Andrés é contrário a projeto de clube-empresa: ‘Vai dar o que deu no Figueirense’



O presidente do Corinthians, Andrés Sanchez, declarou nesta terça-feira ser contrário o projeto de clube-empresa que está sendo elaborado no Congresso. Na opinião dele, do jeito que está, a tendência é que a situação da maioria dos times piore.

“Sou contra clube-empresa do jeito que está. Sou a favor desde que alguém vá lá e compre o clube. Ou o clube vai lá, fica com 51% das ações do futebol e coloque o restante no mercado aberto. Fora isso acho que vai virar o que virou o Figueirense”, comentou o dirigente em entrevista ao canal SporTV.

No segundo semestre de 2017, o clube catarinense assinou uma parceria em que a administração do futebol profissional deixasse de ser uma associação sem fins lucrativos. A empresa Figueirense Ltda ficou com os ativos do futebol e o Figueirense Associação ficou com as atividades sociais e amadoras. O resultado foi catastrófico com aumento da dívida e diminuição das receitas.

Nesta terça-feira, a Elephant, empresa que comandava o clube, comunicou à CBF que a equipe iria abandonar a Série B do Campeonato Brasileiro, devido ao excesso de dívidas. A diretoria do time catarinense agiu rápido e assegurou que não pretende abrir mão da competição.

“Isso que dizem de virar empresa se profissionaliza é uma grande hipocrisia. Tem times que já estão profissionalizados sem ser empresas. O que eu entendo é que não pode ter uma empresa para gerir o futebol, mas uma empresa para comprar o futebol. Aí é diferente. Fica fazendo parceria, vai dar o que deu no Figueirense, o que já aconteceu com o Corinthians, com o Palmeiras, em vários clubes. Ou se compra ou deixa o clube tocar como tem que tocar. No Campeonato Inglês são bilionários que compraram os clube, mas que se estivessem no Brasil estariam presos. É muita hipocrisia no futebol brasileiro”, disse Andrés.

Segundo a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional, órgão ligado ao Ministério da Economia, dez clubes da Série A do Campeonato Brasileiro estão inscritos na Dívida Ativa da União e do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS). O total da dívida, que não inclui os débitos já parcelados com o Governo Federal, soma R$ 718 milhões. O projeto que pretende transformar os clubes em empresas prevê refinanciamento dessas dívidas e também de débitos fiscais.

O Corinthians é o clube que tem maior parte dessa dívida, R$ 572 milhões no total. Por meio de nota, o clube respondeu ao Estado recentemente que não reconhece esse valor por ser considerado associação sem fins lucrativos. “A agremiação é isenta do pagamento dos seguintes tributos da União: IRPJ, CSLL, PIS e Cofins”, diz em nota.

Para justificar, o clube cita o êxito de outros clubes, como Athletico-PR e São Paulo, em cobranças dessa natureza. “Entendimento similar ao do clube extinguiu cobrança da União contra o Athletico Paranaense, depois de decisão da Câmara Superior de Recursos Fiscais do CARF (Conselho Administrativo de Recursos Fiscais) em 2018. Recentemente, o CARF julgou procedente a isenção dos mesmos tributos do São Paulo. O clube continua buscando garantir seu direito à isenção e confia que alcançará o mesmo desfecho favorável obtidos por outras agremiações.”

*Com informações de Estadão Conteúdo