Avaliação: Toyota Yaris Cross é um SUV compacto e híbrido candidato à fabricação nacional


Pegue um Toyota Yaris, deixe-o mais alto e com mais espaço, adicione um porta-malas de 400 litros e, se desejar, até tração nas quatro rodas. Eis que nasce o Toyota Yaris Cross, que, assim como o recém-lançado Toyota Corolla Cross (leia avaliação), faz questão de deixar claro seu modelo de origem – com o qual compartilha o trem de força híbrido e a robusta plataforma TNGA-B, usada em outros modelos compactos da marca (e que, embora não esteja hoje no Yaris brasileiro/tailandês, deve estar na próxima geração: a plataforma TNGA “normal”, um pouco maior e mais sofisticada, já está no Corolla/Corolla Cross que são fabricados aqui hoje).

Personalidade forte

Comecemos com as carroceria: o Toyota Yaris Cross tem 4,18 m de comprimento, traços esportivos, laterais esculpidas, cintura alta, arcos de roda com a inevitável faixa plástica preta e vão do solo aumentado em 3 cm. Na dianteira, grade bipartida e nervuras no capô, com recortes laterais que escondem indicadores de direção e luzes diurnas (todos eles de LED). Em suma, uma personalidade distinta do resto da gama e, sobretudo, do modelo em que se inspira.

Toyota Corolla Cross
Os detalhes cromados nos para-choques dianteiro e traseiro são exclusivos das versões Adventure e Premiere – que ainda têm faróis Matrix LED, head-up display e muito mais

Nosso contato com o Toyota Yaris Cross começa nas ruas congestionadas de Bruxelas, na Bélgica, onde imediatamente noto uma coisa: o pequeno SUV japonês chama a atenção – porque vai ao encontro das necessidades e vontades do consumidor moderno, que procura um SUV de dimensões compactas, mas para uso familiar, com um interior espaçoso e um bagageiro digno. Ainda mais quando ele fica sabendo que consome pouquíssimo combustível. O trânsito de uma grande capital é justamente onde a motorização híbrida da Toyota mais se destaca, tanto em conforto quanto no consumo.

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A média declarada ultrapassa 23 km/l, mas até a superamos em nossos testes práticos, realizados posteriormente em Turim, Itália, e arredores, marcando 25,6 km/l na cidade, 20,7 na estrada (limite de 90 km/h) e 15,1 km/l rodovias (130 km/h). As arrancadas elétricas são sempre delicadas e o trabalho do câmbio automático e-CVT é muito fluido, com zero ruído e vibrações. Graças à ajuda elétrica, alimentada pela bateria de íons de lítio, o moderno 1.5 a combustão de 92 cv com injeção direta e indireta trabalha menos, e isso ajuda tanto no prazer de dirigir quanto no consumo.

Mas é claro que, quando se pede máxima aceleração ou em subidas mais fortes, para entregar os 116 cv totais do sistema (0-100 km/h em 11s3), é inevitável que o motor aspirado de três cilindros comece a “gritar”, com uma tonalidade constante. O segredo é dosar o pé direito. A mecânica aqui seria igual: embora não se possa descartar a possibilidade de ter o mesmo conjunto 1.8 híbrido flex “já pronto” do Corolla/Corolla Cross, seria meio exagerado para este Yaris Cross – e o híbrido 1.5 gasta menos, obviamente.

Já a vida a bordo é relaxante: a posição de dirigir mais alta permite uma melhor visão da estrada, e os assentos, bem perfilados e acolchoados, oferecem muito conforto. Bom, porque o trânsito não dá alívio. Parado, tenho a oportunidade de analisar melhor o interior: como no Yaris (o Europeu), tudo está à mão, do ar-condicionado à tela sensível ao toque de 9”. E também agrada ao olhar, com tecidos recobrindo o painel da porta – mas, se você colocar a ponta dos dedos aqui e ali, percebe a presença massiva de plásticos rígidos, nova regra do segmento.

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Livre do trânsito urbano, finalmente posso acelerar mais forte. Mais uma vez, o Yaris vem à mente. Apesar da altura aumentada, a rigidez da carroceria e o bom feedback da direção são iguais, com um comportamento muito agradável nas curvas, ajudado também pelo conjunto mais macio. Pena que não se pode intervir na transmissão: não há aletas no volante e nem a possibilidade de optar pelo modo manual para selecionar as marchas.

Toyota Yaris Cross

Integral, mas a bateria

Um trunfo extra do Toyota Yaris Cross está na opção com tração nas quatro rodas, o que o torna hoje o único híbrido 4×4 do segmento na Europa. A tecnologia é chamada de AWD-i, porque não usa uma transmissão tradicional, mas um segundo motor elétrico, posicionado na traseira, para fornecer tração ao eixo posterior – integrado ao redutor e ao diferencial, em uma prática já difundida na Toyota há tempos (o RAV4 tem — leia avaliação; o Corolla Cross, não). Se as rodas dianteiras derraparem em superfícies de baixa aderência, então as traseiras entram em ação na partida e em baixas velocidades. Tudo sem a necessidade de eixos de transmissão, diferenciais, etc. Além disso, há diferentes modos de direção, que podem ser escolhidos conforme o terreno.

Será que ele vem?

O Toyota Yaris Cross ainda não foi 100% confirmado para o Brasil. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, Masahiro Inoue, presidente da montadora para a América Latina e o Caribe, afirmou apenas que “teremos um carro pequeno com tecnologia híbrido flex”, e também que “em países como o Brasil, não é possível ter estrutura ampla de carregamento das baterias, por isso a aposta no híbrido flex”. Uma visão diferente da vista na Fiat e outras, que, como vimos nas páginas anteriores, apostam em elétricos por aqui, a despeito da falta de estrutura. Certamente o Toyota com maior potencial seria este Yaris, e não o hatch, trazendo a vantagem da eletrificação para o segmento de SUVs compactos – onde a Toyota enfim poderia estrear depois de tanto tempo de inércia. Antes tarde do que nunca, não é? E, para compensar o atraso, nada como oferecer algo a mais do que a concorrência. Certamente iria vender bem.Toyota Yaris Cross

Toyota Yaris Cross 1.5H E-CVT Premiere

Preço básico (estimado)R$ 120.000
Carro avaliado (estimado) R$ 140.000

Motor: três cilindros em linha 1.5, 12V, duplo comando continuamente variável, injeção direta e indireta Cilindrada: 1490 cm3
Combustível: gasolina e bateria (híbrido em série, paralelo)
Potência: 92 cv a 5.500 rpm + 80 cv
Torque: 12,2 kgfm de 3.600 a 4.800 rpm + 14,5 kgfm
Câmbio: automático continuamente variável (CVT)
Direção: elétrica
Suspensões: MacPherson (d) e eixo de torção (t)
Freios: disco ventilado (d) e disco sólido (t)
Tração: dianteira (opção 4×4 com motor adicional traseiro)
Dimensões: 4,18 m (c), 1,765 m (l), 1,56 m (a)
Entre-eixos: 2,56 m
Pneus: 215/50 R18
Porta-malas: 397 litros
Tanque: 36 litros Peso: 1.290 kg
0-100 km/h: 11s3
Velocidade máxima: 177,3 km/h
Consumo cidade: 25,6 km/l**
Consumo estrada: 20,7 km/l** (limite de 90 km/h) e 15,1 km/l** (limite de 130 km/h)
Emissão de CO2: 98g/km*
Consumo nota: A**
Nota do Inmetro: A*
Classificação na categoria: A (SUV Compacto)*

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Fonte: Motor Show