Kardian e Polo: heróis da resistência do câmbio manual


A evolução do câmbio automático nas últimas duas décadas converteu o outrora corriqueiro e banal ato de trocar marchas manualmente em um esporte de entusiastas. O que era um conjunto de engrenagens com uma alavanca para coordená-las se transformou em uma espécie de caviar automotivo cada vez mais raro – e por isso mais apreciado.

Renault Kardian Evolution – Crédito: Divulgação

Tanto que a Ferrari está cogitando resgatar a união dos três pedais apenas em modelos especiais. Vista em um carro de produção regular pela última vez na California, em 2012, a famosa alavanca correndo na grelha estaria reservada a exemplares da linha Icona, de onde saíram Monza SP1/SP2 e Daytona SP3, entre outros. Foi mais ou menos o que fez a Aston Martin com o Valour, acoplando um câmbio manual ao seu 5.2 V12 biturbo em não mais do que 110 unidades.

Renault Kardian Evolution – Crédito: Divulgação

No Brasil, a Ford surpreendeu com a importação do Mustang GT Performance com câmbio manual. Numerados e limitados a 200 unidades, são itens de coleção reservados a poucos. Daí que Renault Kardian Evolution MT (R$ 112.690) e Volkswagen Polo TSI (R$ 111.490) emergem como heróis do entusiasta cuja amplitude financeira é mais limitada.

Renault Kardian Evolution – Crédito: Divulgação

E são especificamente por conta da entusiasmante união entre motor 1.0 turbo – de 116 cv (etanol) e 16,8 kgfm de torque no Polo e de 125 cv e 22,4 kgfm no Kardian – e câmbio manual – de cinco marchas no Volks e de seis no Renault.

Volkswagen Polo

Não que tenham nascido com o propósito de encantar os motoristas que os dirigem, mas, veículos de transporte bem construídos e equilibrados que são, o fazem ainda mais com tal combinação de motor e câmbio.

Longe de serem esportivos, Polo TSI e Kardian Evolution MT nem por isso negligenciam o prazer do motorista ao volante. Conciliam suspensão confortavelmente firme, direção não inebriante mas fluida e acelerações que entregam o necessário para sermos pontuais e sorridentes. O Kardian leva vantagem pela sexta marcha que o Polo não tem e compensa com engates mais macios e precisos. O VW é mais leve, 1.111 quilos ante 1.166 kg do Renault.

A posição de guiar mais rente ao assoalho e o amplo ângulo de ajuste de altura dos bancos servirão à maioria dos condutores. E por falar em cabine, é preciso registrar que a do Kardian, com 2,60 metros de entre-eixos e 358 litros de porta-malas, é mais espaçosa que a do Polo, que tem 2,57 m de entre-eixos e 300 litros de porta-malas.

Nenhum dos dois passa vergonha no quesito equipamentos, mas também não há muito do que se gabarem. Ficam nos triviais assistente de partida em rampas, alarme, ar-condicionado (digital no francês) e multimídia, de 10 polegadas no Polo e de 8 no Kardian – que por sua vez leva vantagem nos dois airbags a mais, no caso os de cortina.

Para alguns talvez pese mais o frescor ainda inerente ao Kardian diante do há muito ambientado Polo, que até pelo tempo de carreira ostenta uma incomparável tradição no segmento.

Fato é que ambos acabaram virando sinônimo de diversão ao volante acessível, de qualidade e à paisana.



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