Ainda raro nas ruas brasileiras, como é dirigir o Nissan Leaf, o elétrico mais vendido do planeta – MinutoMotor


A eletrificação não é futuro é realidade da indústria automotiva global e os híbridos e elétricos dominam a pauta mundial de lançamentos de veículos. Curiosamente, o primeiro automóvel 100% elétrico a ser oferecido em larga escala no mundo é até hoje o elétrico mais vendido do planeta: o Nissan Leaf. Lançado em 2010 e com a segunda geração apresentada em 2017, o modelo já teve mais de 500 mil unidades comercializadas em mais de 50 países. Na primeira geração, o Leaf chegou a circular em frotas de táxis no Rio de Janeiro e em São Paulo de 2013 a 2016, sem oferta para o público. Há dois anos, a segunda geração do hatch elétrico importado da Inglaterra passou a ser vendida no mercado nacional. Atualmente, é oferecido por R$ 277.900, em versão única. O valor inclui um cabo de recarga e um adaptador para plug do tipo 2 – o mais utilizado em outros modelos elétricos e híbridos plug-in vendidos no Brasil. Mas quais suas principais características e como é dirigir o elétrico da Nissan, que em dois anos emplacou quase 200 unidades no País.

Experiência a bordo – O interior do Leaf de segunda geração apresenta o painel frontal com forma de “asa planadora” (Gliding Wing). O recurso estilístico se expandiu para outros modelos da marca e, o que era inovador em 2017, parece agora um tanto “déjà vu”. Detalhes em azul claro aparecem nos pespontos dos bancos, do painel e do volante. O display colorido de 8 polegadas com tela de TFT dá acesso às principais funções, como o indicador de energia disponível e informações sobre os sistemas de GPS e áudio. Como é comum nos veículos elétricos, os grafismos dos mostradores do consumo energético “sugestionam” o motorista a dirigir da forma mais econômica e poupar as baterias.

Em termos de espaço interno, o Leaf se equivale a um hatch médio convencional. No banco traseiro, dois passageiros viajam bem – o alto túnel central não recomenda a presença de um terceiro adulto. A central multimídia A-IVI tem tela colorida sensível ao toque de 8 polegadas, que permite o uso de aplicativos como Waze, Spotify, Deezer, Google Maps, WhatsApp, Apple CarPlay e Android Auto. Com o Door-To-Door instalado em um smartphone, pode-se inserir um destino no GPS antes mesmo de se entrar no veículo. Quando o motorista senta em seu banco, telefone e central sincronizam e traçam automaticamente a rota. Uma característica dos elétricos é o silêncio. O motor é quase inaudível e os ruídos são apenas os aerodinâmicos e de rodagem. Na linha 2021 do Leaf, que acaba de ser apresentada na Europa, a novidade é a inclusão do “Acoustic Vehicle Alerting System” (AVAS). Denominado pela marca como “Canto”, o equipamento utiliza vários tipos de som de segurança para indicar se o automóvel está sedo acelerado, desacelerado, freado ou dando marcha a ré. Não se sabe se o “Canto” estará nos próximos lotes do Leaf que chegarão ao Brasil.

Impressões ao dirigir – Segundo a Nissan, o conjunto de baterias de íons de lítio de 40 kWh do Leaf oferece autonomia de 272 quilômetros no ciclo americano EPA (Environmental Protection Agency), composto aproximadamente por 50% em tráfego urbano e 50% em estrada. Para quem não mora em uma casa e não tem a possibilidade de carregar o carro durante a noite – apenas os mais modernos e sofisticados edifícios brasileiros já oferecem sistemas de carregamento –, a possibilidade de ficar sem energia no meio do caminho gera uma certa preocupação. Fazer viagens mais longas com um elétrico requer planejamento, já que o tempo de recarga normalmente é longo e as possibilidades de recarregar no caminho podem não ser tantas. Em tomadas aterradas de 110V e 220V, com o cabo que acompanha o veículo, o carregamento completo da bateria do Leaf demora cerca de vinte horas. No wall box, que é vendido à parte e pode ser instalado na casa do proprietário, o processo leva cerca de oito horas. Em postos de carregamento rápido (50 kWh), ainda raros no Brasil, a carga total pode feita em menos de uma hora. Contudo, reabastecer apenas em postos de carga rápida pode sobrecarregar a bateria e diminuir sua vida útil.

Em trajetos rodoviários, nos quais os recursos de regeneração de energia se tornam menos eficientes, a autonomia cai mais rápido. Nas descidas de serra, o modo “B” segura o carro como se ele estivesse engrenado e aumenta a regeneração energética. O torque máximo de 32,6 kgfm está 90% disponível em apenas um décimo de segundo, algo que se traduz em respostas sempre espertas ao acelerador. Nas saídas de semáforos, é fácil arrancar mais rápido do que nos modelos com motor a combustão. Acima dos 100 km/h, o elétrico com potência equivalente a 149 cavalos (110 kW) passa a disponibilizar retomadas de velocidade mais comedidas – comportamento comum nos veículos elétricos. A velocidade máxima, de acordo com a Nissan, é de 144 km/h. As baterias instaladas no assoalho favorecem o baixo centro de gravidade, o que contribui para uma boa estabilidade em trechos sinuosos.

Os três modos de condução podem ser selecionados em uma alavanca no console. O “D” é o modo de operação normal, com a potência máxima do motor. O “Eco” limita o desempenho e ajuda a economizar energia. E o “B” usa uma frenagem regenerativa mais potente, para recarregar com mais eficiência a bateria, sem comprometer a potência. Ao acionar a tecla do e-Pedal, o motorista pode utilizar somente o acelerador para avançar, desacelerar e parar o carro. Soltando lentamente esse pedal, o carro para de forma gradual e suave, sem necessidade de usar o freio. Ao soltar o pedal rápido, a frenagem é imediata e a luz do freio é acionada automaticamente – se houver necessidade de frenagem de emergência, o pedal de freio funciona normalmente. Eliminando a necessidade de mover o pé do acelerador para o de freio para reduzir a velocidade ou parar o veículo completamente, o e-Pedal diminui expressivamente o estresse ao se dirigir.

Texto: Luiz Humberto Monteiro Pereira / AutoMotrix
Fotos: Luiza Kreitlon / AutoMotrix

Ficha Técnica
Nissan Leaf

Motor: elétrico com 110 kW
Potência: 149 cavalos a 9.795 rpm
Torque: 32,6 kgfm a 3.283 rpm
Tipo de bateria: íons de lítio laminada de 40 kWh
Transmissão: automática, uma marcha
Tração: dianteira
Suspensão: dianteira independente tipo MacPherson com barra estabilizadora e traseira por eixo de torção com barra estabilizadora
Freios: disco dianteiros e traseiros ventilados
Direção: elétrica com assistência variável
Dimensões: 4,48 metros de comprimento, 1,79 metro de largura, 1,56 metro de altura e 2,70 metros de distância de entre-eixos
Altura livre do solo: 15,5 centímetros
Rodas e pneus: liga leve 17 polegadas e 215/50 R17
Porta-malas: 435 litros
Preço: R$ 277.900



Fonte: R7