RIO — A greve dos garis continua na cidade do Rio. A categoria decidiu, em assembleia realizada nesta quinta-feira (31), rejeitar novamente o acordo proposto no Tribunal Regional do Trabalho e seguir com a paralisação, que teve início na segunda-feira (28). O plano de contingência divulgado pela Comlurb envolve a contratação de mão de obra temporária durante a greve. A companhia analisa, também, as medidas cabíveis contra aqueles que promoveram algum tipo de agressão, ameaças, danos ao patrimônio.
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O sindicato já havia solicitado, ontem, urgência ao TRT no julgamento da legalidade da greve. Segundo a presidente do TRT, a desembargadora Edith Maria Corrêa Tourinho, não há previsão de que isso aconteça nos próximos dias. Já há, no entanto, uma liminar que considera o movimento ilegal e estabeleceu uma multa diária de R$ 200 mil contra o sindicato em caso de descumprimento.
Nas ruas da cidade, é possível ver diversos pontos de acúmulo de lixo. Sem uniforme da Comlurb, alguns garis recolhiam o lixo acumulado na Avenida Marechal Floriano, no Centro. Na Rua Bolívar, em Copacabana, sacos de lixo, pedaços de madeira e caixas de papelão se amontoavam próximo a um poste de luz.
No entanto, apesar dos visíveis efeitos da greve no acúmulo e mau cheiro em diversas regiões do Rio, o prefeito Eduardo Paes disse ao EXTRA, nesta quarta-feira (30), que a coleta está em “100% da cidade”. “Tem um atraso aqui ou acolá por causa de baderneiros fazendo piquete”, escreveu o prefeito.
Além disso, mantém seu plano de contingência para minimizar os prejuízos à população. Entre as ações que fazem parte deste plano estão a mudança no ponto de saída dos caminhões e dos garis, a otimização dos roteiros de coleta, o uso de escolta para proteger os trabalhadores e o patrimônio público com o apoio da Guarda Municipal (GM) e Polícia Militar (PM), e a contratação de mão de obra temporária terceirizada. “A Companhia pede a colaboração da população neste período para manter a cidade limpa, respeitando dia e horário da coleta e descartando corretamente o lixo”, diz a nota.
Na Zona Norte do Rio, condomínios e prédios já preparam o orçamento para a contratação de serviço privado de coleta. O síndico Marcelo Cris relata que precisou juntar a demanda do condomínio que gerencia com um outro condomínio vizinho. Segundo ele, já são 7 mil quilos de lixo acumulado.
— Vamos gastar R$500 para tirar esse lixo, o que não é muito se for só dessa vez. Mas imagina esse custo duas ou três vezes na semana? — diz Marcelo.
Depois de negar a proposta de reajuste salarial apresentada na audiência realizada ontem no TRT, a categoria, que reivindica 25% de aumento, foi convocada pelo Sindicato dos Empregados de Empresas de Asseio e Conservação do Município do Rio de Janeiro (Siemaco-Rio) para a nova assembleia. De acordo com o sindicato, a pauta do acordo sugerido na audiência incluia os seguintes pontos:
- A Comlurb manteria benefícios e cláusulas sociais já existentes no Acordo Coletivo;
- Reajuste salarial de 6% agora (março), 2% em agosto e cerca de 2% (de acordo com o reajuste do Município) em novembro;
- Reajuste de 3% no tíquete alimentação;
- Adicional de Insalubridade para APAs em 20% retroativo a janeiro 2022;
- Conclusão do PCCS, retroativo a janeiro de 2022;
- Compensação dos 3 dias de greve, sem qualquer desconto;
- Pagamento de PLR.
O impacto anual do primeiro reajuste gira em torno dos R $300 milhões aos cofres da Comlurb. A segunda parcela viria do adiantamento de um reajuste da correção inflacionária, que deve ser dado em novembro a todo funcionalismo público. A projeção atual da prefeitura é que esse aumento seja em torno de 4% a todos os servidores, o que refletiria num aumento total de 10% para os trabalhadores da Comlurb.
Na manhã desta quarta-feira, em suas redes sociais, Paes publicou uma série de fotos e vídeos que mostram a ação de vândalos espalhando lixo pelas ruas e impedindo que caminhões da Comlurb fizessem a coleta. Paes atribuiu a ação a pessoas ligadas a partidos políticos.
Em uma das publicações, Paes colocou uma foto em que o ex-vereador Babá (PSOL) aparece junto com os grevistas. O político foi detido na manhã de anteontem por guardas municipais quando, junto com um grupo, abordava garis nas ruas do Méier, na Zona Norte do Rio. O ex-vereador e o grupo foram levados para a 23ª DP (Méier).
Fonte: G1