No Rio, Cais do Valongo amanhece alagado após novo problema nas bombas de drenagem


O sítio arqueológico do Cais do Valongo, na Zona Portuária do Rio, amanheceu alagado nesta sexta-feira por conta de um problema nas bombas que drenam a água para manter o lençol freático rebaixado no local. A causa foi confirmada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp), que já acionou a empresa responsável pela manutenção dos equipamentos. O Cais do Valongo é Patrimônio Mundial da Unesco e considerado um importante marco da escravidão. Por conta da paralisação dos garis nos últimos dias, que deixaram de recolher o lixo na cidade, uma grande quantidade de detritos também foi vista dentro do Cais após o alagamento.

Sem processo ou arquivamento: Em um ano, 7 denúncias na Câmara e nenhum processo contra Gabriel Monteiro

De acordo com a Cdurp, esses detritos foram carregados pela chuva e acabaram entrando na área das bombas e travando o funcionamento delas. Por volta das 14h, a água começou a escoar. O trabalho deve ser concluído até o fim da tarde. Uma equipe da Comlurb também atua no local. Essa não é a primeira vez que o local é inundado por conta de problemas nas bombas. Há cerca de um ano, em 5 de abril do ano passado, um grande espelho d’água se formou encobrindo quase que totalmente o patrimônio. Em julho de 2020, ocorreu outro episódio.

Paralisação dos garis fez com que, além da água, sítio arqueológico ficasse também cheio de lixo
Paralisação dos garis fez com que, além da água, sítio arqueológico ficasse também cheio de lixo Foto: Gabriel de Paiva / Agência O Globo

Ainda segundo o órgão, o Cais do Valongo fica abaixo do nível do lençol freático e, por essa razão, o trabalho de drenagem precisa ser constante.

Após drenagem do alagamento e limpeza, a equipe técnica do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) vai ao local para verificar as condições do sítio arqueológico e averiguar se houve dano ao monumento. Em nota, o instituto reforça “a necessidade de implementar, a longo prazo, a sustentabilidade do Patrimônio Cultural para que o uso dos bens culturais se integre ao dia a dia da sociedade.

O instituto também pretende criar um protocolo mais eficaz de controle e gestão do sítio arqueológico, a médio e longo prazo, firmado em diálogo com instituições envolvidas da gestão do bem cultural, como a Prefeitura do Rio, a Cdurp, o Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).

Na mesma região, o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE), na Rua Sacadura Cabral, enfrentou problemas por conta da chuva. O Centro de Tratamento Intensivo (CTI) pediátrico teve que ser interditado após parte do teto do depósito ceder. Os pacientes foram transferidos para outro andar. Uma cachoeira foi formada na escada pelo grande volume de água. Ninguém ficou ferido. Em nota, a direção do hospital afirma que foi iniciado um plano de contingência para controle de danos e para preservar a integridade dos pacientes e da equipe envolvida.

Humor no sufoco: Passageira que viralizou na internet durante greve dos ônibus nunca voou e quer conhecer cantor do hit ‘Então viaja de avião’

Linhas tortas: Entenda a disputa entre a prefeitura e os empresários de ônibus no sistema BRT

Cais do Valongo é Patrimônio Mundial da Unesco

O Cais do Valongo está na lista de 21 bens culturais e naturais que são patrimônio mundial no Brasil, como o Centro Histórico de Olinda, em Pernambuco, a cidade de Ouro Preto, em Minas, e o Plano Piloto de Brasília. O Cais foi descoberto em 2011, durante obras de revitalização.

Em 2017, o principal porto de entrada de africanos escravizados nas Américas ganhou o título de Patrimônio Mundial da Unesco. A região representa o sofrimento dos escravos que foram tirados à força de suas terras para uma vida de trabalhos forçados e degradação. Esstima-se que mais de quatro milhões de africanos foram escravizados no Brasil.

Paralisação: Greve dos garis é suspensa após chuva forte no Rio

O monumento integra a lista dos 11 sítios considerados sensíveis, que remetem a episódios traumáticos e dolorosos da História, como Hiroshima, no Japão, Auschwitz, na Polônia, e Robben Island, na África do Sul, onde Nelson Mandela ficou preso. A área é considerada por historiadores como a principal porta de entrada dos escravos no continente para depois serem vendidos nos mercados pela cidade.

Whatsapp



Fonte: G1