mais de 90 profissionais brasileiros foram capacitados em gestão de riscos de desastres, e seis manuais foram elaborados para contribuir com a melhoria da atuação da Defesa Civil na proteção da vida das pessoas. Agora, o Brasil trabalha para desenvolver uma tecnologia própria baseada no modelo japonês, com apoio da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A cooperação atual está prevista para ser concluída em junho de 2026, mas ambas as partes manifestaram interesse em estender essa parceria. O representante da JICA, Nishikawa Satoru, elogiou o papel do Brasil na liderança do G20 sobre gestão de desastres e manifestou o interesse do governo japonês em tratar da importância desse tema nas relações bilaterais durante a missão presidencial no Japão, prevista para março deste ano.
“O ministério teve uma liderança fundamental e muito robusta para que aquela declaração saísse com tamanha qualidade, nós agradecemos e parabenizamos a performance do Brasil. A primeira declaração de ministros do G20 na gestão de riscos de desastres é um marco muito importante”, destacou Nishikawa.
A continuidade da cooperação dependerá da formalização de um novo compromisso bilateral, incluindo a possibilidade de criação de um fundo privado para financiamento de projetos de prevenção. Com isso, Brasil e Japão seguem fortalecendo sua parceria para tornar as cidades mais resilientes e seguras para suas populações.