BYD anuncia fim de contrato com construtora e cria comitê para acompanhar obras em Camaçari


A BYD anunciou nesta quinta-feira, 16, que encerrou oficialmente o contrato com a construtora chinesa Jinjiang após o resgate de 163 trabalhadores que trabalhavam em condições análogas à de escravos na obra da fábrica de Camaçari (BA) no final de 2024.  

Foi contratada uma construtora  brasileira que será responsável pelos ajustes exigidos pelo Ministério do Trabalho, visando à suspensão dos embargos parciais na obra. O nome da construtora e o plano de ação serão divulgados nos próximos dias.

Como parte dos ajustes, a empresa afirmou que todos os trabalhadores das construtoras contratadas para a obra almoçam no refeitório e recebem as refeições de acordo com as regras trabalhistas. O espaço é o mesmo usado pelos colaboradores da BYD em Camaçari.

“Na audiência com as autoridades no último dia 07 de janeiro, foram apresentadas diversas medidas tomadas pela BYD. O contrato com a Jinjiang já foi rescindido e todos os trabalhadores mencionados na notificação de 23 de dezembro retornaram à China. A Jinjiang informou que realizou o pagamento de todas as verbas rescisórias, de acordo com as exigências das autoridades brasileiras”, afirmou a companhia em nota. 

Criação de comitê de compliance

A empresa também comunicou que criou um comitê de compliance para acompanhar a obra da nova fábrica, que está prevista começar a montagem dos veículos ainda em 2025. Ele é formado por representantes da empresa, escritórios de advocacia, especialistas em direito trabalhista e segurança do trabalho, além de um consultor independente, que estão se reunindo periodicamente para acompanhamento e cumprimento da legislação brasileira.

Saiba mais sobre o caso

No último dia 23 de dezembro, o Ministério Público do Trabalho  da Bahia realizou uma operação para resgatar 163 operários que trabalhavam em condições análogas à de escravos na obra da montadora. Também foram interditados alojamentos e trechos do canteiro de obras.

Os alojamentos onde os trabalhadores dormiam tinham graves problemas de estrutura. Havia somente um banheiro para cada 31 funcionários, o que os obrigava a acordar 4h para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30. Além disso, eles não eram separados por sexo, não possuíam assentos sanitários adequados e apresentavam condições precárias de higiene. A ausência de local apropriado para lavagem de roupas levava os trabalhadores a utilizar os próprios banheiros para esta finalidade.

Em um dos quartos, ocupado por uma cozinheira, foram encontradas panelas com alimentos preparados deixadas abertas no chão, expostas a sujeira e sem refrigeração, para serem servidas no dia seguinte. Os trabalhadores consumiam água diretamente da torneira, sem tratamento, inclusive levando-a em garrafas para o local de trabalho.



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