Há quatro meses, Cesar de Jesus Amorim, de 42 anos, não pode voltar para sua casa, em Belford Roxo. O pedreiro foi erroneamente apontado como suspeito de um estupro pelas redes sociais e relata ter recebido ameaças. O crime aconteceu no centro de Belford Roxo no dia 13 de abril deste ano.
Uma jovem de 22 anos foi assaltada, rendida e violentada na Rua José Marques durante a noite. O criminoso a obrigou a acompanhá-lo até um terreno baldio. Imagens de câmeras de segurança flagraram o momento em que a vítima é rendida pelo homem, que estava armado, na rua deserta e em seguida mostram ele correndo pela rua. Os vídeos foram divulgados nas redes sociais.

Logo que as imagens foram publicadas, Cesar de Jesus Amorim foi apontado como suspeito pela suposta semelhança com o criminoso. Ele chegou a ser investigado pela polícia. Mas mesmo agora, que o verdadeiro criminoso já está preso, Cesar tem sofrido ameaças e tem medo de voltar para sua casa.
— Na época chegaram algumas mensagens no telefone da minha esposa falando do crime e dizendo “É o César! Pessoal está falando nas redes sociais que é o César”. Aquela imagem foi divulgada e disseram que parecia comigo — lembra.
Na semana passada, mesmo tendo mudado de cidade, ele chegou a ser ameaçado de morte na rua, e agora tem receio de voltar.
— Um homem disse que tinha certeza que eu era o criminoso, que eu tinha cometido o estupro. Eu falei que não era eu, e ele me mandou calar a boca. Ele já estava com a mão no gatilho. Ele disse que estava me caçando e que se a justiça não fosse feita, ele faria — conta.
Nesse momento, segundo ele, passou uma viatura e ele pediu ajuda. Depois desse episódio, Cesar foi às redes sociais pedir para que as pessoas parem de associá-lo ao crime que ele não cometeu.
— Precisei fazer aquele vídeo porque muitas pessoas que me conhecem ficaram assustadas perguntando por que eu estou sumido. Eu fiquei apreensivo porque ninguém sabia que esse cara tinha sido preso, e eu poderia ter sido linchado por outras pessoas que me comparassem com a imagem. O vídeo era escuro, nem tinha como as pessoas fazerem a identificação de que era eu na imagem.

Ele conta que no dia 21 de abril foi chamado na DEAM de Belford Roxo para prestar depoimento, e que chegou a doar material genético para confrontar com as provas do crime. De acordo com o comissário Ribeiro, da DEAM de Belford Roxo, a prisão do verdadeiro suspeito foi registrada pela 62ªDP, quando ele cometeu o mesmo crime em Duque de Caxias, e foi pego em flagrante por policiais militares, segundo a polícia, no dia 7 de maio. Familiares do próprio criminoso que teriam ajudado a identificá-lo. O advogado da vítima do crime de Belford Roxo, Denis Venâncio, também confirmou que o verdadeiro suspeito está preso e já foi denunciado pelo Ministério Público. Ele já respondeu a vários processos na Justiça por roubo.
— Ser ligado a uma situação como essa mudou minha vida totalmente. Tivemos que sair do local que morávamos, tenho medo de andar na rua porque as pessoas poderiam me confundir. Minha filha teve que sair da escola, passou por problemas emocionais também. E tem a questão também de ser tachado de um crime tão horrível e passar pelos julgamentos das pessoas — lamenta o pedreiro.
No vídeo divulgado em seu Facebook no último sábado, Cesar exibe os termos de declarações prestadas na delegacia, e faz um apelo:
— Por favor, nos ajude a divulgar esse vídeo para que a justiça que já foi feita não se torne injustiça para uma pessoa que foi comparada a um criminoso por parecer com ele — diz.
Fonte: Fonte: Jornal Extra