Ford Territory Titanium e Jeep Compass Limited: comparativo




G1 comparou o novato com o líder dos SUVs médios. Apesar de estarem no mesmo segmento, os modelos têm grandes diferenças e acabam ficando em níveis diferentes. Ford Territory e Jeep Compass
Celso Tavares/G1
Com a saturação da oferta de SUVs compactos, o mercado brasileiro passa agora por uma nova onda: a dos médios. Depois de Volkswagen Tiguan e Jeep Compass, vários outros modelos chegaram ou foram renovados. Agora chegou a vez da Ford com o Territory.
Apresentado durante o Salão do Automóvel de São Paulo em 2018, o SUV foi confirmado para o Brasil há um ano. Nesta sexta-feira (7), a marca inicia a pré-venda para o modelo por aqui, que chega importado da China em duas versões: SEL, por R$ 165.900 e Titanium, por R$ 187.900.
O G1 andou na configuração mais cara do Ford, que já estreia sendo colocado à prova contra seu principal rival: o Compass Limited flex, que parte de R$ 159.390 e, com pacote de equipamentos semelhante ao novato, chega a R$ 174.390 (segundo os preços dos opcionais da linha 2020).
Ford Territory tem porte e visual marcante
Celso Tavares/G1
Um spoiler: apesar de serem colocados no mesmo segmento, os SUVs são separados por muitas e grandes diferenças.
*O Jeep das imagens é meramente ilustrativo. Na ocasião, a FCA só dispunha de uma unidade da versão Longitude para testes e fotos.
Territory sai na frente com motor turbo
O Compass segue desde seu lançamento equipado com motor 2.0 flex aspirado de até 166 cv de potência e 20,5 kgfm de torque com etanol, e câmbio automático de 6 marchas. Assim, ele vai de 0 a 100 km/h em 11,9 segundos. Com gasolina são 159 cv e 20 kgfm.
Enquanto isso, o Territory chega com um novo 1.5 turbo a gasolina de 150 cv de potência e 22,9 kgfm, e um câmbio automático CVT que simula 8 marchas. Ele vai de 0 a 100 km/h em 11,8 segundos.
Motor turbo dá mais facilidade nas acelerações do Ford
Celso Tavares/G1
Apesar do empate técnico nas acelerações, existem grandes diferenças na maneira como elas acontecem.
Mesmo sendo mais leve (1.547 kg, contra 1.632 kg) e mais potente do que o Territory, o Compass faz parecer o contrário. Em retomadas e subidas, por exemplo, são constantes as reduções de marchas para tomar fôlego. Também é comum, nestas situações, que ele segure as marchas e faça o motor “gritar”. Em resumo, o Jeep precisa se esforçar mais para se movimentar.
Por outro lado, o Territory acelera de maneira mais fácil e silenciosa. Além do turbo, o câmbio CVT ajuda na boa desenvoltura do modelo por não ter efeito elástico e funcionar de maneira progressiva, sem jogar o giro do motor lá no alto. A transmissão busca trabalhar sempre em giros baixos, em nome do silêncio e da economia de combustível.
Maiores dimensões do Territory são aparentes
Celso Tavares/G1
Porém, também não espere nenhum desempenho esportivo ou algo do tipo, afinal, ainda estamos falando de um SUV familiar sem pretensões para tal.
É chinês, mas um legítimo Ford
Desenvolvido e produzido na China em conjunto com a JMC (Jiangling Motors Co.), o Territory passou por diversas alterações de engenharia para o mercado brasileiro, como dinâmica, ruídos, vibrações, calibração e durabilidade do motor e da transmissão, além de suspensão.
O resultado é o rodar típico dos Ford no Brasil, com uma suspensão de ajustes mais firmes, que ajuda na boa estabilidade em velocidades mais altas e em curvas fechadas, mas sem comprometer o conforto. Imperfeições no solo são superadas sem traumas para os ocupantes.
Territory passa por imperfeições do asfalto sem problemas, apesar da suspensão mais firme
Celso Tavares/G1
Em conjunto, a direção elétrica com ajuste direto dá ainda um maior refinamento na dirigibilidade do modelo.
