Telescópio espacial Hubble parou de funcionar


Nasa tenta corrigir defeito em computador feito na década de 1980

Maravilhas: Estrelas nascendo na nebulosa da Águia

O telescópio espacial Hubble sofreu uma pane em seu computador, 31 anos depois de entrar em órbita. O instrumento, que revolucionou a astronomia ao produzir imagens de uma nitidez incomparável esta flutuando em sua órbita, enquanto os engenheiros da agência espacial americana Nasa tentam resolver o problema por controle remoto. Lançado ao espaço no dia 25 de abril de 1990, o Hubble foi consertado várias vezes pelos astronautas do ônibus espacial. Com a aposentadoria dos ônibus espaciais em 2011 não é mais possível enviar astronautas para esse tipo de serviço. E agora tudo tem que ser feito por telemetria.

Inicialmente a equipe de controle suspeitou de que se tratava de uma degradação dos módulos de memória que começaram a apresentar erros. Mas depois de vários testes a Nasa suspeita que o problema seja no processador central ou na sua conexão com a interface do equipamento. Novos testes serão feitos nos próximos dias. O telescópio espacial foi construído na década de 1980 e seus computadores são daquela época, o que dificulta o trabalho. Aqui na Terra ninguém mais usa os computadores de 1980.

Se o defeito for irreparável o Hubble ainda tem um computador de reserva, que se encontra atualmente desligado. Esse computador reserva foi instalado em 2009, durante a última vez que os astronautas estiveram no telescópio, fazendo reparos em órbita. Acontece que esse computador nunca foi ativado desde a sua instalação, e ninguém pode garantir que ele vai funcionar depois de ficar parado por doze anos. A Nasa sabia que o Hubble não ia durar para sempre e já tem um novo telescópio espacial, o James Webb pronto para ser enviado ao espaço.

Pelos planos iniciais o James Webb deveria ter sido lançado no início deste ano. Mas a pandemia e problemas com o foguete lançador adiaram a missão para outubro. Ao contrário do Hubble, que fica em órbita baixa, a 400 quilômetros de altura, o James Webb será estacionado num dos pontos de Lagrange, onde as gravidades da Terra, da Lua e do Sol criam um ponto de equilíbrio. Mais potente do que o Hubble, o James Webb será levado ao espaço por um foguete Ariane 5, disparado da base europeia em Kourou na Guiana Francesa. Infelizmente o Ariane também apresentou alguns problemas técnicos o que talvez force um adiamento da missão para novembro ou dezembro deste ano.

Mesmo que pare de funcionar definitivamente, o Hubble foi um dos grandes triunfos da era espacial. Quando foi colocado em órbita, pelos astronautas do ônibus espacial Discovery, em 1990, o Hubble apresentou problemas logo de saída. Os astrônomos descobriram que o telescópio estava míope, devido a um defeito na curvatura do seu espelho principal. As imagens pareciam desfocadas e como qualquer pessoa com miopia, o Hubble precisa usar óculos. As lentes corretoras foram levadas pelos astronautas do ônibus espacial Endeavour, que instalaram o equipamento em 1993. Consertado o Hubble revelou as maravilhas do universo. Nebulosas onde novas estrelas estão se formando, galáxias que parecem obras de arte e tempestades nas nuvens de Júpiter e Saturno. A foto mais famosa do Hubble, reproduzida em jornais e revistas do mundo inteiro foram os “Pilares da criação”. Uma região da nebulosa da Águia onde novas estrelas estão se formando. O Hubble também tem ajudado a rastrear os estranhos objetos que entram no sistema solar vindos do espaço interestelar. Como um super-cometa que vai passar perto de Saturno.

 

Jorge Luiz Calife

 

 



Fonte: Diário do Vale