Novo Peugeot 208 vem ao Brasil com motor antigo, mas terá versão elétrica; G1 andou




Lançamento deverá acontecer até setembro, quando saem os preços. Nova geração também chega tecnológica, com quadro de instrumentos digital 3D e faróis de LED. Peugeot 208 de nova geração
Divulgação/Peugeot
Após alguns meses de atraso causado pela pandemia do coronavírus, a nova geração do Peugeot 208 enfim está prestes a chegar ao Brasil para tentar uma vaga entre os líderes Chevrolet Onix e Hyundai HB20.
Apostando em um visual chamativo e muita tecnologia, um detalhe poderá desestabilizar o modelo: ele estreará por aqui com motor antigo e sem turbo. Por outro lado, a versão elétrica está confirmada. Os preços ainda não foram revelados.
Era início de fevereiro quando a Peugeot levou um restrito grupo de jornalistas (do qual o G1 fez parte) para conhecer e dirigir o modelo em primeira mão, na Argentina. Na época, o coronavírus ainda não havia chegado oficialmente ao Brasil e, tampouco, era considerado uma pandemia.
Peugeot 208 brasileiro virá da Argentina
Divulgação/Peugeot
O lançamento, até então programado para 20 de maio, precisou ser adiado por tempo indeterminado por causa do avanço da Covid-19 pelo mundo e, principalmente, pelos dois países envolvidos na operação.
Agora, chegou a hora de retomar os planos e remarcar a estreia do modelo, o que deve acontecer em setembro. A data ainda não foi oficializada pela marca, que depende de mais um fator: o 208 deixará de ser nacional e passará a ser importado de El Palomar, na Argentina.
O que só quem andou no novo 208 sabe:
Está mais tecnológico do que nunca: quadro de instrumentos 3D, faróis full LED e frenagem automática se destacam;
Acabamento está acima da média, com partes macias no painel e bancos de Alcantara;
Visual moderno e marcante promete atrair muitos olhares;
Ficou mais confortável e silencioso em relação ao antigo;
Desempenho do motor 1.6 é satisfatório, mas fica devendo um turbo.
Antes x Depois
Antes e depois da dianteira do Peugeot 208
Divulgação / Arte: G1
Antes e depois da traseira do Peugeot 208
Divulgação / Arte: G1
Motor 1.6 é antigo, mas o elétrico vem
Para quem esperou pelo motor 1.2 turbo na nova geração do 208, a decepção será grande. Por aqui, ao menos na estreia, ele será equipado somente com motor 1.6 aspirado e câmbio automático. Para compensar, em seguida o mercado brasileiro receberá a opção elétrica.
Se trata do motor flex de até 118 cavalos de potência e 16,1 kgfm de torque, e da transmissão de 6 marchas, fornecida pela Aisin e com possibilidade de trocas manuais.
Lanternas do 208 são iluminadas por lâmpadas convencionais
Divulgação/Peugeot
Para caber no cofre do 208, que só utiliza motores menores (como o esperado 1.2 turbo) na Europa, o 1.6 teve elementos internos como coletores e virabrequim reposicionados. Isso permitiu a redução nas dimensões e no peso (em 8,5 kg) do propulsor.
A Peugeot justificou dizendo que precisou fazer uma escolha entre investir no motor turbo ou no elétrico, e que escolheu o segundo.
Na Europa, o e-208 tem um motor de 136 cv de potência e 26,5 kgfm de torque, e vai de 0 a 100 km/h em 8,1 segundos. Por aqui, ele chegará na versão GT para ganhar uma “aura” esportiva, mas ainda não há respostas se o modelo fará sua estreia junto da configuração a combustão.
Já é possível cravar, porém, que o 208 será o único hatch compacto com uma versão elétrica no Brasil.
Peugeot 208 e-GT, que chegará ao Brasil na sequência do modelo a combustão
Divulgação/Peugeot
Painel 3D é destaque tecnológico
Ainda sem revelar os detalhes de cada uma das versões e seus respectivos preços, a marca colocou à prova tudo o que o modelo oferecerá em sua configuração mais cara durante a visita em Buenos Aires. Apesar de serem unidades pré-série, os principais detalhes estavam lá.
Entre os equipamentos estão faróis full LED, luzes diurnas (também em LED), detector de fadiga, frenagem automática de emergência, alerta e correção de permanência em faixa, assistente de farol alto e reconhecimento de sinais de trânsito.
Estes são os únicos botões físicos no painel do 208; o restante está abrigado na central multimídia
Guilherme Fontana/G1
Há também central multimídia com Android Auto e Apple Carplay, carregador sem fio para smartphone, teto panorâmico de vidro e chave presencial com abertura e travamento das portas por distância – basta se afastar do veículo com a chave e ele é trancado automaticamente.
O inédito quadro de instrumentos digital com mostradores 3D pode até parecer apenas uma jogada de marketing. Entretanto, ele é diferente de tudo o que há no mercado em termos de efeito visual.