Outro ponto alto do Territory é o isolamento acústico. De acordo com a Ford, o nível de ruído interno do modelo atinge os 71,8 decibéis a 120 km/h, contra 73,1 do Compass. Na prática, o que mais se ouve de dentro do carro são os pneus, um pouco ruidosos, mas que não chegam a incomodar.
O Compass também tem um ótimo e robusto conjunto de suspensão e direção, além de uma posição mais alta de dirigir. A suspensão oferece conforto aos ocupantes, mas o ajuste mais macio e permissivo acaba deixando a carroceria rolar em curvas.
Ford Territory e Jeep Compass
Celso Tavares/G1
A direção tem respostas mais lentas em relação ao Ford, e os ruídos dos esforços nas acelerações, ditos acima, invadem a cabine.
Em resumo, o Compass foca em robustez, enquanto o Territory mira em dirigibilidade e refinamento.
Compass é um médio apertado
O espaço interno é mais uma das vantagens do Territory. O SUV leva 3 pessoas no banco traseiro sem aperto, com sobra de espaço para joelhos, ombros e cabeça, isso considerando também o conforto de quem vai na frente. Ele só perde no porta-malas, de 348 litros, contra 410 do Jeep.
Três pessoas viajam com conforto no banco traseiro do Territory
Celso Tavares/G1
No Compass, até é possível levar 3 pessoas no banco de trás, mas elas não irão tão confortáveis, especialmente lado a lado, esbarrando pernas e ombros uns nos outros. Até quem vai nos bancos da frente pode se sentir mais apertado, já que a cabine é mais estreita em um todo.
No Compass, o espaço para joelhos é bom, mas o modelo é mais estreito
Divulgação/Jeep
Na prática, a grande diferença entre os modelos está no formato das colunas laterais. Enquanto o Ford aposta em formas mais quadradas, que privilegiam o espaço, o Jeep tem as colunas arqueadas para dentro, prejudicando a largura do interior.
Veja abaixo as dimensões dos modelos:
Compare as medidas dos modelos
Divulgação/Arte: G1
Equipamentos podem ser próximos
O Territory é oferecido sempre em versões fechadas, sem pacotes opcionais. No caso da Titanium avaliada, por R$ 187.900, há quadro de instrumentos digital com 3 modos diferentes de mostradores, rodas aro 18, câmera 360°, banco do motorista com ajustes elétricos e carregador de celular sem fio.
Câmera 360° do Territory ajuda em manobras, mas imagens ficam distorcidas ao se aproximar de outro veículo
André Paixão/G1
A lista segue com sistema de alerta de colisão e frenagem automática de emergência, monitoramento de pontos cegos, alerta de mudança de faixa, piloto automático adaptativo, estacionamento semiautônomo, bancos dianteiros aquecidos e refrigerados, faróis automáticos e sensores de chuva.
Em comum com a versão mais barata, SEL, há faróis full LED, monitoramento de pressão dos pneus, teto solar panorâmico elétrico, central com Android Auto e Apple Carplay (este último sem fio) e tela de 10,1 polegadas, chave presencial, 6 airbags, assistente de partida em rampas, freio de estacionamento eletrônico, controles de estabilidade e tração, e ar-condicionado digital de apenas uma zona.
Central multimídia do Territory tem tela com divisão de funções
André Paixão/G1
No caso do Compass, de série por R$ 159.390, são 7 airbags, faróis automáticos de xenon, chave presencial com partida remota, rodas de 19 polegadas, sensor de chuva, start-stop, piloto automático, banco do motorista com ajustes elétricos, câmera de ré, freio de estacionamento eletrônico e monitoramento de pressão dos pneus.
A lista segue com estacionamento semiautônomo, central com Apple Carplay, Android Auto e tela de 8,4 polegadas, monitoramento de pontos cegos, assistente de partida em rampas e controles de estabilidade e tração.
Na prática, o Compass oferece a mais em relação ao Territory airbag de joelho, ar de duas zonas, rodas maiores e partida remota pela chave, além de ter faróis mais eficientes.