Na prática, o chamado i-Cockpit 3D é uma das experiências visuais mais interessantes dos últimos tempos. É uma pena que fotos e vídeos não consigam reproduzir o efeito.
Quadro de instrumentos 3D projeta informações em dois níveis de profundidade
Divulgação/Peugeot
As imagens são reproduzidas e projetadas com uma tecnologia holográfica, produzindo um efeito tridimensional. Assim, algumas informações tidas como mais importantes podem ser exibidas à frente das outras, com maior destaque.
Acabamento acima da média
Os principais argumentos de vendas para o 208 certamente serão, além da tecnologia, o visual e o acabamento. Por fora, o modelo é idêntico ao europeu, com linhas impactantes. Por dentro, os materiais são dignos de segmentos superiores.
Barra de LEDs diurnos estará sempre presente, mesmo com os faróis mais simples, como a unidade da foto
Divulgação/Peugeot
Na dianteira, os faróis têm apêndices com LEDs (com função de luz diurna) que descem pelo para-choque, a grade tem uma trama metálica, com efeito tridimensional, e o nome “208” vem estampado logo após o capô.
A traseira tem volumes que dão aspecto de robustez ao hatch. As lanternas, iluminadas por lâmpadas convencionais, são ligadas por uma faixa preta com o nome da marca.
De lado, o 208 revela um belo perfil, com para-lamas marcados por vincos. Porém, as rodas de 16 polegadas (tamanho máximo para as versões a combustão) ficam desproporcionais. A versão elétrica deverá resolver a questão com modelos de 17 polegadas.
Painel do 208 tem acabamento premium. Na imagem, uma unidade europeia com câmbio manual, que não virá ao Brasil
Divulgação/Peugeot
Por dentro, o painel recebe uma boa quantidade de materiais com toque macio ou emborrachado – especialmente na faixa central, com estampa de fibra de carbono. Há também diversos detalhes em aço escovado, como nos comandos abaixo das saídas de ar, copiados do SUV 3008. Todos os visores e comados são voltados para o motorista.
Por último, mas não menos importante, estão os bancos. Além de confortáveis e macios, a versão topo de linha recebe o revestimento de Alcantara, até então visto apenas em modelos esportivos premium.
Em uma rápida parada no test drive, uma foto do banco de Alcantara do 208
Guilherme Fontana/G1
As dimensões e o peso do modelo “tropicalizado” não foram divulgadas até a publicação desta matéria. O modelo europeu tem 4 metros de comprimento, 1,76 m de largura, 1,43 m de altura e 2,54 m de entre-eixos.
Como anda?
Batizada de “Missão Puma”, a rodagem feita por ruas e estradas da região de Buenos Aires teve caráter de missão secreta, com paradas rápidas em pontos estratégicos, além de carros pré-série com vidros escuros. Afinal, nem os próprios argentinos conhecem o novo 208 por completo.
O longo percurso de mais de 200 km incluiu diversos tipos de terreno, entre asfaltos (quase) perfeitos, vias esburacadas, terra, cascalho e paralelepípedos.
Primeiro contato com o novo 208 em Buenos Aires, Argentina
Divulgação/Peugeot
Apesar do motor antigo, o 208 recebe uma estrutura totalmente nova e alinhada com a Europa. A plataforma modular CMP permitiu a redução de até 23 kg no peso do veículo em relação com a antiga geração.
Em conjunto com os ajustes exclusivos para os mercados argentino e brasileiro, como suspensão mais alta, além de molas, amortecedores e caixa de direção com calibrações específicas, o Peugeot lembra pouco o antigo.
Tudo para mostrar que o modelo deixou no passado a suspensão de cursos pequenos e acertos duros, dando lugar a um conjunto mais confortável, macio, de maior absorção das imperfeições do solo e mais silencioso.
Peugeot 208 na Basílica de Nossa Senhora de Luján, a 80 km do bairro Recoleta, ponto de partida para o teste
Divulgação/Peugeot
Isso não quer dizer, porém, que sua dinâmica piorou em altas velocidades, pelo contrário. Apesar de sentir os efeitos de ventos laterais em estradas mais abertas, o 208 passa segurança na direção. Em velocidades acima de 100 km/h o modelo não dá a sensação de “flutuar” e se mantém firme na pista.
O porém fica, novamente, para o motor 1.6. Apesar de ainda ser eficiente e cumprir sua função em trajetos urbanos, ele mostra dificuldade em situações de maior velocidade, como em retomadas e ultrapassagens.
O hatch só não sente mais aperto nas acelerações graças às já ditas reduções de peso da estrutura e do próprio motor. O ajuste do câmbio também busca dar mais agilidade, sem a incessante vontade de manter giros baixos do atual. De qualquer forma, uma unidade turbo daria mais fôlego.
Peugeot 208 só terá motor 1.6 com câmbio automático no Brasil
Divulgação/Peugeot



Fonte: Auto Esporte