Jeep Compass tem ar-condicionado de duas zonas, estacionamento autônomo e alerta de ponto cego
Divulgação
Porém, fica devendo painel digital, teto solar, tela maior na central multimídia, carregador de celular sem fio, além de sistemas como piloto automático adaptativo, frenagem de emergência, alerta de mudança de faixa e câmera de 360°.
Alguns desses itens são opcionais no Jeep: o teto solar panorâmico, por R$ 8 mil, e um pacote com aviso de mudança de faixa, porta-malas eletrônico, som Beats, frenagem automática de emergência, piloto automático adaptativo e faróis altos automáticos, por R$ 7 mil.
Territory dá show em acabamento
É na aparência que o Territory pode lembrar a alguns de sua origem chinesa. Feito a partir do Jiangling Yusheng S330 o modelo herda a traseira “inspirada” no Range Rover Evoque, com linhas horizontais, lanternas afiladas e vidro estreito. A lateral também tem linhas vindas do SUV britânico.
Traseira do Ford lembra o Range Rover Evoque, herança do irmão chinês S330
Celso Tavares/G1
A dianteira é o ângulo de maior personalidade no Ford, com capô alto e faróis ligados à grade, que tem acabamento preto brilhante. A luz diurna em LED fica no para-choque, acima dos faróis de neblina.
Por outro lado, o Compass tem desenho mais original e que caiu no gosto do consumidor brasileiro, e garantiu meses como o SUV mais vendido do país, mas que já perdeu o ar de novidade e começa a cansar. O modelo é o mesmo desde que foi lançado, em 2016.
Compass tem personalidade, mas desenho é o mesmo há 4 anos
Guilherme Fontana/G1
Por dentro, o Territory reforça que deveria estar um degrau acima do rival. O painel mistura materiais emborrachados, couro com costuras aparentes e um plástico que imita madeira, além de apliques em preto brilhante e aço escovado.
A iluminação ambiente de LED no painel e nas portas tem 7 opções de cores, mas fica automaticamente vermelha assim que uma porta é aberta, como forma de alerta.
A versão Titanium é sempre oferecida com revestimento interno na cor bege, que dá maior refinamento e amplitude visual. Os bancos são bonitos, confortáveis e têm partes perfuradas para aquecimento/refrigeração.
Interior do Ford Territory
Celso Tavares/G1
Três pontos podem melhorar: a alavanca do câmbio tem desenho antiquado, acabamento simplório e funcionamento grosseiro; os direcionadores das saídas de ar parecem frágeis no manuseio; e o ajuste de altura dos faróis fica muito escondido, à direita, abaixo do volante (note a luz azul na foto acima) – foi visto a noite, por um passageiro do banco traseiro, já que fica fora do campo de visão do motorista.
O Compass também utiliza materiais emborrachados no painel, com acabamento cuidadoso e boa montagem, mas tem visual mais sóbrio e simples. Os bancos são confortáveis e bonitos. Na linha 2021, a versão Limited ganhou a opção de revestimento em couro marrom, além da cinza já disponível.
Interior do Jeep Compass
Divulgação/Jeep
Conclusão: níveis diferentes
Este é um comparativo estranho e injusto para ambas as partes, mas precisou ser feito, afinal, a Ford apresentou o Compass como o principal concorrente do Territory. Porém, algumas considerações precisam ser feitas.
Superior ao Compass em acabamento, equipamentos, mecânica e espaço, o Territory é, sem dúvidas, o melhor entre os dois, e por isso cobra mais caro. Vale considerar, porém, que o Ford está em um nível acima. Os dois são SUVs médios, mas em níveis diferentes.
Sendo assim, se você está de olho em um Compass, mas tem dinheiro sobrando para completar e chegar ao Territory, vá sem medo. Se não há reservas, fique com o Jeep, também um excelente produto, cheio de qualidades e que justifica seus valores mais “baixos”.
Veja mais fotos do novo Ford Territory
Ford Territory
Celso Tavares/G1
Ford Territory
Celso Tavares/G1
Ford Territory
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Ford Territory
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Ford Territory
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Ford Territory
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Ford Territory
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Ajuste de altura dos faróis do Ford Territory fica “escondido”
Celso Tavares/G1



Fonte: Auto Esporte